Por Luis Nassif:
Coluna Econômica - 23/02/2011
A súbita paixão de alguns jornais e comentaristas pela presidenta Dilma Rousseff chama atenção para um modo peculiar de trabalhar reputação de personalidades públicas por parte da mídia. A Dilma de agora é a mesma Dilma Ministra-Chefe da Casa Civil, a mesma candidata à presidência da República.
Até então, era tratada como “assassina”, “poste”, paradoxalmente como “autoritária”, “terrorista”, “assaltante de bancos”. De repente, torna-se a Margareth Tatcher brasileira, a dama de ferro, a grande gestora.
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O que teria provocado essa reviravolta? O fato de ter uma atuação discreta como presidente, de falar pouco não conta: como Ministra-Chefe da Casa Civil, era esse seu comportamento.
O fato de ter imprimido um estilo gerencial ao seu governo, definindo claramente atribuições, funções e metas, também não vale: foram essas virtudes que lhe valeram a indicação para candidata de Lula à sua sucessão.
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O fato novo é que acabaram as eleições. E aí dá-se um nó na cabeça dos leitores.
Muitos deles romperam com amigos, brigaram com conhecidos, xingaram desafetos que ousavam afirmar que Dilma é... aquilo que os jornais da época diziam que ela não era e que agora dizem que é.
Durante as eleições, em muitos ambientes o mero fato de alguém se pronunciar eleitor de Dilma gerava represálias pesadas
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À medida que a discussão política vai se civilizando, é possível que uma nova era se instale no país. Nos próximos anos, há uma agenda fundamental. É em torno dela que governo e oposição deverão medir forças.
A oposição está à frente em estados relevantes, como São Paulo, Minas e Paraná. O PT, em outros estados, como Bahia e Rio Grande do Sul. Há governadores não-alinhados em Pernambuco, Ceará, Santa Catarina. E uma enorme agenda pela frente, para saber quem terá maior capacidade de cumpri-la.
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Há uma agenda social, exigindo investimentos em educação, saúde e segurança. Não se aceita mais a passividade ante a miséria e a pobreza.
A nova era política consagrará os negociadores, aqueles políticos capazes de agregar, não os carbonários individualistas.
Cada governador de Estado terá que montar interlocução com todas as forças sociais, não apenas com grandes empresários e sindicatos, mas com ONGs, movimentos sociais, funcionalismo público, pequenos e micro empresários.
Cada vez mais haverá exigências de transparências nas ações públicas e de eficácia na gestão. Ter programas modernos de gestão e qualidade não será mais apenas uma ferramenta de marketing, mas um instrumento de sobrevivência política.
A Internet trouxe uma nova militância que terá que ser melhor aproveitada pelos partidos. Não se pode ficar no modelo de montar redes de difamação, como foi feita.
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A rede permitirá mesmo a partidos até agora sem quadros, como o PSDB e o DEM, mobilizar uma nova militância, interessada, atuante. Basta apenas entregar suas redes a pessoas comprometidas com conteúdo programático, com a discussão de ideias.
Enfim, há um novo mundo pela frente em que, espero, toda radicalização seja deixada de lado.
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Uma reflexão muito boa do jornalista e que desperata a reflexão do leitor.
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