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quarta-feira, 20 de julho de 2011

"RIO+20: NOVOS CONCEITOS, VELHOS DILEMAS?"

Daqui a 1 ano acontecerá a RIO+20, conhecida assim popularmente porque será a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ocorrerá 20 anos após a ECO92, a primeira a ser realizada. Como é hábito do blogue, busca-se trazer aos leitores artigos que provoquem uma boa reflexão. Então o artigo abaixo, de autoria do economista Clóvis Zapata, é possível que desempenhe bem esse papel. Sobretudo para ressaltar que muitas mudanças precisam ser promovidas, mas a Economia, como ciência, integra como todas as outras esse contexto.

"RIO+20: NOVOS CONCEITOS, VELHOS DILEMAS?"

por Clóvis Zapata, para a Folha de S. Paulo

Em junho de 2012, o Rio de Janeiro sediará uma das mais esperadas cúpulas mundiais -a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, popularmente chamada de Rio+20.
O encontro reunirá os mais importantes líderes mundiais e ocorre 20 anos após a primeira grande conferência mundial sobre mudança do clima, que propôs o conceito de desenvolvimento sustentável.
Após duas décadas, as promessas ambiciosas não foram cumpridas, a essência do conceito de desenvolvimento sustentável se perdeu e deu lugar ao termo "economia verde", que se refere à redução dos atuais riscos ambientais e das limitações ecológicas, aliadas ao aumento do bem-estar humano e da equidade social.
O foco oficial da Rio+20 é direcionar a transição para a economia verde global. O conceito de "economia verde", além de vago, é substancialmente otimista.
Acredita-se que a adoção de tecnologias ecoeficientes em setores-chave, com mecanismos de mercado, seriam suficientes para conduzir à sustentabilidade.
Existe, contudo, um grande debate sobre quais deveriam ser consideradas "tecnologias verdes" e quais indicadores devem ser usados. Além disso, o debate não prega um processo de mudança profunda na produção e no consumo, baseado em inovações radicais.
A Rio+20 será palco de uma disputa entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento e emergentes. Para as economias em desenvolvimento, o debate é crucial, já que, além da dimensão ambiental, existe a necessidade urgente de atender à dimensão social.
A interação entre políticas de cunho social e ambiental carece de um debate mais robusto.São raros os casos em que existe a complementaridade entre políticas de proteção social, de redução de risco ambiental e de adaptação a mudanças climáticas.
Historicamente, o esforço empregado pelas Nações Unidas tem sido primordial para fomentar o debate sobre o desenvolvimento sustentável e, mais recentemente, sobre a transição para a economia verde. O sistema ONU tem conduzido o debate político, atentando para a individualidade de países e regiões específicas quanto a suas dimensões sociais, ambientais, econômicas e políticas particulares.
A Rio+20 será um grande fórum de oportunidades. Espera-se que o conceito de economia verde possa ser melhor delineado, com implicações práticas. Espera-se que possa ser eficaz, ao atentar para as particularidades de regiões e de povos diferentes. Espera-se que possa atender às necessidades dos mais pobres e reduzir as vulnerabilidade dos mais desprotegidos dos efeitos das mudanças climáticas.
Espera-se, sobretudo, que possa nos remeter novamente à essência da primeira reunião sediada no Rio: o desenvolvimento sustentável.*****
CLÓVIS ZAPATA, doutor em economia pela Universidade de Cardiff (Reino Unido), é pesquisador sênior do Centro Internacional em Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) das Nações Unidas.
Texto disponível em: http://www.pnuma.org.br/noticias_detalhar.php?id_noticias=916, acesso em 18 de julho de 2011.

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