O Brasil vive um momento curioso, mas também preocupante. As eleições de 2018 parecem estar já sinalizadas com uma participação da ultradireita... ressuscitada, ou tirada do armário.
Faz tempo que não posto por aqui, mas acabo de ler a manifestação do deputado federal Jean Wyllys, do PSOL, no Facebook, que entendi que merece ser compartilhada para os leitores vagalumes.
O texto na íntegra:
Ao ler as notícias sobre a manifestação em São Paulo que reivindicou o "impeachment" da presidenta Dilma - reeleita democraticamente - e uma "intervenção militar", lembrei-me dessa charge (embora eu ache que os neandertais são mais civilizados do que essa gente ressentida e odiosa que quer solapar a democracia e o estado de direito).
Comenta-se que a manifestação teria sido convocada por Lobão e por um dos três filhos do deputado viúvo da ditadura militar e especialista em difamar adversários com dinheiro público (aliás, esse deputado fez, dos três filhos, parlamentares para que pudesse parasitar o erário público com mais eficiência e para que, juntos, formassem uma quadrilha de difamadores com poder legislativo).
Essa manifestação em São Paulo e as ações do PSDB após a derrota de Aécio Neves nas eleições querem ser um ramake do golpe de 1964 (o que tem a dizer o ex-guerrilheiro comunista Aloysio Nunes, hoje senador pelo PSDB, acerca dessa manifestação que pede a volta do regime que ele enfrentou ao lado de Carlos Marighella? E o que tem a dizer o sociólogo socialista FHC? Ou será que Nunes e FHC perderam a memória?).
Pelo que se lê nos cartazes dos manifestantes, é possível concluir que os combustíveis da ação são, além daquele recalque típico dos que não sabem perder, a xenofobia, o preconceito de classe e o ódio racial.
Percebe-se também o uso da mentira e da deturpação que objetivam a aniquilação dos vencedores, bem como a manipulação do medo dos ignorantes e dos doutrinados por uma parcela da imprensa cuja cobertura dos fatos da política não se pautou pela ética, pela honestidade intelectual nem pela desconstrução de preconceitos em relação à política e ao próprio jogo democrático.
Quando Lobão ainda não sonhava em ser o mascote da marcha da família com Deus e pela ditadura militar; quando ele se via dividido entre as páginas de cultura (devido à música que compunha) e as páginas de polícia (devido ao uso de drogas ilícitas) dos jornais, ele compôs versos que descrevem bem essa manifestação em São Paulo: "A cidade enlouquece em sonhos tortos/
Na verdade nada é o que parece ser/
As pessoas enlouquecem calmamente/
Viciosamente, sem prazer"
Viva a democracia!
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