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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Peça Teatral no IFF Itaperuna Lembra Ditadura Militar

Parada Artística Apresenta as Três Faces da Ditadura


No próximo dia 01 de setembro terá início no Campus Itaperuna o evento "Pela Memória e Pela Verdade", que se estenderá até o dia 03, contando com exposições, apresentações musicais, palestras e debates para marcar os 25 anos do fim da ditadura militar no Brasil.
O Grupo de teatro Parada Artística, integrado por alunos do Campus, apresentará o espetáculo "As Três Faces da Ditadura", cuja sinopse Igor Giarolla, que dirige o grupo, divulga:

Opressão, tortura e uma busca incansável pela paz e pela liberdade, pois algumas pessoas simplesmente mantinham a fé e a esperança em dias melhores...Entre os anos de 1964 e 1985, período da Ditadura Militar no Brasil, o povo presenciou o que há de pior em termos de brutalidade. Uma época na qual a opressão era tão grande, que muitas pessoas chegaram a perder as esperanças. O terror reinava no país. Mas existiram pessoas que bravamente lutaram contra tudo. Foram presas, torturadas e assassinadas, mas enfrentaram tudo com coragem, pois acreditavam que aquela era a única maneira de voltarem a ter paz. Agora imaginem a dor de alguém que sofre ou assiste à tal brutalidade, de uma família que via um ente querido sendo preso, de procurá-lo por anos sem o achar, a ponto de perder as esperanças, sem nem ao menos saber se estava vivo ou morto e se talvez estivesse morto, não poder ter pelo menos o consolo de enterrá-lo e prestar-lhe as últimas homenagens. O sofrimento não vivido por nós vai além do que podemos imaginar: uma realidade nua e crua, sem poupar nada ou ninguém; e para mostrar ao menos uma pequena lasca do que era aquele sofrimento, apresentamos a vocês AS TRÊS FACES DA DITADURA: TORTURA, SOFRIMENTO E IMPUNIDADE.
A peça será encenada no dia 01 de setembro às 18h, dando abertura ao "Pela Verdade e Pela Vida" . Não perca!
Enviado por Alberto de Souza.

7 comentários:

Gustavo disse...

Antes de comentar a postagem acima, vou me apresentar para ficar mais claro as minhas afirmações: Meu nome é Gustavo Damasceno, sou Oficial da Marinha, formado em 1994.
Quando vejo jovens falando em ditadura, tenho a mior curiosidade de saber o que pensam. Lendo o texto acima, fiquei realmente intrigado. Gostaria de poder conversar com o Sr. Igor Giarolla e debater alguns fatos da história para saber de onde o faz pensar que a época do Governo Militar se resumiu nas informações passadas. POr acaso ele ouviu os vários lados, leu livro de diferentes pontos de vista, procurou saber o que foi criado no Governo Militar de bom. Meus caros, tive parentes que foram perseguidos, presos e hoje sou militar e me orgulho disto e muito. Quando me formei, diferente de muitos eu jurei defender a minha pátria com o que mais tenho a oferecer, a minha vida. Meus parentes apesar de terem lutado pela democracia, o que também acho que é a melhor forma de governo, não possuem hoje nenhum problema com militares. Lembro que na democracia, na liberdade também possui tristeza, censura (temos agora a sensura contra humoristas)e acima de tudo impunidade, com todos os dias aparecendo na TV. Faço uma pergunto ao autor da postagem: você já ouviu falar de alguém que estava no poder no regime militar que ficou rico? E agora existe? Erros aconteceram, porém existia uma vontade de construir um país, existia nacionalismo, existia confronto armado com civis assaltando banco, sequestrando para matar também militares, não sabia disso? Não sabia que militares foram mortos? Não estou justificando nada de errado, como disse aconteceram coisas erradas, mas será que você sabe o que fizeram de bom, ou nada foi feito? Condeno qualquer tipo de tornura como uma forma terrível e desumana de tratar o semelhante. Faço parte de uma organização que possui muita gente preocupada com o Brasil e são extremamente patriotas. Tive a oportunidade em Mato Grosso do Sul de realizar operações de assistência a população ribeirinha, que se não fosse os militares, crianças morreriam, como já morreram, estou falando porque estive lá durante 1 ano fazendo isto. Terei a satisfação se puder de ir na sua peça, mas por favor um autor deve conhecer a história por todos os ângulos, conhecer o presente e decidir se vale a pena falar sobre o assunto, temos tanta coisa que a juventude precisa saber, que uma peça seria muito válida, agora falar de ditadura sem conhecimento é trágico. Vou citar algumas obras do regime militar só para seu conhecimento:
Itaipu, Ponte Rio Niterói, Aeroporto Tancredo Neves, Reorganização do Porto de Santos, crescimento de 14% ao ano do Brasil, criação de 13 milhões de empregos, 4 milhões de moradia, eletrobras, nuclebras, telebras, usinas nuclearres, banco central, embraer, triplicação da produção de petróleo, pró-alcool, asfaltos ampliados de 3 para 45000 km, zona franca de manaus, ferrovia da soja, frota mercante aumentada, crédito educativo, FGTS, PIS e PASEP, etc

Obrigado

Gustavo

Angeline, caso seja possível, envie esta postagem ao autor. Obrigado

Blog "O Vagalume" disse...

Gustavo,
O Ígor é seguidor do nosso blog, o mais novo. De qualquer forma enviei ao professor Alberto de Souza para que chegue nas mãos do aluno Ígor.
Obrigada por sua importante participação.

Abs.

Angeline

Igor Gaviole disse...

Primeiramente, Gustavo, obrigado pela discussão.

Então, a sua curiosidade de saber o que os jovens pensam sobre a ditadura militar é a mesma que tenho sobre o que os militares de hoje pensam. Gostei muito do seu comentário.

O ano em que você se formou foi o ano em que nasci. Estou sempre buscando conhecer melhor a história do nosso país. E a ditadura é um período da nossa história que realmente me chama a atenção, e de que gosto de ler, ouvir ou debater, pelos feitos dos governantes militares (várias coisas boas como você relatou, dentre elas algumas obras que não tiveram rentabilidade no período, mas que hoje têm grande importância), para tentar entender os motivos que levam uma pessoa a torturar outra pessoa, para tentar entender o porquê desse ato degradante (será que essa é a forma correta de se ter uma "segurança nacional"?), e também pelo enorme crescimento cultural no período, como forma de resistência.

O seu questionamento é em relação ao meu conhecimento sobre a ditadura para escrever uma peça teatral. Li:"Brasil: Nunca Mais" que foi uma pesquisa que estudou a repressão exercida pelo regime militar a partir de documentos produzidos pelas próprias autoridades encarregadas dessa controvertida tarefa e que reuniu quase todos os processos políticos que transitaram pela justiça militar brasileira entre abril de 1964 e março de 1979 [descrição feita pelo próprio livro]; "O regime militar brasileiro: 1964-1985", de Marcos Napolitano, um livro que expõe todo o período do regime militar; li também vários outros sites e documentos que minha professora de história me enviou, como o "Dossiê de mortos e desaparecidos políticos a partir de 1964".

Mas não li para escrever uma peça de teatro, li para adquirir conhecimento e me preparar para esse evento que ajudei a organizar. Esse evento, assim como essa discussão, está sendo muito construtivo para mim e está colaborando para o meu amadurecimento. E quem sabe algum dia poderei escrever uma peça sobre a ditadura militar? "As três faces da ditadura: tortura, sofrimento e impunidade" foi uma adaptação que fiz de "Brasil: Nunca Mais", "Dossiê de mortos e desaparecidos políticos a partir de 1964", filmes "Zuzu Angel" e "Batismo de Sangue", "Cartas de Frei Beto", entre outros.

Talvez o que fez você pensar que não tenho conhecimento para escrever uma peça teatral desse tipo, é realmente não saber desses fatos. E principalmente, pela minha escolha de um título não adequado e pela sinopse feita pelo nosso grupo, que não descreve muito bem a nossa peça, que também não fala sobre tudo o que foi a ditadura. O título restringe muito o período, ela não tem apenas essas três faces, você está certo. Nos desculpe por essa primeira impressão negativa.

O objetivo do nosso teatro estudantil não é, de forma alguma, buscar a raiva das pessoas para com os militares, fora disso. Mas sim homenagear àqueles que sofreram e tiveram sua natureza humana degradada, porque "compartilhamos também do sofrimento e culpa daqueles que se envolveram nessa violação degradante da nossa natureza humana".

Como já disse, a peça não fala sobre tudo o que foi a ditadura (esse período não tem somente essas três faces!), isso deixamos para as palestrantes convidadas, que têm muito conhecimento do assunto. Nossa peça é uma homenagem, uma forma de relembrar aquelas pessoas, dar a elas nomes e rostos.

Portanto, gostaria que você participasse de nosso evento e expressasse sua opinião lá. Se não puder ir, pelo menos posso te enviar a peça. Me envie um e-mail que retornarei (igorggiarola@gmail.com).

Novamente,

Obrigado.

Abraço, Igor Giarola.

Luciana disse...

Vou começar como o Gustavo e me apresentar também. Sou Luciana Machado da Costa
Prof.ª de História do IFF, ou seja, da escola em que os alunos estão montando esse projeto.

Desde já deixo o convite para que Gustavo nos visite durante o evento, seria um grande prazer contar com sua participação no mesmo.

Quando falamos de ditaduras militares no século XX, na América Latina, é importante ter a mente aberta e sair do senso comum.
Mais especificamente sobre o Brasil, o aspecto político (ditadura) em momento algum contradiz o viés do crescimento econômico, pelo contrário: naquele contexto histórico, ambos são faces da mesma moeda, um não existiria sem o outro (recomendo aos leitores do blog o livro "A coruja de minerva: mercado contra democracia no capitalismo contemporâneo", de Atílio Boron).

Mais relevante para a análise do período, não é pensar em quem estava no poder, mas qual classe. E relembrar que enquanto os militares foram úteis, essa classe sustentou os mesmos no poder; os militares, por sua vez, promoveram o enriquecimento da mesma, ainda que não tenham enriquecido, na regra, a si mesmos (pelo menos, não diretamente, mas isso é outro debate). Para saber que classe está no poder, não basta perguntar-se quem está ganhando (economicamente, politicamente etc.), mas quem GANHA MAIS.
Quando houve o choque do petróleo (1973 e 78) e, mais importante ainda, a crise nos países centrais do modelo racional estatal do Welfare State, os militares tornaram-se então, com seu modelo nacional desenvolvimentista, inconvenientes para a elite brasileira.
Mas esta precisava se manter no poder, e foi desse acordo entre elite nacional e militares que produziu-se a abertura lenta e gradual, a transição do regime de exceção para uma proto-democracia, mas não uma transição de elites. A mesma classe manteve-se no poder. Quem estava ganhando muito, passou a ganhar mais. Quem estava ganhando mais ou menos, ganhou menos (eliminação da classe média nas décadas de 80/90) e quem não ganhava nada (a maioria) assim se manteve.
O ponto aqui é que foi muito conveniente para essa elite brasileira desclassificar tudo que foi implantado no regime militar (seus antigos aliados) e embalar no mesmo saco de lixo sob o rótulo de "tortura, repressão etc.", inclusive as coisas boas já alcançadas, propostas ou em andamento (como o 2º PND).
Era o projeto neoliberal que grassava o globo terrestre pondo abaixo um projeto de desenvolvimento nacionalista (ainda que em parceria com o capital internacional). Havia falhas nesse projeto, mas o neoliberal mostrou-se pior.
Mas isso não é conveniente que se mostre...

De tudo, como Gustavo bem ressaltou, é importante manter-se atento à construção da memória sobre o período, posicionando-se criticamente quanto às visões totalizantes, tanto aquelas que condenam, quanto aquelas que enaltecem.
No mais, é um prazer debater com um militar que mostra uma visão esclarecida como o Gustavo aqui evidenciou. Teria muito prazer em debater outros aspectos do período. É sempre bom ter uma visão diferente para enriquecer o debate.

Gustavo disse...

Igor,

De maneira nenhuma tentei questionar o seu conhecimento da história, mas sim se conhecia os dois lados da história.
Eu realmente fico chateado, quando, por exemplo, vejo uma jovem, deveria ter uns 13 ou 14 anos na praia de Icaraí em Niterói, escrito na camisa: Militar uma vergonha para o Brasil. Ditadura nunca mais.
Quando vi sua colocação lembrei deste fato que realmente tocou em mim, pois sou militar e não me considero uma vergonha.
Algumas pessoas não conseguem saber o que é passado ou presente. O que hoje os militares fazem por nosso pais. Não possuem a mínima curiosidade de conversar com alguém que está no meio para ter uma posição mais segura do que falar e do que pensar. Sempre respeitei as posições contrárias pois foi com elas que descobri muitos pensamentos errados. Tenho muita vontade de sentar com crianças e adolescentes para poderem fazer qualquer pergunta sobre a minha carreira. Não posso falar sobre a instituição pois isto só compete aos meus superiores, porém posso contar o que um (na época) jovem garoto, no interior do Rio, resolveu seguir esta carreira e o que agora ele pensa dela. Miracema, Pádua e outras localidades possuem muitas pessoas nas forças armadas. Várias instituições passaram por transformações, podemos ver a própria igreja católica, o que acontecia antigamente na igreja? Vamos fazer uma peça mostrando isto, sem dizer o que ela, a igreja, faz de bem, atualmente?
Muitos garotos que foram para as forças armadas, pobres, sem condição de fazer uma faculdade, hoje estão muito bem. Eu quero dizer para você que eu conheço o passado, de todas as visões, e o mais importante, conheço o presente, e sei o que as forças armadas oferecem a nossa população. Sei também que estamos e estaremos sempre do lado do povo, porque se não fosse desta forma, eu não estaria nesta profissão. Em pesquisa do IBOPE as forças armadas estão acima em confiança, da maioria das instituições, sejam elas, jornais, televisão, igrejas, senado, políticos, etc. Isto, apesar de muitos tentarem vincular as Forças Armadas com fatos ruins, colocando no mesmo saco, todos os seus integrantes e o nome de uma instituição que ama as pessoas deste país. Um abraço e obrigaod pela resposta

Gustavo disse...

Aproveitado a oportunidade, encaminho um vídeo em que comandei uma expedição de Assistência Cívico Social, realizada pela Marinha, em conjunto com a Prefeitura de Corumbá e Defesa Civil, à popuulação ribeirinha. O brilhante trabalho da Marinha que poucos conhecem.
Um abraço

http://www.youtube.com/watch?v=X38uONsQbLc

Gustavo disse...

Professora Luciana.
Meus sinceros respeito a Senhora e a sua colocação muito oportuna.
Parabéns por este trabalho, é muito importante fazer esta juventude pensar em coisas sérias como é este tema.
O que queria dizer, é que algumas pessoas não conseguem diferenciar o passado do presente, desde que não saibam os fatos corretos deste passado e deste futuro. Já ouvi a seguinte frase: A história é contada pelo vencedor.
De fato isto realmente acontece. Porém, a internet veio para de uma certa forma dar uma sacudida neste fato. Isto é claro neste debate, garanto que o Igor não sabia e não sabe de muitas coisas que a história fez questão de apagar porque os fatos não interessavam a quem estava contando a história. Agora a internet o faz pelo menos pensar que existe alguma coisa de interessante neste período que os livros que ele leu não ofereceram subsídios para poder ter uma imagem diferente das coisas.
Podemos dizer que fiquei muito feliz de saber que este jovens estão interessados no assunto, independente se concordo com a visão que tenham o não. Poder lidar com a diferença de opiniões é a melhor maneira de construir uma país melhor no futuro.
Obrigado e uma boa semana.

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