Mais uma vez a sorte está lançada? Ou fomos lançados à sorte? Fomos a Copenhage, fizemos a nossa parte, digo até que fizemos “bonito”, mas mais uma vez a ganância não cedeu lugar ao bom senso. Tinha muita fé nesses homens, mas mais uma vez eles me decepcionaram, o que já era de se esperar, com uma demonstração insana de descaso com o coletivo. O nosso país fez sua parte, mas ainda é muito pouco, o Presidente Lula com todo seu discurso eloqüente não fez nem cosquinha na pouca massa crítica que persiste em existir neste Planeta. Até quando nos será permitido titubear, recuar, não ceder. Realmente não sei, o que sei e acredito como verdade é o que os meus olhos estão vendo e minha pele está sentindo. Outro dia conversando com um pequeno produtor rural, desses que vive na terra e da terra, me dizia que não precisa cientista nenhum falar o que ele está vendo todos os dias debaixo de seus pés e acima de sua cabeça, basta olhar minha filha, disse ele. Então, verifico e estremeço, porque os que amo estão neste turbilhão, crescendo ainda, neste Planeta chamado confusão.
O que hoje testemunho é lamentável, porém não acredito em lamúrias, acredito em ação e reação, e me questiono o que fazer, o que Deus quer que façamos. O fracasso das ações globais nos remete a uma única alternativa, que é o sucesso nas ações locais. Devemos agir no local, não como ilha, porque hoje nem as ilhas estão a salvo, mas numa tentativa de diminuir as vulnerabilidades, e quando falo em diminuição de vulnerabilidade, falo em preparar o corpo para as pancadas que virão. Um povo preparado é um povo menos vulnerável e considero que hoje esse deva ser o principal objetivo das políticas públicas locais, atendendo o que é básico ao ser humano, água potável, solo fértil, ar puro, pois sem esse básico nenhuma política de desenvolvimento se sustenta e nenhuma política de saúde pública se consolida.
Portanto, o que me cabe hoje, dentro da minha enorme insignificância, é trabalhar o meu povo, os que me são próximos, tentando sensibilizar os que significam mais do que eu, sensibilizar no sentido de que precisamos arremeter todos os nossos esforços para ações que impactem diretamente na qualidade de vida da nossa população e que nos dê o que é básico. Acumular dinheiro não é básico, porque vai chegar a hora que todo o dinheiro dos EUA e da China juntos não irão comprar este básico. Estamos em um nem tão novo milênio, mas numa nova década, que precisa de respostas imediatas aos desastres e à fragilidade das pessoas e não podemos deixar que nos lancem, como marionetes, à sorte sombria que nos aguarda. Hoje, perplexa com o resultado, já esperado, da COP 15 me permito corrigir a máxima, dizendo que a hora é de: “Agir local para contaminar Global” positivamente, é claro!
Juliana Ribeiro Rodrigues
Bióloga
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