Festival do Rio - "No Impact Man"
O tema é cinema e sustentabilidade.
A história de Colin Beavan, sua mulher e filha (na época com dois anos) teria tudo para provocar apenas risos arrancados pela noção de absurdo na plateia, se a situação não parecesse cada vez mais plausível na vida dos expectadores. Durante a última sessão do filme "No Impact Man", resultado do acompanhamento da experiência da família Beavan, que durante um ano tentou reduzir seu impacto no meio ambiente, além das risadas provocadas pelo tom bem-humorado do documentário, pairavam no ar os risos nervosos, de uma plateia que, a exemplo deles, não sabe bem o que fazer para diminuir sua pegada ecológica. Sem saber exatamente como conduziria a experiência, Colin Beavan começa o filme fazendo proibições a sua família: eles não podem mais comprar roupas novas, ou comer coisas cuja origem produtiva seja desconhecida, além de ver televisão. A famíla também aboliu táxi, carro e metro carro e metrô. Para as longas distâncias, valia usar um triciclo feito especialmente para a situação. Após dez meses, a família compra comida apenas diretamente da feira de fazendeiros, faz compostagem dentro de casa e sequer possui luz elétrica, além de reciclar 90% de seu lixo. Nesse processo, a mulher de Colin é a figura que representa a resistência do ser humano atual à censura do consumo. Em muitos momentos, ela tem até crises de abstinência de produtos como café, que eles não podem mais ter em casa, e sucumbe ao desejo, burlando as regras iniciais do marido. Sempre beirando ao que especialistas costumam classificar como exagero no que diz respeito às mudanças de comportamento, Colin, a esposa e a filha passam por muitos momentos de grandes dificuldades, como a ausência de uma geladeira, por exemplo, mas também descobrem novos prazeres. Sem televisão, eles passam mais tempo com a filha e convidam os amigos para reuniões, por exemplo, em um ano em que se tornam celebridades em uma perspetiva bizarra para a maioria dos americanos. Leve e bastante divertido, "No Impact Man" aborda a dificuldade de transição para a redução do consumo, tratando um tema denso por uma ótica diferente. Vale a pena conferir.
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