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quarta-feira, 17 de junho de 2009

"A FINITUDE E A VIRTUALIDADE DOS NEGÓCIOS DO PETRÓLEO"

Lemos no blog do Roberto Moraes, blogueiro e professor do IFF-Campos, uma bela reflexão, sobre o negócio do Petróleo, por ocasião do "Brasil Off Shore de Macaé".
Tomamos a liberdade de pedir autorização ao autor para postar a reflexão aqui.


A finitude e a virtualidade dos negócios do petróleo: breve análise da Brasil Offshore em Macaé



Roberto Moraes

O blogueiro aproveitou o cumprimento de sua agenda profissional como professor e membro da gestão do IFF, na abertura da feira Brasil Offshore, em Macaé, para manter seus leitores também informados.

Numa análise um pouco mais além dos fatos, o blog segue...

Não explica muito para quem não respira o mundo e os negócios offshore de petróleo, você dizer que a Macaé Offshore é a terceira maior feira do mundo, ficando atrás da de Houston, Texas, nos EUA, que na sua última versão teve cerca de 2.500 expositores e a Rio Óleo & Gás, no Rio de Janeiro, que reúne a metade de expositores de Houston e o dobro de Macaé.

Os negócios da área são sempre gigantescos tanto em cifras quanto em peso de suas infraestruturas. É um fato que os poderes locais têm pouca ou nenhuma importância nas articulações e negócios que circulam entre eles. Os donos dos cacifes só não querem problemas ou empecilhos.

É fato que desde 2001, quando o município de Campos ainda disputou a sede deste evento com Macaé, que a corrida por ter um espaço maior na área de serviços foi definitivamente abocanhada pela “ex-princesinha do Atlântico”.

Não havia como ser diferente disso. O fluxo de pessoas e capital está entre o Rio e a sede da Bacia de Campos, em Macaé. Quando muito ela pula e vai ao Espírito Santo, desde quando o nome deste estado, ainda não batizava os campos de petróleo encontrado em seu litoral, que na época ainda era parte da Bacia de Campos.

Não há nada de mal nisso. A visão que se precisa ter em termos de política pública é regional, de integração, de complementaridade e não de concorrência. Porém, é fato que a centralidade de Macaé na indústria offshore de petróleo em nosso país, confere a este município, bônus e ônus a este último, cada vez, em maior escala.

É de impressionar, a imagem que as conversas com alguns empresários-expositores, ou seus representantes e empregados, passam para nós. Eles não guardam nenhuma aderência com o território onde ganham dinheiro e muito menos com a população que habita este/aquele pedaço de terreno, que cada vez vale mais pelo uso temporário do que pelo seu valor real. Não falo de virtualidade, mas de realidade com o que produz valor. Daí a compreensão da superficialidade da relação com os gestores públicos demonstrada pela maioria destes empresários.

Vendo e sentindo isso de perto, não há que se ter dúvida, do que restará após o fim da extração mineral. Analisando a questão não há também que se ter dúvidas, sobre a necessidade de se taxar bem (digo em intensidade) o mineral extraído, em qualquer lâmina d´água que seja, e ainda mais, no pré-sal.

Quanto ao povo daqui, não se deseja que seus representantes se eximam de discutir políticas, concessões e investimentos, mas que antes de tudo não se dobrem às facilidades do presente em nome de vantagens supérfluas sobre aquilo que é finito para um futuro não tão distante.

O frisson da feira faz alguns pensarem que estamos “mudernos”, antenados e linkados com os negócios do setor. Esta é uma ilusão. É verdade que há oportunidades e espaços e a serem ocupados pelos empreendedores locais e também por aqueles que têm formação profissional (especialmente de nível técnico e superior) capazes de ajudar estes a ganhar o seu dinheiro enquanto houver petróleo. Porém, não tenhamos a ilusão de muita coisa, além disso.

O governo federal e a ANP estão certos em querer ampliar a discussão, sobre o que significa o marco regulatório dos campos petrolíferos da chamada camada de pré-sal, que ampliam nossas reservas em quase dez vezes o que é hoje. É injusto admitir que uma ou duas gerações tenham o direito de consumir as riquezas de bilhões, talvez trilhões, de dólares, de euro ou o que o valha...

Enfim, a feira que energiza alunos, empresários e políticos pelo potencial de oportunidades, também espanta qualquer um que se esforce em pensar nas décadas vindouras. Não estamos no eldorado da produção petrolífera, mas já vivemos hoje a certeza de que o petróleo, o gás e seus royalties, como tudo na vida, não produzem apenas bons resultados, mas trazem problemas e entre eles, o pior, a lembrança de que assim como a vida, esta riqueza é temporária e, infelizmente, a morte é certa.

Pode ser que esta leitura do blogueiro seja apenas, mais uma preocupação que ele divide com a sua meia dúzia de leitores, mas pode ser que haja nesta reflexão algo a ser aproveitado. Não há intenção em se fazer uma análise maniqueísta, até porque o mundo, felizmente é mais complexo e menos preto e branco, mas, também não se pode, nos tempos atuais, se curvar para a tecnologia com a ingênua crença de que ela é neutra. Até por isso, o blog sugere que você, de qualquer profissão que seja, morador do nosso Norte Fluminense, não deixe de visitar, até a próxima sexta-feira, a Brasil Offshore no MacaéCentro. Depois, tire você mesmo, as suas próprias conclusões. Feito assim, o blog terá cumprido sua função de fazê-lo refletir, e quem sabe agir. Sigamos em frente!

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