O ativista político e cantor irlandês Bob Geldof encerrou o festival Back to Black de cultura negra no 30 de agosto. Geldof falou sobre a situação da África e alertou a plateia brasiliense quanto aos perigos da assimetria no processo de globalização. “Enquanto cada vaca européia recebe US$ 2,50 por dia em políticas de subsídio, US$ 0,50 são concedidos para cada africano por ano”, lembrou.
No último dia 14, o cantor deu uma entrevista na Globonews, ao jornalista Jorge Pontual, que me chocou produndamente por algumas declarações. Não que seja novidade, mas como um estrangeiro que esteve aqui, visitou a Rocinha, maior favela da América Latina, teceu comentários como esses que vamos transcrever abaixo, muito acertados, diga-se de passagem... Como brasileira, SENTI VERGONHA e compartilho com os leitores vagalumes. Não queremos essa imagem do nosso país, nosso estado e nosso município!
O entrevistado conta como se tornou um ativista. O que o moveu para tomar uma atitude.
A entrevista pode ser assistida aqui, no site do G1. Destacamos os comentários principais sobre o nosso país:
"Eu pensei que era preciso fazer alguma coisa. Quando você ouve algo, quando é informado de algo ruim, não fazer nada é ser cúmplice disso." [referindo-se ao noticíario da década de 80, sobre a fome na Etiópia]...
"Por favor, as pessoas que virem isto no Brasil vão me achar um idiota, e eu sou.
Eu estive lá por algumas horas, em um passeio turístico. [sobre a Rocinha]
Eu apenas olhei, ouvi, vi e senti o cheiro, e o cheiro é bom, o esgoto funciona, a água era limpa, as crianças estavam limpas. Havia muitas armas, mas numa anarquia estruturada.
Se a comparar com os bairros ruins de Londres e Liverpol, a situação aqui é melhor. Se comparar com algumas das cidades africanas, a situação é muito melhor. De verdade! Estou falando de coisas horríveis, estou comparando pobreza.
Sempre que converso com um brasileiro inteligente e peço para me falar a respeito, ouço que a sociedade trata a questão com muita normalidade. Eles usam outra palavra, mas há uma certa normalidade quanto a riqueza e a pobreza viverem lado a lado. Não choca.
Como estrangeiro, como turista, não é um choque tão grande como é na África, onde as condições são intoleráveis. Intoleráveis! Desumanas!
Desculpe se estou ofendendo vocês, não é minha intenção. Só estou há 48 horas aqui, então, me desculpem, é só uma impressão.
Mas, todo mundo me disse e eu gosto de política, então vejo os números quando visito um país, que a corrupção é endêmica no Brasil, do topo à base.
Vocês deviam ter vergonha. Deviam ter vergonha.
Vocês têm riqueza suficiente para não precisar roubar.
Ainda é possível ficar rico neste país, e ele será uma potência enorme. Enorme, entende?
Então, cuidem dos seus pobres. Eles não serão apenas ótimos jogadores de futebol, mas as próximas cabeças."
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