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segunda-feira, 17 de maio de 2021

CONTROVÉRSIAS E DESGOVERNOS

 

Com a implantação da CPI da Pandemia, ou CPI da COVID, como preferirem, muita coisa tem vindo à mostra a respeito do negacionismo explícito do governo federal. No entanto, hoje foi um dia em que a imprensa revelou informações que assustam qualquer brasileiro mediano e orientado que cuida da sua saúde e busca seguir todas as orientações para evitar uma infecção por Sars-Cov-2 e suas variantes.

Uma das informações, divulgada pela Globonews, dá conta de uma pesquisa realizada pelo IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - coordenada pelo economista Marcos Hecksher, intitulada Mortalidade por Covid-19 e Queda do Emprego no Brasil e no Mundo, que dá conta do seguinte:

1 O Brasil registrou, em proporção de sua população total, mais mortes por covid-19 em 2020 do que 89,3% dos demais 178 países com dados compilados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Quando a comparação desses registros é ajustada à distribuição populacional por faixa etária e sexo em cada país, o resultado brasileiro se torna ainda pior que os de 94,9% dos mesmos 178 países.                                                        
2 O estudo mostra também que, com base em dados de nível de ocupação compilados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil teve queda deste indicador mais intensa do que as de 84,1% dos demais 63 países analisados, entre os três últimos trimestres de 2019 e de 2020.

3 “Nos períodos analisados, o Brasil e outros países latino-americanos estão entre os mais atingidos do mundo em perdas de vidas e de empregos. Países da Oceania, da Ásia e da Escandinávia figuram entre os menos atingidos nas duas dimensões em 2020”, concluiu o pesquisador.

A pesquisa conclui também que a chance de pegar COVID e morrer no Brasil é maior do que na maioria dos 178 países analisados. Em entrevista, o pesquisador afirmou que os dados obtidos e analisados demonstram que não há incoerência entre saúde e economia, mas que restrições e lockdowns, fechamento de comércio, etc., no curto prazo, garantem no médio e longo prazo a manutenção dos negócios, o que inclusive ocorreu no caso da Pandemia da Gripe Espanhola. Portanto, dados históricos ratificados.

Não bastasse tudo isso, a mesma Globonews divulgou o comportamento dos brasileiros em relação ao isolamento social durante a Pandemia, como mostra a imagem a seguir:

Imagem da tela da TV, com dados do Datafolha.

Como se verifica do gráfico, que mostra o Nível de Isolamento Social na Pandemia de Coronavírus no Brasil, no início da pandemia 54% dos entrevistados afirmaram estar "saindo só quando é inevitável", o que é recomendável pela ciência, em agosto caiu pra 44%, voltando a cair no início de dezembro, 34%, subiu em meados de março e no início de maio caindo bastante - 28% dos entrevistados. Por outro lado, os que se dizem "totalmente isolados" corresponderam a 18% no início da pandemia, variando até 21%, mas veio caindo, em agosto 8%, início de dezembro 5% e em maio de 2O21, corresponde a apenas 2% dos entrevistados. O mais alarmante é o percentual de pessoas que afirmaram estarem "tomando cuidado, mas saindo para trabalhar ou fazer outra atividade", que correspondem a 24% no início da pandemia e veio numa crescente chegando em maio deste ano a 63%.

Para coroar esses dados registrados, a Prefeitura do Rio, depois de ver flagrado seu prefeito numa roda de samba sem máscara, anuncia que pessoas imunizadas estarão liberadas para visitar seus parentes em hospitais.

O nível de vacinados no Brasil está em torno de apenas 18% da população, com primeira dose. O que é muito baixo e conforme a CPI e o cenário que a população acompanha não há expectativa de recebermos vacinas em quantidade suficiente para acelerar a imunização da população. Segundo os especialistas, a depender da eficácia das vacinas, para que encontremos um certo controle de transmissão do vírus, é necessário que 7O a 8O% da população esteja vacinada.

Isso demonstra, como temos assistido, a nossa perfeita incompetência pra lidar com uma crise dessa grandeza. Ainda mais quando se leva em consideração a crise política, a ideologia negacionista e o alastramento dessa mentalidade por todas as instâncias governamentais.

Não houve preocupação em seguir a ciência, não houve preocupação em fazer uma campanha nacional pela prevenção, houve boicote às restrições para garantir o nível de isolamento físico, houve ação deliberada da maior liderança do país em contrariar a ciência, durante toda a pandemia, seguido inclusive pelo reforço de lideranças religiosas, e também por alguns governadores e muitos prefeitos.

A falta de orientação nacional, somada à negação da ciência, tem causado o que a pesquisa e os números mostram. E novamente friso que a falta de comunicação das lideranças políticas, a falta de vontade política têm causado essa tragédia. Quem vai parar esse genocídio?

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