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quarta-feira, 4 de setembro de 2024

EGOCENTRISMO E CORRUPÇÃO


Em tempos de campanhas eleitorais fala-se muito em  corrupção. Raramente se ouve falar bem dos candidatos. Quando falam bem é por gratidão, por um benefício ou favor individual. Quanto mais próximos do voto de cabresto; mais longe estamos do voto consciente. Isso porque para se votar com consciência-cidadã o eleitor não pode se contentar com um exame de ressonância a cada quatro anos, uma cirurgia ortopédica que exige mais outras que virão a conta-gotas de quatro em quatro anos. Somos representados por cidadãos que para vencer precisam abusar da miséria do sistema. Se nossos representantes se alimentam de nossas carências e nós, falsamente, nos alimentamos da carência dos outros excluídos, devemos nos perguntar: quando isso vai mudar?

A resposta a esse questionamento depende muito da posição em que cada um está jogando: se você é um contemplado por uma cirurgia, um óculos, um remédio, um emprego temporário, logo o seu pensamento não pode ir além de seu umbigo, mas, por outro lado não podemos achar que a culpa é toda sua. Nada disso, você anda na mesma corda bamba da maioria, com uma pequena diferença nos momentos eleitorais. Se você é daqueles que cultivam a política malufista do “rouba, mas faz”, talvez seu álibi seja aquela rebarba que lhe sobrou de uma senhora licitação ou projeto. Esse tipo estufa o peito toda vez que está diante de Deus, não implora piedade, porque até para Deus ele se justifica com o “rouba mas faz”. "Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão", logo estamos numa grande arca de Noé e não é esse tipinho que precisa abandonar o barco.

Tanto o corrupto como aquele que se sente beneficiado pela corrupção padecem da mesma falta de princípios básicos de honestidade e resiliência. Ambos nasceram para garantir a desordem social e se coexistem.

Votar deveria ser menos cruel e ser votado deveria ser menos barato. Quando tentamos explicar a um cidadão que afirma votar por gratidão (própria) percebemos que esse não passa de um sobrevivente de um mundo extremamente estúpido. E precisamos tomar cuidado para não magoar àquela pessoa tão destruída econômica e socialmente.

Para se assegurar a liberdade de se votar serão precisas muitas CPIs sem pizza, muita mão na consciência e, sobretudo, trabalho, salário justo e um número infinito de Bangus para incontáveis políticos bandidos.

“Por ver que Deus me compra com todo o seu sangue, eu sou levado a pensar que eu sou muito, que eu valho muito. Mas quando noto que eu me vendo pelos nadas do mundo, aí eu vejo que eu sou nada. Eu valho nada”. (Padre Antônio Vieira – século XVII)


Publicado no Jornal Liberdade de Expressão, MIRACEMA-RJ Nº:287, ago/2024, p.7, texto de Terezinha Lopes. Disponível em: www.andrexoxo.wixsite.com/liberdadedeexpressao

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