Na década de 80, os jornais e os livros escolares ensinavam que a cidade paulista de Cubatão era a mais (ou uma das mais) poluída do mundo.
Só fui conhecê-la há 8 anos, quando por motivos profissionais visitei a unidade de produção de papel Santista, do Grupo Ripasa. Mal cheguei ao local e fui logo perguntar ao gerente de produção: como fica a poluição e o controle de poluentes em Cubatão? Afinal, a cidade era muito famosa pela poluição e uma indústria de papel com certeza estaria incluída nessa leva. A resposta veio logo no sentido de que essa fama era passado e essa Cubatão não existia mais. Continuei indagando como isso foi possível e o gerente respondeu que foi um longo processo de muitas exigências por parte do governo, sob pena de multas altíssimas, etc. As empresas tiveram que se adaptar.
A unidade de produção Santista, então pertencente à Ripasa, era uma planta industrial antiquíssima, da antiga Cia Santista de Papel - fundada em 1919 atingiu o auge na primeira metade do século passado, como uma das maiores indústrias do país - e tinha um gravame que era a arquitetura antiga e por isso dificultava qualquer projeto de inovação ou de melhoria. Somente papéis especiais eram produzidos nessa unidade. Além da inovação ser prejudicada ainda havia a dificuldade de adequação a novos sistemas de produção, menos poluentes. Mas, na minha visita já havia o sistema apresentado pela Usiminas, no vídeo do programa do Cidades & Soluções, de reuso da água no sistema de produção. Havia tanques enormes para onde a água seguia após o uso no processo de produção e após receber o tratamento devido retornava para o sistema produtivo, impedindo assim a contaminação dos rios. Afinal, água é peça importantíssima na produção de papel.
Outra coisa interessante na indústria de papel é o aproveitamento de rejeitos, como a lignina. A lignina, que é retirada do eucalipto na extração da celulose, é reaproveitada na geração de energia das unidades fabris de papel.
Outra coisa interessante na indústria de papel é o aproveitamento de rejeitos, como a lignina. A lignina, que é retirada do eucalipto na extração da celulose, é reaproveitada na geração de energia das unidades fabris de papel.
Para quem não sabe, a lignina ou lenhina é uma macromolécula tridimensional amorfa encontrada nas plantas terrestres, associada à celulose na parede celular cuja função é de conferir rigidez, impermeabilidade e resistência a ataques microbiológicos e mecânicos aos tecidos vegetais. Na fabricação de papel é necessário reduzir o conteúdo de lignina na madeira a fim de produzir a massa de papel. Papeis com teor ainda alto de lignina, como o usado para papelão e jornal, ficam amarelados facilmente devido a degradação desta com o ar. Assim, a lignina deve ser quase totalmente extraída antes do branqueamento do papel.
A verdade é que Cubatão é um ótimo exemplo do que é possível fazer para reverter a situação das mudanças climáticas. Basta vontade, conscientização e bom senso.
Muito acertadamente, Cubatão foi o tema do programa "Cidades & Soluções" apresentado por André Trigueiro e o tema foi tratado de forma espetacular. Não deixem de assistir aqui ao vídeo do programa.
Foto: Arquivo Municipal de Cubatão-SP, vista aérea da Vila fabril da Cia Santista de Papel, 1950.
Atualização: 06/01/2010, às 14he40min, para explicação sobre a lignina; 09/02/2010, correção de palavras.
Atualização: 06/01/2010, às 14he40min, para explicação sobre a lignina; 09/02/2010, correção de palavras.
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