A nossa postagem intitulada "A Verdade sobre o INEPAC e o Asfaltamento de Miracema" está trazendo um bom debate através de comentários. Participe você também.
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3 comentários:
Tudo poderia ser com deveria ser (...), mas infelizmente, não é...
comentário a respeito do asfalto em Miracema, conforme proposto no blog o vagalume . Participem deste comentário
Márith Eiras Scot
(Biólogo)
“Precisamos quebrar paradigmas. Paradigmas podem ser valiosos e até salvar vidas quando usados adequadamente. Mas podem se tornar perigosos se os tomarmos como verdades absolutas, sem aceitarmos qualquer possibilidade de mudança, e deixarmos que eles filtrem às novas informações as mudanças que acontecem no decorrer da vida”.
James C. Hunter
Tudo poderia ser com deveria ser (...), mas infelizmente, não é...
Aproximadamente 25% dos municípios brasileiros são afetados por desastres relacionados às chuvas a cada ano. Somos culpados por uma enorme parcela dos desastres que assistimos frequentemente nos noticiários, fenômenos avassaladores passaram a acontecer nas cidades. Segundo a Agência da FAPESP(Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo) a cada ano, em períodos de chuvas mais intensas, repetem-se pelo Brasil as cenas de tragédias provocadas por enchentes e deslizamentos de terra. Esses desastres periódicos são, muitas vezes, indevidamente atribuídos apenas à intensidade dos fenômenos naturais. No entanto, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), um grupo de especialistas no tema adota uma perspectiva mais crítica: “os desastres são recorrentes no país por falta de uma cultura de prevenção”. A prevenção talvez seja uma realidade para muitas pessoas, mas pode-se tornar utopia nos momentos da verdade. É preciso buscar soluções necessárias e adequadas para que as ações não inviabilizem os resultados. Devemos diminuir a vulnerabilidade para termos uma vida mais segura. Para tanto, toda e qualquer medida de prevenção deve estar comprometida dentro de contextos técnicos, sociais, econômicos e culturais para não alcançarmos dissabores futuros.
Progresso é sinônimo de impermeabilização?
A impermeabilidade dos solos é uma grande vilã do ambiente urbano, pois não permite que as águas sejam absorvidas pela terra, o que promove as enchentes. Os terrenos antes cobertos por mata, hoje são impermeabilizados por asfalto, calçadas e construções. Os desastres naturais vêm intensificando os prejuízos nas cidades devido ao mau planejamento urbano.
Com o passar do tempo aumenta-se a demanda para se melhorar a qualidade de vida da população da área urbana em conformidade à modernização e construção dos equipamentos urbanos que, juntamente com uma explosão demográfica desordenada da população agravaram-se os problemas ambientais devido a má ocupação e uso irregular do solo.
Segundo Masato (2006) dentre os principais fatores que contribuem para desencadear os desastres nas áreas urbanas destacam-se: a impermeabilização do solo, o adensamento das construções, a conservação de calor e a poluição do ar.
O concreto e o asfalto têm maior capacidade de absorção de calor e impermeabilizam o solo fazendo com que a água evapore rapidamente e não possibilite o resfriamento e a umidificação do ar. Uma das formas de mitigar esses efeitos é a criação e manutenção de áreas verdes nos centros urbanos, o que irá contribuir para remoção dos poluentes no ar, reduzir a temperatura, diminuir a poluição sonora, proteger o solo da radiação solar, aumentar a qualidade relativa do ar, ou seja, plantar árvores é dar melhor qualidade de vida perante o “achismo” de que impermeabilizar é progredir.
Arborização Urbana
Segundo Coltro (2007) as árvores nas cidades proporcionam benefícios de ordem ecológica (clima e poluição) biológica (saúde física) e psicológica (saúde mental), aumenta a satisfação de seus habitantes, o valor das propriedades e proporciona um estímulo a sensibilidade humana.
Alguém já percebeu como é tratada a arborização do nosso município? Ou se é tratada de forma correta? O que se tem feito para aumentar a diversidade biológica das espécies? Qual critério técnico é usado para a manutenção e poda?
No município de Miracema há 2537 indivíduos arbóreos (nas calçadas) existe um déficit de cobertura vegetal (hoje há 0,09 árvores por habitante e deveria ser de pelo menos duas árvores para cada habitante e/ou 12 metros quadrados de cobertura verde para cada habitante).
Há problemas de diversidade de espécies, número alto de espécies exóticas, árvores que prejudicam o calçamento, número elevado de árvores que recebem podas sem critério técnico (podas drásticas). A poda drástica é a retirada de um número elevado de folhas e galhos, com isto há uma diminuição dos benefícios naturais que as árvores proporcionam, como por exemplo: uma árvore frondosa, com sua copa com poucas intervenções pode chegar a umedecer o ar com 380 litros de água por dia. Uma árvore frondosa como a Sibipiruna ou uma Tipuana tem um efeito refrescante equivalente a cinco aparelhos de ar condicionado ligados vinte horas por dia. Portanto, podar drasticamente é diminuir drasticamente estes benefícios. Há práticas de caiação e pintura no tronco das árvores, fato este desaconselhado, pois além de prejudicar a árvore, pois existem organismos que vivem no caule que ajudam na defesa é antiestético.
Devem-se estabelecer estratégias para se obter uma melhor arborização, pois uma das soluções para mitigar os efeitos adversos do então “progresso” é mal tratada e não se tem a atenção devida.
Às vezes as soluções para os problemas estão a nossa frente, sob nossas cabeças e em cima das calçadas e relutamos em enxergar. É preciso investir em qualidade ambiental, seja em forma de arborização, reflorestamento de áreas de preservação permanente (topo de morro, mata ciliar, corredores ecológicos) ou criação de unidades de conservação. È fazer política Ambiental.
Um bom modelo de política ambiental respeita a premissa do Desenvolvimento Sustentável que é capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações.
Pode-se fazer política ambiental redirecionando recursos: as casas populares propostas em topo de morros (o que agrava os problemas ambientais) conforme foi descrito nestes links: http://blogovagalume.blogspot.com/2010/01/miracema-proposta-moradia-viva-ii.html e http://blogovagalume.blogspot.com/2010/01/miracema-proposta-moradia-viva.html, poderia ser ecologicamente mais justo com a construção de agrovilas (casas em áreas rurais) mitigando o efeito do êxodo rural, poderia colocar o asfalto a interligar municípios promovendo o escoamento de produtos agroindustriais, orgânicos das propriedades rurais, como por exemplo: o asfaltamento da rodovia que dá acesso a São José de Ubá/Paraíso do Tobias. As construções públicas e populares poderiam ter princípios de ecologia com aproveitamento das águas pluviais. Tudo poderia ser como deveria, mas infelizmente, não é...
Márith Eiras Scot
(Biólogo)
FIM
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