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Charge de Aroeira |
A mais nova brincadeirinha dos dois gestores mais famosos do Rio - Eduardo Paes e Sérgio Cabral - é um jogo imobiliário que propaga seus feitos e a forma com que esses garotos enxergam a Administração Pública.
Segundo o jornal O Globo, a fabricante de brinquedos "Estrela criou versão Cidade Olímpica do jogo [Banco Imobiliário], que destaca obras recentes. Vinte mil exemplares serão distribuídos nas escolas; MP vai analisar o caso."
Em nota o SEPE (Sindicato dos Profissionais de Educação do ERJ), "repudia o uso de dinheiro público por parte da prefeitura do Rio de Janeiro na compra e distribuição de milhares de kits do jogo "Banco Imobiliário - Cidade Olímpica", que está sendo distribuído nas escolas da rede municipal."
O jornal O Dia, em matéria intitulada "Professores, especialistas e entidades mostram que jogo de Paes não foi boa ideia", realça características comprometedoras do jogo: "o fato de que a brincadeira com crianças pode trazer visões equivocadas sobre a realidade. Uma delas é a punição para o jogador que cair com o peão na casa “doação para projeto social”. Neste caso, $ 200.000 são descontados do participante na rodada." A mesma matéria informa que a prefeitura liberou o uso da marca Cidade Olímpica para a Estrela e, "como achou o produto interessante, encomendou 20 mil Bancos Imobiliários para os estudantes da rede. Além da cessão do uso da imagem, o município pagou R$ 1.050.748 pelos jogos." Segundo o jornal O Globo, "O Banco Imobiliário Cidade Olímpica só deve chegar às lojas em maio e o preço sugerido pelo fabricante varia entre R$ 89 e R$ 99."
Raquel Rolnik, que é urbanista, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e relatora especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada, destaca em seu blogue o que abaixo transcrevemos:
Nesta nova edição do jogo – que existe há décadas – em vez de comprar imóveis em importantes ruas e avenidas da cidade, o jogador investe em pontos turísticos tradicionais – como os Arcos da Lapa, Copacabana e o Corcovado, mas também nas novas “marcas” da Rio Cidade Olímpica : o Porto Maravilha, a Clínica da Família, o Bairro Carioca, os BRTS (vias expressas de ônibus) , o Museu de Arte do Rio, o Museu da Imagem e do Som etc. Nas cartas de sorte ou revés, que definem ganhos ou perdas no patrimônio dos jogadores, há pérolas como “Seu imóvel foi valorizado com a pacificação da comunidade vizinha. Receba R$ 75 mil.”.
[...]acho um perigo que a crítica seja centrada nestes pontos, reforçando a ideia de que o grande problema é a prefeitura ter gasto 1 milhão de reais para comprar o jogo e encobrindo o verdadeiro escândalo – onde são gastos – e privatizados! – muito mais recursos públicos, que é a própria natureza do que está em jogo com a operação Cidade Olímpica.Explicando: a questão fundamental é como o jogo explicita, banaliza e até mesmo transforma em algo positivo a vinculação das ações da prefeitura com os processos de valorização imobiliária e de mercantilização da cidade. As perguntas que não querem calar são: qual a natureza das intervenções em curso? Em que medida elas vão diminuir as desigualdades e promover a inclusão socioterritorial no Rio de Janeiro? Quem ganha e quem perde com essas transformações? No jogo, Estrela e Prefeitura candidamente respondem com clareza a questão. Os efeitos são positivos quando provocam valorização: no mundo da financeirização da produção da cidade, este é o valor que importa. [Negrito do Blog O Vagalume]
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