Recebemos por comentário do Dr. Dempsey Pereira Ramos Júnior, que patrocinou a ação, como integrante da ONG ÁGUIA VERDE de Além Paraíba, associação de defesa judicial do meio ambiente e do patrimônio histórico, que resultou no escoramento dos torreões da estação ferroviária de Porto Novo, Além Paraíba-MG, como divulgado (acesso aqui), informações que ele chamou de complementares, muito importantes no sentido de esclarecer a importância dessa conquista e da conservação desse patrimônio histórico-cultural-arquitetônico. É de tanta importância que decidimos fazer essa postagem para destacar o comentário registrado no blogue. Dr. Dempsey é advogado e cursa o mestrado em Direito Ambiental na UEA (Universidade estadual do Amazonas.
Dempsey Pereia Ramos Júnior disse...
DEMPSEY RAMOS - MANAUS/AM
Reconheço que a matéria publicada tem grande valor informativo, especialmente para a população local e de outras regiões que possuam algum complexo histórico cultural. Para contribuir com esse assunto e mostrar o significado socioeconômico que a restauração dos Torreões traz para Além Paraíba, permito-me acrescentar alguns dados que foram extraídos do Relatório do Desenvolvimento Humano de 1999, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Segundo a ONU, o modelo de desenvolvimento do séc. XXI rompe a lógica patrimonialista fabril (baseada só em fábricas), que vigorou entre o século XVIII até meados do século XX, para em seu lugar inaugurar-se uma lógica EXISTENCIAL. Uma nova indústria, típica do séc. XXI, ao invés de produzir bens materiais e tangíveis (modelo fabril clássico dos anos 1960 a 1980), produz e vende emoções, alegria, diversão e entretenimento (bens imateriais, intangíveis, existenciais, intensivos em informação, tecnologia e conhecimento). Estes elementos imateriais e intangíveis são considerados hoje os principais fatores de geração de riqueza. Trazendo as observações da ONU para o contexto local de Além Paraíba, pode-se dizer que a tradição histórica ferroviária de Além Paraíba, seus Torreões inaugurados por Dom Pedro II, sua cultura local, sua música, seus espaços ambientais, suas cachoeiras, seus casarões rurais do tempo do café representam a informação e a experiência emocional existencial típicas da nova economia: a indústria do turismo. São os bens mais desejados pelo turista globalizado, disposto a viajar avidamente para qualquer lugar do planeta em busca deste tipo de produto imaterial, intangível. Além Paraíba possui matéria-prima turística de sobra, porém está perdendo uma ótima oportunidade de vendê-la para o restante do Brasil e do mundo. Em termos globais, US$ 735 bilhões (setecentos e trinta e cinco bilhões de dólares) foram os rendimentos gerados pelo turismo mundial em 2006. Cidades pequenas no Brasil, com menos de 100 mil habitantes e que investem nessa indústria, possuem 20% do seu PIB provenientes só do turismo, mas com incomensurável potencial de expansão. Em termos nacionais, o valor agregado do turismo brasileiro cresceu de R$ 74,7 bilhões para R$ 131,7 bilhões, entre os anos de 2000 até 2005 (Fonte: IBGE e Organização Mundial do Turismo - OMT). Ou seja, em apenas 5 anos a riqueza do turismo quase dobrou. Significa que o Brasil está se destacando no cenário mundial especialmente com a indústria do turismo, já que outros países não alcançam essa inimaginável taxa de crescimento. A maior prova do potencial de geração de riqueza, através do TURISMO, pode ser encontrada analisando-se brevemente a história econômica de DUBAI, um dos sete Emirados Árabes Unidos. Embora a economia de Dubai tenha sido construída pelo petróleo, descoberto em 1966, época em que a região conheceu a riqueza; hoje o petróleo contribui apenas com 6% do PIB, pois suas reservas esgotaram-se. Percebendo o esgotamento do petróleo em Dubai (o que pode ser comparado ao esgotamento do café e das fábricas de Além Paraíba, ocorrido nos séculos XIX e XX), lá o Governo decidiu ESTRATEGICAMENTE direcionar a economia petrolífera para uma economia intensiva em turismo, de modo que hoje o setor turístico responde por 20% do atual PIB de US$ 37 bilhões. Isso significa que o turismo rende ao ano US$ 7,4 (sete bilhões e quatrocentos milhões de dólares) em favor de Dubai. E Dubai só tem areia e desertos. Nem de longe compara-se com os vales, as montanhas, as cachoeiras e demais atrativos de Além Paraíba e região. Por tudo isso, creio que a restauração dos Torreões é apenas o começo de uma nova era para a socioeconomia e para a população de Além Paraíba.
Sábado, Fevereiro 05, 2011 10:40:00 AM
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