Nossa experiência com pesquisas genealógicas mostra como prolifera este tipo de iniciativa em nome e por conta do povo, através dos três níveis de governos, bem como dos três poderes da República.
Principalmente em se tratando de homenagem a pessoa viva, se verifica muita bajulação política, até mesmo vergonhosa, como ao Presidente da República, a ministro e outras autoridades, não raro por seus próprios subordinados ou trocando figurinhas. Nos municípios existe uma verdadeira máquina de homenagens. Todo ano cada vereador tem cota de homenageados com absoluta e incontestável autonomia.
A coisa chegou a tal ponto de homenageado ter devolvido título recebido por julgá-lo muito vulgarizado.
O pior é quando a homenagem não é processada com um mínimo de consideração e respeito ao homenageado, mormente quando falecido.
Obviamente qualquer homenagem deve ser justificada com, no mínimo, uma mini-biografia que implique na Genealogia do homenageado, mas tal não constatamos em projetos consultados de nomenclaturas para logradouros em Miracema. Alguns pouco falam do homenageado e muito menos dizem em termos de conteúdo. A identificação do mesmo não pode se limitar somente ao seu próprio nome. Como no registro civil deve se fazer, pelo menos, com data e local de nascimento, além dos nomes completos de pais e avós. Não raro não há nem mesmo a identificação da via pública a ser nomeada.
Em geral o processo a tal designação se inicia com o projeto de um vereador, correndo os trâmites legais à sua aprovação pela Câmara Municipal e vai à aprovação do Prefeito, sem maiores considerações.
Dos estudos a Logradouros de Miracema constatamos mais:
1) tipificação confusa das vias urbanas: rua que não passa de travessa; praça que não passa de largo; travessa que é rua etc;
2) falta de mapa e relação oficial com as denominações em vigor ao dispor público;
3) parte inacessível da legislação a respeito;
4) denominações com erro ortográfico;
5) outras com simplificações que confundem a homenagem e/ou desagradam até a própria família do homenageado;
6) logradouro depreciativo à homenagem;
7) famílias do homenageado que nada sabiam da homenagem;
8) denominação que se desconhece a legislação que a aprovou;
9) nome legal determinado, mas desaparecido, não se sabendo por qual razão; por exemplo: o que se passou com a Praça Edgar Moreira (Resolução no. 11/1965)? E com a Travessa Nicolau Bruno (Lei no. 132/1978)?
10) falta de padronização das placas;
11) falta de placas;
12) placas indevidamente localizadas, inclusive dentro de imóvel privado;
13) placas danificadas.
Há que se valorizar mais o procedimento de nomeação dos logradouros públicos engrandecendo as homenagens prestadas, mediante:
1) ser de livre iniciativa não só da vereança, mas também do executivo e da própria sociedade;
2) ser indispensável ao projeto uma mini-biografia do homenageado e identificação do logradouro a denominar;
3) no caso de troca de nome esclarecer o ato legal cancelado;
4) informar a família do trâmite;
5) formar dossiê para ficar ao dispor do público no Centro Cultural e/ou na Biblioteca da Prefeitura.
As placas colocadas, pelo menos, no início da via, devem conter além da denominação aprovada:
1) informações mínimas sobre o homenageado, tais como ano de nascimento e de falecimento e atividade principal;
2) denominação do bairro;
3) denominações oficiais anteriores.
É de se não esquecer que a denominação não só é indispensável à localização de cada imóvel nela contido, como contribui fortemente à demonstração do cuidado com o trato do sistema vial e estimula o interesse pela história. É fonte de saber.
Engenheiro Luiz Carlos Martins Pinheiro
Organizador da MPmemória e de Logradouros de Miracema
2 comentários:
Amiga Angeline
Agradecemos sua acolhida por esta matéria que resulta dos estudos procedidos a Logradouros de Miracema, buscando a valorização das homenagens com eles prestadas, além de contruir à melhoria do mobiário urbando da Cidade.
Um grade sonho pelo qual nos temos batido, pelo menos, desde 2005.
Abraços. saúde e Paz de Cristo.
Luiz Carlos/MPmemória.
Luiz Carlos:
Para mim é uma honra divulgar esse ótimo texto que trata de uma realidade dura e crua...para não dizer cruel.
Conheço seu trabalho e alguns dos problemas relatados também vivenciei.
Apesar de outros apelos seus, infelizmente nada tem sido feito para mudar.
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