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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

OBRAS DO ATERRO SANITÁRIO DE SEROPÉDICA ALTERAM ROTINA DE COMUNIDADE RURAL

Os aterros sanitários consorciados serão construídos em todos o estado do RJ. Essa é uma política do governo do estado com o objetivo de acabar com os lixões.
O portal de notícias R7 divulgou matéria que dá conta de que os moradores de Seropédica, na Baixada Fluminense, têm vivido dias de grande expectativa diante do início das operações do CTR (Centro de Tratamento de Resíduos) em Santa Rosa, em março. Com a desativação do aterro de Gramacho, na vizinha Duque de Caxias, o município vai passar a receber 9.000 toneladas de lixo produzidas diariamente na cidade do Rio de Janeiro.
Desde que as obras foram retomadas em outubro de 2010, caminhões e máquinas pesadas dividem a RJ-099 (estrada de Piranema) com bois e vacas de produtores do bucólico bairro de Chaperó. A partir do ano que vem, a rodovia passará a receber dezenas de veículos que diariamente farão o transporte do lixo proveniente do Rio.
Além do grande número de tratores e retroescavadeiras, a primeira observação feita pelos moradores da comunidade é que o calor aumentou com a chegada do asfalto, como conta a dona de casa Maria Tereza de Paula, de 57 anos. 

- Aqui antes era fresquinho, depois que asfaltaram esquentou muito.

A construção do CTR de Santa Rosa vai permitir a desativação do aterro de Gramacho, em Duque de Caxias, e promete dar uma destinação adequada para o lixo de três municípios (Rio de Janeiro, Seropédica e Itaguaí). Além disso, será fundamental para que a capital consiga atingir a meta de redução de gases poluentes em 20% até 2020.
Mas o empreendimento enfrenta a oposição de ambientalistas, da atual gestão municipal de Seropédica, da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) e da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que temem danos ao meio ambiente. Autoridades municipais também denunciam irregularidades no processo de licenciamento. 
A presença de população a poucos metros do aterro e de um assentamento de produtores rurais também é alvo de críticas do movimento de oposição à construção do CTR, que nesta quinta-feira (17) criou um grupo de técnicos que estudará o tema e fará parte do Comitê Guandu.
A aposentada Maria Aparecida de Paula, 65 anos, que vive há cerca de um quilômetro do local, teme que o lixo possa trazer mau cheiro. 

- Eles dizem que não, mas não vai ser bom, principalmente quando ventar.

Dono de uma casa em frente ao terreno onde será construído o aterro, no bairro de Chaperó, o aposentado Guilherme Zanini, de 79 anos, conta que quando comprou o sobrado não sabia que seria vizinho do CTR, que em breve deve obstruir a bonita vista da serra da Cambraia a partir da varanda.
- Moro aqui há três anos, quando comprei não sabia que ia ter um lixão. Sei que coisa boa não é, mas se for lá pra baixo, tudo bem.

Contaminação do solo

Segundo o secretário de Meio Ambiente de Seropédica, Ademar Quintela, no entorno do CTR há 57 sítios que produzem alimentos orgânicos e que podem ser prejudicados caso haja contaminação das águas subterrâneas. 

- Já documentei os riscos de danos a dois córregos, mas até hoje não tive resposta. O Inea [Instituto Estadual do Ambiente] não nos responde. A construção de uma estação de tratamento de chorume só foi possível porque aterraram os córregos.

A Ciclus, empresa responsável pelo projeto e operação do Centro de Tratamento de Resíduos de Santa Rosa, informou que o empreendimento está de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos e será uma referência na gestão do lixo no país. 
Procurada, a Ciclus, responsável pelo empreendimento, não quis dar entrevista. Por meio de uma nota, a empresa afirmou que todas as precauções para evitar danos ao meio ambiente foram tomadas e que o empreendimento gera muita polêmica por ser confundido com um lixão.
Segundo o consórcio, a CTR Santa Rosa terá “uma complexa rede de dutos superficiais e subterrâneos” para evitar problemas na rede de drenagem subterrânea e superficial do terreno, que é uma área inundável.
No entanto, a empresa não esclareceu o que foi feito com os córregos superficiais, uma das questões apontadas em um relatório feito em 2009 por peritos do Grupo de Apoio Técnico Especializado do Ministério Público do Rio.
A Prefeitura de Seropédica afirma que a única contrapartida concreta que a cidade terá em troca de receber todo o lixo produzido no Rio será a desativação do lixão onde os resíduos do município eram despejados até então, de forma irregular.
A Ciclus, por sua vez, afirmou que empregou 280 funcionários durante as obras e que outras 600 vagas diretas serão geradas quando o aterro estiver operando em sua capacidade máxima. Além disso, o CTR vai aumentar a arrecadação de ISS (Imposto sobre Serviço) e do ICMS Verde, que beneficia os municípios com ações de preservação do meio ambiente.
Consultado, o Inea, que é responsável por fiscalizar o empreendimento, se limitou a informar por meio de uma nota que o processo de licenciamento está sendo realizado de acordo com as normas técnicas ambientais.


LEIA TAMBÉM A MATÉRIA DIVULGADA NA AGÊNCIA DE NOTÍCIAS JORNAL DE FLORIPA

Um comentário:

Luiz Carlos Martins Pinheiro disse...

Amiga Angeline

Há tecnologia mais que bastante disponíveis, de experiência comprovada, para que tais temores genéricos não ocorram.

Evidentemente que tudo depende os estudos e dos projetos elaborados.

Por exemplo em se trantado de lixo, ou resíduos, como queiram originários do Rio de Janeiro é de ser estudada a possibilidade de ser feito o transporte por via férrea, não ocasionando nenhum problema em vias rodovárias. Será que isto foi devidamente estudado?

Abraços, saúde e Paz de Cristo.
Luiz Carlos/MPmemória.

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