Foto: José Anderson com a esposa Tatiana e o filho Felipe.O blog entrevistou o miracemense, José Anderson Caveari Pimenta, o kvari, como é mais conhecido na blogosfera. Kvari é secretário executivo da Câmara de Dirigentes Lojistas de Miracema (CDL) e participou há algum tempo, na busca de alternativas de desenvolvimento sustentável para a cidade, de um programa onde propunha a implementação do "Turismo Rural" na cidade de Miracema. Como não foi adiante, hoje, José Anderson nos conta como aconteceu e sonha que esse projeto possa ser levado adiante.
Como também acreditamos que é necessária a inserção da cidade nos projetos de turismo regional em voga, bem como buscar diferenciais para que Miracema se torne a verdadeira Capital do Turismo do Noroeste Fluminense, onde é conhecida como "A Princesinha do Norte Fluminense", buscamos através do entrevistado trazer informações palpáveis e concretas.
O Norte Fluminense tem hoje a cidade de Quissamã, que prospera em função do turismo, que foi desenvolvido a partir da percepção de suas vantagens, valores, cultura, até então apagados e não divulgados, além de sua localização.
Leia a entrevista. Esperamos que seja possível que cada um de vocês teça seus comentários de forma a agregar dados e informações ao tema. "Tudo começa a partir de um sonho". Mas, hoje, isso já é uma realidade em nossa região, onde vários municípios já têm uma secretaria específica e vêm traçando os rumos para o desenvolvimento do setor, junto com os órgãos compententes.
ENTREVISTA
1- BLOG "O VAGALUME": Caro José Anderson, há muito temos acompanhado seus comentários sobre o turismo rural em Miracema. Há algum tempo, através da REBAL, soube de seu interesse pelo TURISMO RURAL, em Miracema. Inclusive você menciona algum trabalho que teria iniciado e não teve continuidade. Conte para nós que trabalho foi esse e quais os objetivos?
JOSÉ ANDERSON: Tudo começou em abril de 2002, quando a Cintia Mercante - então gerente do Sebrae de Miracema - conseguiu trazer para Miracema uma palestra sobre turismo rural que aconteceria em Itaperuna. Como foi uma coisa de última hora ela só convidou as entidades representativas de Miracema, dentre as quais a Câmara de Dirigentes Lojistas - CDL, onde trabalho, e o presidente Emerson me indicou para participar da palestra.
Cerca de 15 pessoas participaram da palestra. Foram dois dias em que as ideias apareceram aos montes. Como "lição de casa" o palestrante - que não lembro o nome - deixou para os presentes, formar um grupo e mapear todas as possíveis atrações turísticas do município.Como Miracema não tem nenhuma vocação específica - industrial, comercial, etc. - e como as outras demandam muito investimento em infra-estrutura, equipamentos, etc. resolvemos que investir no turismo rural seria o ideal, pois não demandaria muito investimento já que tudo já existe precisando de alguns ajustes somente.
Criamos então o GTURR Miracema - Grupo do Turismo Rural de Miracema, formado por cerca de 10 pessoas que participaram daquela palestra e outras que tinham interesse no assunto.Com o apoio da CDL, que concedeu filmes fotográficos e revelações de fotos, da Prefeitura que cedeu um carro, combustível e motorista e dos participantes e alguns proprietários rurais do município, que faziam lanches, cafés da manhã e cediam máquinas fotográficas e seu tempo, fizemos 3 circuitos de visitas.
O primeiro foi nas propriedades entre a RJ-116 e a divisa com Minas; o segundo em direção a Paraíso do Tobias e o terceiro dentro ou muito próximo à sede do município.
Analisamos os acessos, a infra-estrutura oferecida, o que poderia melhorar, o que deveria ser criado, as distâncias, conversamos com os proprietários sobre o assunto e medimos seu interesse em abrir a propriedade, tiramos muitas fotos e descobrimos lugares que muitos nem sabiam que existia. [criamos um verdadeiro mapa da zona rural miracemense] De posse de todos esses dados, fiz uma planilha e um mapa com os roteiros e o Grupo o transformou num folder que, posteriormente, poderia ser produzido e distribuído aos visitantes.
Mais uma vez, a Cintia entrou em ação e conseguiu uma visita técnica à cidade de Venda Nova do Imigrante/ES, considerada o berço do turismo rural. Lá, o Grupo ficou ainda mais empolgado com a simplicidade e seriedade de todo o processo, principalmente com coisas que aqui nós achamos normais e sem expressão e que lá, eles transformaram em grandes fontes de renda, como a festa da polenta, a fabricação de queijos e a agricultura familiar, por exemplo.
Depois de algum tempo sem respostas e interesses do poder público e com a dispersão do Grupo, o projeto não foi pra frente.
Em fevereiro de 2006 soubemos que a prefeitura queria criar o Conselho Municipal de Turismo e foi marcada a reunião para isso, com a presença do Grupo, de outras pessoas que chegaram depois atraídas pelo trabalho e por membros da prefeitura. Naquela reunião, foi lavrada uma ata de criação do Conselho Municipal de Turismo com a indicação dos membros da sociedade civil, faltando apenas serem indicados os membros do poder público.
Em maio de 2006 descobrimos que aquela ata havia sumido e que deveria ser feita outra reunião e criado novamente o Conselho, desta vez, já com uma portaria do Prefeito indicando os membros do poder público. Novamente foram indicados os membros da sociedade civil e lavrada ata da reunião. Faltava a aprovação do Conselho pela Câmara de Vereadores e pelo Prefeito. Depois disso, não fiquei sabendo de mais nada sobre o assunto, mas até hoje o conselho não foi criado.
Agora, após a posse do novo prefeito, fui procurado pelo Secretário Ivanildo que disse ter interesse em reativar o projeto. Fui convidado por ele e pelo Secretário de Agricultura para expor algumas fotos na Expo2008. E esse mês novamente recebi um e-mail dos dois apoiando o projeto e convidando para novos entendimentos.
2- BLOG "O VAGALUME": Gostaria que nos informasse, não só a nós, mas aos leitores vagalumes e à sociedade em geral, qual é a sua opinião sobre a possibilidade de desenvolvermos em Miracema o Turismo Rural. Quais são os atrativos encontrados no trabalho citado?
JOSÉ ANDERSON: A possibilidade é grande. Os atrativos são muitos.Vontade temos. Falta um pouco de apoio público e uma pessoa ou grupo para coordenar tudo - talvez o GTURR ou o COMTUR ou uma Secretaria de Turismo. [Sabia que em Miracema não tem nem uma sub-secretaria de turismo? Tinha mas foi extinta há bastante tempo].
Como disse na resposta anterior, lá em Venda Nova, vimos que não é preciso muita coisa pra ter turismo rural. O que o turismo rural visa justamente mostrar aos moradores da cidade grande, acostumados à correria do dia-a-dia, a calma e a tranquilidade do meio rural e a simplicidade com que as pessoas vivem e são felizes.
Naquela viagem a Venda Nova aprendemos com o senhor Reginaldo Caliman (membro de uma das familías que iniciaram o turismo rural lá):
"O rural é o que vale.", "Tudo deve ser simples.", "O familiar/tradicional é o bom." E isso nós temos aqui: rural, simples, familiar. Apesar das pessoas daqui não darem valor, quem vem de uma cidade grande quando vê o que temos fica boquiaberto. Falo de causa própria, porque quando meus primos vinham do Rio passar as férias aqui, andavam de charrete e à cavalo o dia inteiro e ainda queriam mais, hoje os jovens querem andar de moto, não é?
Fora isso, detectamos locais para camping, cachoeiras, trilhas maravilhosas que dá vontade de passar por elas várias vezes, fazendas antigas (algumas precisando cuidados urgentes, mas que são verdadeiras jóias da época áurea do café em Miracema), locais para salto de asa delta e parapente, artesanato, culinária (doces e tal), matas preservadas, agricultura familiar - ainda não fomos invadidos pelos agrotóxicos -, folclore e principalmente a hospitalidade do povo.
Tem mais coisas mas não posso divulgar porque não tenho autorização dos proprietários pra isso, fizemos o trabalho todo na base da amizade. Se houver um projeto definitivo e sério, deverão ser consultados sobre isso, além disso, não temos infra-estrutura para receber uma quantidade grande de turistas em Miracema - só temos um hotel.
Aí partimos para os problemas:
Falta local para hospedagem - só temos um hotel como dito, temos que melhorar os acessos (estradas), melhorar as comunicações (cobertura de celular, por exemplo), internet banda larga, preparar as pessoas para receber os turistas (cursos), sinalização dentre outros.
O que tem em Venda Nova e eles fazem questão de dizer? É um chamariz para a cidade: a "A Festa da Polenta" que atrai milhares de visistantes e que depois espalham a notícia.
Mais um exemplo que o simples funciona: reúnem-se várias pessoas de todos os lugares do Brasil pra comer "angú" (não me desfazendo desse alimento e nem da festa). A festa é toda organizada por voluntários e muitos podem dizer: "Mas eles têm as tradições italianas e a festa as resgata. Em Miracema não temos isso. "Realmente, não mantivemos a tradição italiana, mas somos descendentes de italianos também... Em todo caso, tínhamos o Festival da Canção que poderia ser a festa chamariz, ou uma outra festa como queria, por exemplo, o saudoso Jorge Frederico, com a Festa do Folclore.
Enfim, se for o turismo rural, na real concepção da palavra, dá para implantar em Miracema sim. Só precisamos de alguém para organizar tudo.
3- BLOG "O VAGALUME": Kvari (como vc é mais conhecido na blogosfera), vc falou muito bem, compartilhamos da mesma opinião. Agora, o que observamos é que a cidade, atualmente, não goza de recursos financeiros, principalmente, a iniciativa privada, para manter a preservação e a recuperação de áreas cruciais num projeto dessa monta. Para tanto, é necessário que se forneça ao empresariado local, àqueles que têm potencial de investimento, ou financeiro, ou possuírem locais de interesse patrimonial, como fazendas, casario, inclusive aqueles que têm o know how (caso p.ex. dos que atuam no ramo da Gastronomia), aos grupos folclóricos etc., um projeto (que terá de ser vendido para eles), junto com formas de financiamento adequadas para que eles aceitem a "empreitada". Você concorda? O que vc acha e pode nos dizer nesse sentido?
JOSÉ ANDERSON: Realmente a cidade não tem TANTOS recursos financeiros, mas como disse antes, o simples é que atrai o turista rural. Se começarmos a incrementar muito não vai ser turismo rural.Então, podemos, por exemplo, resolver o problema da hospedagem com áreas para camping, hospedagem de pequenos grupos nas próprias casas das fazendas e sítios, ou pequenas reformas naquela antiga "tulha" ou armazém, para servir de hospedaria, e assim por diante.
Ou seja, o investimento, sempre a curto prazo, não precisa ser muito. Precisa sim, ser contínuo, como por exemplo a conservação das estradas.
Angeline, você veio recentemente a Miracema, viu como tem obra pela cidade: a "Foto Miracema" fez um prédio novo, a "A Credilar" está terminando outro, e grande, a "Loja José de Assis" outro de igual porte, isso pra falar aqui na rua direita, em quase todas as ruas tem uma obrinha que seja. Então, tem dinheiro, ou pelo menos tem fonte de dinheiro (empréstimos, por exemplo). Talvez falte mostrar ao pequeno produtor rural ou empresário, que hoje, para pegar empréstimo num banco não é preciso mais "vender a alma" como antigamente. Aí, entraria o Sebrae ou a CDL ou a AC com cursos e/ou palestras, parcerias com os bancos (que TÊM que emprestar dinheiro para bater cotas).
Além do que, os repasses dos governos municipais, estaduais e federais, quando se apresenta um projeto, aparecem. Tem a TurisRio, a Embratur, o Ministério do Turismo, que sempre tem verba pra investir NUM PROJETO. Se for levar em frente, tem verba pra cultura, e etc. e por aí vai. Tem que ter PROJETOS.
Teríamos também a CDL, Sebrae, AC ou Senac com cursos para garçons, hotelaria, turismo, etc.
Quanto a preservações, as Leis garantem, e também dão um pouco de recursos - ICMS Verde e desconto no ITR, por exemplo - para quem preserva. Quem não se interessar, num primeiro momento, com certeza quando começar a ver que seu vizinho está ganhando dinheiro, atraindo turistas, etc., vai querer a sua fatia do bolo também.
Os governos (falando só no municipal, por exemplo) pode dar isenção de impostos no começo do projeto, ou para quem preservar, restaurar, etc.
Minha sincera opinião: só tá faltando alguém ou "alguéns" para coordenar tudo.
4- BLOG "O VAGALUME": Kvari, para encerrar: o que falta então é uma secretaria que se dedique ao tema e coordene os trabalhos e elabore o projeto. Certo?
JOSÉ ANDERSON: Não precisa ser uma Secretaria, pode ser qualquer órgão (CDL, Sebrae, AC, GTURR, CMTUR ou todos eles juntos) com o apoio irrestrito do poder público.Certamente uma Secretaria daria mais credibilidade a tudo o que fosse feito, inclusive na busca de recursos (verbas) nas esferas estadual e federal, e junto a empresas.
Resumindo: falta centralizar e organizar as informações e atos. Uma Secretaria Municipal de Turismo pode ajudar muito.
Então, a minha opinião e ideias estão aí. Se alguém tem alguma coisa a acrescentar, por favor. Se alguém é contra, tudo bem, o mundo seria muito chato se tudo fosse igual, mas por favor não me diga que é contra porque é, apresente argumentos concretos e aceite sugestões também.
Agradeço ao blog "O Vagalume" pelo espaço e oportunidade de mostrar à população de Miracema que podemos melhorar a situação do município, bastando para isso termos consciência do patrimônio que temos e lutarmos para mantê-lo preservado.
JOSÉ ANDERSON: Tudo começou em abril de 2002, quando a Cintia Mercante - então gerente do Sebrae de Miracema - conseguiu trazer para Miracema uma palestra sobre turismo rural que aconteceria em Itaperuna. Como foi uma coisa de última hora ela só convidou as entidades representativas de Miracema, dentre as quais a Câmara de Dirigentes Lojistas - CDL, onde trabalho, e o presidente Emerson me indicou para participar da palestra.
Cerca de 15 pessoas participaram da palestra. Foram dois dias em que as ideias apareceram aos montes. Como "lição de casa" o palestrante - que não lembro o nome - deixou para os presentes, formar um grupo e mapear todas as possíveis atrações turísticas do município.Como Miracema não tem nenhuma vocação específica - industrial, comercial, etc. - e como as outras demandam muito investimento em infra-estrutura, equipamentos, etc. resolvemos que investir no turismo rural seria o ideal, pois não demandaria muito investimento já que tudo já existe precisando de alguns ajustes somente.
Criamos então o GTURR Miracema - Grupo do Turismo Rural de Miracema, formado por cerca de 10 pessoas que participaram daquela palestra e outras que tinham interesse no assunto.Com o apoio da CDL, que concedeu filmes fotográficos e revelações de fotos, da Prefeitura que cedeu um carro, combustível e motorista e dos participantes e alguns proprietários rurais do município, que faziam lanches, cafés da manhã e cediam máquinas fotográficas e seu tempo, fizemos 3 circuitos de visitas.
O primeiro foi nas propriedades entre a RJ-116 e a divisa com Minas; o segundo em direção a Paraíso do Tobias e o terceiro dentro ou muito próximo à sede do município.
Analisamos os acessos, a infra-estrutura oferecida, o que poderia melhorar, o que deveria ser criado, as distâncias, conversamos com os proprietários sobre o assunto e medimos seu interesse em abrir a propriedade, tiramos muitas fotos e descobrimos lugares que muitos nem sabiam que existia. [criamos um verdadeiro mapa da zona rural miracemense] De posse de todos esses dados, fiz uma planilha e um mapa com os roteiros e o Grupo o transformou num folder que, posteriormente, poderia ser produzido e distribuído aos visitantes.
Mais uma vez, a Cintia entrou em ação e conseguiu uma visita técnica à cidade de Venda Nova do Imigrante/ES, considerada o berço do turismo rural. Lá, o Grupo ficou ainda mais empolgado com a simplicidade e seriedade de todo o processo, principalmente com coisas que aqui nós achamos normais e sem expressão e que lá, eles transformaram em grandes fontes de renda, como a festa da polenta, a fabricação de queijos e a agricultura familiar, por exemplo.
Depois de algum tempo sem respostas e interesses do poder público e com a dispersão do Grupo, o projeto não foi pra frente.
Em fevereiro de 2006 soubemos que a prefeitura queria criar o Conselho Municipal de Turismo e foi marcada a reunião para isso, com a presença do Grupo, de outras pessoas que chegaram depois atraídas pelo trabalho e por membros da prefeitura. Naquela reunião, foi lavrada uma ata de criação do Conselho Municipal de Turismo com a indicação dos membros da sociedade civil, faltando apenas serem indicados os membros do poder público.
Em maio de 2006 descobrimos que aquela ata havia sumido e que deveria ser feita outra reunião e criado novamente o Conselho, desta vez, já com uma portaria do Prefeito indicando os membros do poder público. Novamente foram indicados os membros da sociedade civil e lavrada ata da reunião. Faltava a aprovação do Conselho pela Câmara de Vereadores e pelo Prefeito. Depois disso, não fiquei sabendo de mais nada sobre o assunto, mas até hoje o conselho não foi criado.
Agora, após a posse do novo prefeito, fui procurado pelo Secretário Ivanildo que disse ter interesse em reativar o projeto. Fui convidado por ele e pelo Secretário de Agricultura para expor algumas fotos na Expo2008. E esse mês novamente recebi um e-mail dos dois apoiando o projeto e convidando para novos entendimentos.
2- BLOG "O VAGALUME": Gostaria que nos informasse, não só a nós, mas aos leitores vagalumes e à sociedade em geral, qual é a sua opinião sobre a possibilidade de desenvolvermos em Miracema o Turismo Rural. Quais são os atrativos encontrados no trabalho citado?
JOSÉ ANDERSON: A possibilidade é grande. Os atrativos são muitos.Vontade temos. Falta um pouco de apoio público e uma pessoa ou grupo para coordenar tudo - talvez o GTURR ou o COMTUR ou uma Secretaria de Turismo. [Sabia que em Miracema não tem nem uma sub-secretaria de turismo? Tinha mas foi extinta há bastante tempo].
Como disse na resposta anterior, lá em Venda Nova, vimos que não é preciso muita coisa pra ter turismo rural. O que o turismo rural visa justamente mostrar aos moradores da cidade grande, acostumados à correria do dia-a-dia, a calma e a tranquilidade do meio rural e a simplicidade com que as pessoas vivem e são felizes.
Naquela viagem a Venda Nova aprendemos com o senhor Reginaldo Caliman (membro de uma das familías que iniciaram o turismo rural lá):
"O rural é o que vale.", "Tudo deve ser simples.", "O familiar/tradicional é o bom." E isso nós temos aqui: rural, simples, familiar. Apesar das pessoas daqui não darem valor, quem vem de uma cidade grande quando vê o que temos fica boquiaberto. Falo de causa própria, porque quando meus primos vinham do Rio passar as férias aqui, andavam de charrete e à cavalo o dia inteiro e ainda queriam mais, hoje os jovens querem andar de moto, não é?
Fora isso, detectamos locais para camping, cachoeiras, trilhas maravilhosas que dá vontade de passar por elas várias vezes, fazendas antigas (algumas precisando cuidados urgentes, mas que são verdadeiras jóias da época áurea do café em Miracema), locais para salto de asa delta e parapente, artesanato, culinária (doces e tal), matas preservadas, agricultura familiar - ainda não fomos invadidos pelos agrotóxicos -, folclore e principalmente a hospitalidade do povo.
Tem mais coisas mas não posso divulgar porque não tenho autorização dos proprietários pra isso, fizemos o trabalho todo na base da amizade. Se houver um projeto definitivo e sério, deverão ser consultados sobre isso, além disso, não temos infra-estrutura para receber uma quantidade grande de turistas em Miracema - só temos um hotel.
Aí partimos para os problemas:
Falta local para hospedagem - só temos um hotel como dito, temos que melhorar os acessos (estradas), melhorar as comunicações (cobertura de celular, por exemplo), internet banda larga, preparar as pessoas para receber os turistas (cursos), sinalização dentre outros.
O que tem em Venda Nova e eles fazem questão de dizer? É um chamariz para a cidade: a "A Festa da Polenta" que atrai milhares de visistantes e que depois espalham a notícia.
Mais um exemplo que o simples funciona: reúnem-se várias pessoas de todos os lugares do Brasil pra comer "angú" (não me desfazendo desse alimento e nem da festa). A festa é toda organizada por voluntários e muitos podem dizer: "Mas eles têm as tradições italianas e a festa as resgata. Em Miracema não temos isso. "Realmente, não mantivemos a tradição italiana, mas somos descendentes de italianos também... Em todo caso, tínhamos o Festival da Canção que poderia ser a festa chamariz, ou uma outra festa como queria, por exemplo, o saudoso Jorge Frederico, com a Festa do Folclore.
Enfim, se for o turismo rural, na real concepção da palavra, dá para implantar em Miracema sim. Só precisamos de alguém para organizar tudo.
3- BLOG "O VAGALUME": Kvari (como vc é mais conhecido na blogosfera), vc falou muito bem, compartilhamos da mesma opinião. Agora, o que observamos é que a cidade, atualmente, não goza de recursos financeiros, principalmente, a iniciativa privada, para manter a preservação e a recuperação de áreas cruciais num projeto dessa monta. Para tanto, é necessário que se forneça ao empresariado local, àqueles que têm potencial de investimento, ou financeiro, ou possuírem locais de interesse patrimonial, como fazendas, casario, inclusive aqueles que têm o know how (caso p.ex. dos que atuam no ramo da Gastronomia), aos grupos folclóricos etc., um projeto (que terá de ser vendido para eles), junto com formas de financiamento adequadas para que eles aceitem a "empreitada". Você concorda? O que vc acha e pode nos dizer nesse sentido?
JOSÉ ANDERSON: Realmente a cidade não tem TANTOS recursos financeiros, mas como disse antes, o simples é que atrai o turista rural. Se começarmos a incrementar muito não vai ser turismo rural.Então, podemos, por exemplo, resolver o problema da hospedagem com áreas para camping, hospedagem de pequenos grupos nas próprias casas das fazendas e sítios, ou pequenas reformas naquela antiga "tulha" ou armazém, para servir de hospedaria, e assim por diante.
Ou seja, o investimento, sempre a curto prazo, não precisa ser muito. Precisa sim, ser contínuo, como por exemplo a conservação das estradas.
Angeline, você veio recentemente a Miracema, viu como tem obra pela cidade: a "Foto Miracema" fez um prédio novo, a "A Credilar" está terminando outro, e grande, a "Loja José de Assis" outro de igual porte, isso pra falar aqui na rua direita, em quase todas as ruas tem uma obrinha que seja. Então, tem dinheiro, ou pelo menos tem fonte de dinheiro (empréstimos, por exemplo). Talvez falte mostrar ao pequeno produtor rural ou empresário, que hoje, para pegar empréstimo num banco não é preciso mais "vender a alma" como antigamente. Aí, entraria o Sebrae ou a CDL ou a AC com cursos e/ou palestras, parcerias com os bancos (que TÊM que emprestar dinheiro para bater cotas).
Além do que, os repasses dos governos municipais, estaduais e federais, quando se apresenta um projeto, aparecem. Tem a TurisRio, a Embratur, o Ministério do Turismo, que sempre tem verba pra investir NUM PROJETO. Se for levar em frente, tem verba pra cultura, e etc. e por aí vai. Tem que ter PROJETOS.
Teríamos também a CDL, Sebrae, AC ou Senac com cursos para garçons, hotelaria, turismo, etc.
Quanto a preservações, as Leis garantem, e também dão um pouco de recursos - ICMS Verde e desconto no ITR, por exemplo - para quem preserva. Quem não se interessar, num primeiro momento, com certeza quando começar a ver que seu vizinho está ganhando dinheiro, atraindo turistas, etc., vai querer a sua fatia do bolo também.
Os governos (falando só no municipal, por exemplo) pode dar isenção de impostos no começo do projeto, ou para quem preservar, restaurar, etc.
Minha sincera opinião: só tá faltando alguém ou "alguéns" para coordenar tudo.
4- BLOG "O VAGALUME": Kvari, para encerrar: o que falta então é uma secretaria que se dedique ao tema e coordene os trabalhos e elabore o projeto. Certo?
JOSÉ ANDERSON: Não precisa ser uma Secretaria, pode ser qualquer órgão (CDL, Sebrae, AC, GTURR, CMTUR ou todos eles juntos) com o apoio irrestrito do poder público.Certamente uma Secretaria daria mais credibilidade a tudo o que fosse feito, inclusive na busca de recursos (verbas) nas esferas estadual e federal, e junto a empresas.
Resumindo: falta centralizar e organizar as informações e atos. Uma Secretaria Municipal de Turismo pode ajudar muito.
Então, a minha opinião e ideias estão aí. Se alguém tem alguma coisa a acrescentar, por favor. Se alguém é contra, tudo bem, o mundo seria muito chato se tudo fosse igual, mas por favor não me diga que é contra porque é, apresente argumentos concretos e aceite sugestões também.
Agradeço ao blog "O Vagalume" pelo espaço e oportunidade de mostrar à população de Miracema que podemos melhorar a situação do município, bastando para isso termos consciência do patrimônio que temos e lutarmos para mantê-lo preservado.
4 comentários:
RECEBEMOS NO E-MAIL DO BLOG ESSE COMENTÁRIO QUE TRANSCREVEMOS ABAIXO:
Muito boas as idéias defendidas pelo José Aderson ao turismo em Miracema.
O problema nos parece que com o apoio do Sebrae (não precisa de representação em Miracema para isto) possa ser encontrada uma solução viável para uma boa lagarda.
Efetivamente grupos, colegiados, comissões etc, não havendo que segure o toro a unha, atrapalham mais do que ajuda. Como se constuma dizer: quer fugir do problema crie uma comissão. A melhor comissão é de um membro.
Passamos por Vendas Novas, num pacote turístico pelas serras capixabas. Realmente sensacional, principalmente pela atratividade ao visitante oferecida pela gente de lá, com simplicidade, variedades de produtos, importância que dão ao visitante, nenhuma ingerência governamental etc. Como vê dispõe de atração a agência turística para lá levar ônibus lotados, não carecendo de hospedagem para isto.
Abraços, saúde e Paz de Cristo.
Luiz Carlos
Hà muito, como a Cyntia (ex-Sebrae) sabe, gostaria de ajudar a implantar o Turismo rural em Miracema. Tenho algumas idéias "pululando" em mh cabeça sobre isto.
Acho que agora, com a Agenda 21, da qual participo e que vem contribuir para a organização e planejamento do futuro da cidade como um todo, penso que alguns de nós podem formar um GT a fim de estudar essa possibilidade.
Celeste Scramignon - participante da Agenda 21
Celeste,
Estamos aqui para o que pudermos ser útéis. Claro, acredito que sua participação na AGenda 21 é de grande valor e só vai acrescentar e engrandecer essa maravilhoso trabalho. Parabéns, Celeste!
Olá, parabéns pela entrevista e a Angeline por este espaço de troca de idéias.
Sou Consultor do Sebrae/RJ em Associativismo/Empreendedorismo/Cooperação com um pouco de experiência na formação de grupos setoriais. O que posso dar de dica para vocês é que busquem empresários ligados ao Turismo Rural e "vendam" a idéia para eles. Sem que um grupo de empresários tenham em vista (AS OPORTUNIDADES) que terão UNIDOS, para buscarem as soluções para seus problemas comuns, e o fortalecimento do Turismo na Região, Nada adianta. E mesmo com o apoio do Governo Local e de entidades como, Sebrae, Senac, CDL e Ass.Comercial, os resultados não aparecerão.
Os primeiros que devem acreditar no Potencial do Turismo Rural na Localidade são os empresários do setor. Juntos eles podem depois conseguir o apoio das Entidades e o do Governo local.
Grande abraço e Sucesso!
Rodrigo Ramos
www.r2consult.com
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