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quarta-feira, 6 de julho de 2022

MIRACEMA: SOBRE ESSA IMENSA FAMÍLIA TOSTES E A SAUDADE DA CECÉIA, POR TEREZINHA TOSTES

O jornal cultural de Miracema, "Liberdade de Expressão", do mês de junho, está energizado, você quase sente vidas saudosas e vidas presentes interagindo ao ler. Pode parecer esforço de retórica, mas ao lê-lo vocês entenderão. Acesso aqui.

Dia desses publicamos uma postagem grande, do Logradouros de Miracema, sobre a Rua Cândido Dias Tostes, com longa informação genealógica. Por isso destaco a seguir o texto da Terezinha Tostes Lopes, na página 7 do jornal, edição citada. Bisneta do patrono da rua, com o falecimento da prima Cecéia, além de homenageá-la faz uma interessante recordação familiar. Espero ter entendido as "tenebrosas transações".


A passagem da Cecéia me forçou a uma meia-volta. Nos anos 60 nos encontrávamos assiduamente no Grupo Escolar Prudente de Moraes, principalmente quando me juntava ao Miltinho do Bute para aprontar alguma. Corria logo para perto da Cecéia que decidia com as seguintes palavras: "ninguém vai bater nela não, porque ela é pequenininha". Sempre fui pequenininha e encrencada. Tínhamos alguma proximidade familiar pelo Cândido Tostes, Tia Chica, Cícero, Erasmo. Minha memória afetiva me faz sentir uma ligação muito forte ao recordar minha mãe falando da fragilidade física da tia Chica. Era miudinha, comparada às demais irmãs. Não a conheci de olhos abertos, por isso fecho os meus para imaginar tia Chica em pé, mais ou menos ali onde sempre foi a casa do Senhor Botelho, pai do Tiara, da Guta, da Luzia e da Teresinha, próxima a uma fiel árvore, conversando amistosamente.
Depois vinha a história da Lubélia, a tia da Cecéia que diziam parecer muito com ela e que teve uma morte trágica em um desabamento de prédio na capital. Da Neném, avó da Cecéia, eu me lembro bem, ainda de luto pela morte do Cícero, seu esposo e mais um primo muito querido. Nas lembranças que eternizaram jamais esquecerei da Minha Professora, alfabetizadora que ocupa, depois de minha mãe, a missão terrena mais bonita em minha vida, Dona Nilcéia de Oliveira Tostes, que saudade de desenhar letrinhas pertinho do seu sorriso!
Mais tarde, quando me achava a “desbravadora” do mundo, um dia, em visita às minhas tias, vi na mesinha da sala um jornal simpático pelo seu justo tamanho. Pus-me a lê-lo envolvida pelo rostinho de Dona Ricarda, tão redondinho como a letrinha que me foi ensinada pela Dona Nilcéia. Bati os olhos na coluna do Erasmo, aí fui à loucura, ele contava casos da nossa terrinha com uma propriedade que me vi tão envolvida que passei a considerá-lo o nosso Guimarães Rosa. Comecei a correr atrás do jornal Liberdade de Expressão. Ia logo para a coluna do primo Erasmo para matar a saudade de um tempo que parecia se eternizar nas histórias ali nos deixadas, eu tinha vontade exagerada de saber dos "causos".
Cecéia se foi, foi levar notícias de cá, talvez nem tão boas, contará que por aqui apareceu uma tal pandemia que nos levou quase 700 mil pessoas, enquanto tinha, também, gente que ainda não acreditava que matava, tivemos a maior de todas as enchentes e que ficamos ainda mais pobres, porém com algumas incrédulas exceções. Que passamos dias e dias sem água, que a nossa praça Ary Parreiras anda bem diferente à espera da volta da nossa Prefeitura, do bar do Zebim, da loja do Dover, dos rapazes do Tiro de Guerra, da loja da Magaly, do nosso pique pega rodeando a matriz e o salão paroquial, da padaria do Garibalde, da Farmácia do Senhor Scylio, do laboratório e consultório dos Faver, da loja do Tetinho, do bar do primo Pernoca, até do açougue do Rony que se foi quase junto com você!
Pois é prima Cecéia, fala para o Erasmo que o Liberdade está de pé, com ausências doídas e muitas saudades e que "Aqui na terra tão jogando futebol Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll Uns dias chove, noutros dias bate Sol Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta Muita careta pra engolir a transação..." Abraço também nos "Candim", ou seja, nos Cândidos Tostes, além, é claro, da turma do Liberdade de Expressão.

Como leitora e descendente de Cândido Dias Tostes, que era o pai da minha bisavó-materna, fico imensamente grata. Essa é uma coluna de leitura certa, sempre assertiva, bem escrita, lúcida e realista!

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