SOCIEDADE MUSICAL SETE DE SETEMBRO: Histórico

SOCIEDADE MUSICAL SETE DE SETEMBRO

Histórico

Segundo Melchíades Cardoso, as bandas de música surgiram em Miracema após a edificação da Capela de Santo Antônio. Antes dessa época, ouviam-se apenas os cantos dos escravos, desafios entre cabras cantadores e as cantigas à viola, trazidas pelos bandeirantes mineiros, que constituíam nesse tempo, a expressão maior da música na região.

Com o crescimento do povoado e,  consequentemente, com a vinda das primeiras famílias, apareceu o piano (que dizem ter sido invenção do italiano Bartolomeu Cristófele, primeiro com o nome de clavicório, no qual o alemão Handel, fez seus primeiros sucessos), dominando as residências das casas grandes das fazendas aos palacetes aristocráticos, onde eram tocados pelas sinhazinhas.

Também por essa ocasião surgiram verdadeiras vocações para a música, quase todas preferindo os pistons, os bombardinos e, especialmente, a flauta por serem instrumentos de fácil aquisição, até que surgiu o primeiro mestre de música, aumentando assim, a aprendizagem em clarinetas, trombones, etc., sem falar no oficlide do Mestre Lucindo, que organizou a primeira Banda de Música, por volta de 1870, ficando sem nome, oficial por muitos anos. Nesse transcurso do tempo, a Banda conquistou importância  adotando o nome de Sociedade Musical Miracemense, fundada oficialmente, em 03/05/1896, tendo como regente Fernando Gomes.

Da renovação dos estatutos da Sociedade Musical Miracemense, surgiu a divergência, ocasionando a fundação da Sociedade Musical XV de Novembro, em 15 de novembro de 1896, permanecendo em estado latente até maio ou junho de 1897. Nesta época, o presidente Cel. José Carlos Moreira, o Tesoureiro Paulino Padilha e o Secretário João Antonio Hassel, diretores da Sociedade Musical Miracemense, aderiram à formação da nova Banda fundada por Francisco Cardoso, assessorado pelo Professor Antonio Firmino de Carvalho.

Em 1898, os senhores Ricardo Barroso, João Paes, Emiliano Almeida e Archanjo Borges de Abrantes, entre outros, organizaram o quadro de músicos e de sócios da Sociedade Musical Sete de Setembro, sob a presidência de Ricardo Barroso e secretariado por Francisco da Silveira Leal e regida pelo grande músico João Paes.

Conforme a Sra. Carmem Lemos, em informações prestadas à Professora Angélica de Rezende, autora do livro "Nossos Avós Cantaval e Cantavam Assim", com o surgimento da Sete de Setembro, criou-se em torno delas uma série de rivalidades,  que fez com que o povo se dividisse, como se "tratasse de partido político". As duas partes eram "como água no azeite", não se misturavam.

Sobre este aspecto temos como testemunha a Sra. Zilda Leal Gonçalves, que é do tempo da Capelinha de Nossa Senhora do Rosário e do tempo em que o povoado era iluminado com lampiões de carbureto. Essa referida testemunha, já com os seus 95 anos de vida e com invejável memória, nos revelou que, às vezes, as senhoras de ambas corporações musicais usavam varas curtas de bambu por baixo das saias para darem "varadinhas nas adversárias que passavam". Outro depoimento interessante nos foi contado pela professora June de Souza Carvalho: sua avó, a Sra. Esmeraldina Caldas de Souza, que era setembrista doente, contava que certa vez, houve um desentendimento qualquer com o clarinista Chico Sapateiro que acabou saindo da Sete, ingressando-se imediatamente na XV de Novembro. Lá vinha a XV pela Rua das Flores, a senhora Esmeraldina aguardava na janela, e ao ver o músico Chico Sapateiro, saiu, e tomou-lhe a clarineta. O Sr. Chico Sapateiro acabou retornando para a Sete.

Sede da Centenária Sociedade Musical Sete de Setembro

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Esse histórico é de autoria de Marcelo Salim de Martino, 1º secretário da Banda Sete de Setembro, composto na época da comemoração de seu centenário. Devido ao conteúdo extenso, preferimos postar as imagens, contendo o texto completo.