A nossa domingueira poética de hoje é uma homenagem a MAURÍCIO DIAS DE MARTINO, que faleceu nessa madrugada, em virtude de trágico acidente. Um poema de seu pai, Francisco Antonio BRUNO DE MARTINO Filho.
MIRAGEM
A dor que me maltrata diariamente
atirando-me exangue no caminho,
não difere da morte impenitente
que nos rouba da boca o fácil vinho
Estou ficando velho e estou doente,
não mais inspiro amor e nem carinho,
e, há poucos anos, era moço ardente,
a incendiar corações, em torvelinho.
Corro as mãos na cabeça de meus filhos,
contando os seus cabelos como os trilhos,
que vivem palmilhando nas viagens.
E triste, fecho os olhos, desejando
que passem pelo mundo viajando
mas a fugir de todas as miragens.
Mais uma poesia de seu pai, BRUNO DE MARTINO:
MIRACEMA
Na clareira da mata enluarada,
que argento riacho mais prateia,
surge festiva a tribo coroada,
estaca, busca lenha e o lume ateia.
A inverapeme joga abandonada,
arcos, tacapes, flexas, tudo arria,
troca os troféus da guerra dominado
pelo boré que as danças encadeia.
Em copos de bambu arde o cauim
fervem, sensuais, os ritos do festim
depressa tudo muda, alguém sacena.
No banho inaugural do igarapé
foi batizado o chão, diz o pagé,
que vai chamar, por sorte: _ MIRACEMA.
2 comentários:
Angeline,
Vim de Miracema hoje pela manhã e tomei conhecimento do acidente. Estou consternado, mais porque cruzei com Maurício ontem na rua. Meus pêsames.
Angeline
Linda Poesia. Como é bom que em nossas cidades existem pessoas que se dedicam a poesia.
Um abraço
Adalberto Day cientista social em Blumenau
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