O blogueiro Adriano Ferrarez, do blogue "Em Lugar de Uma Carta", que é também professor do IFF Itaperuna, entrevistou o blogueiro de Campos, professor Roberto Moraes, e Adriano assim inaugurou a coluna "Dedo de Prosa" em seu blogue.. A entrevista é muito boa e trata de temas muito importantes para as regiões Norte e Noroeste fluminense.
Abaixo destacamos uma das perguntas:
Em Lugar de Uma Carta: As região noroeste fluminense é uma das menos desenvolvidas do Estado do Rio de Janeiro, apresenta um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) bastante baixo. A juventude e os trabalhadores da região noroeste buscam oportunidades na Bacia de Campos, podemos chamar esse movimento de retirantes do noroeste. Na sua opinião existem perspectivas e alternativas para que o noroeste fluminense inaugure um ciclo desenvolvimentista?Resposta: De uma forma geral, pode-se dizer que o interior do nosso estado, sendo o Noroeste um caso ainda mais especial, vem ficando à margem do planejamento estadual. A capital e a região metropolitana, ainda pela sua origem de capital da República, concentram a economia e as preocupações do governante de forma quase total. A região sul por ficar no eixo Rio - São Paulo acabou despertando alguma atenção fora da metrópole, porém, a região Norte, que antes era única e englobava a hoje conhecida região Noroeste, que se desmembrou para se tornar conhecida e não polarizada por Campos, porque na prática isto já tinha deixado de ocorrer, foi ficando por conta própria e sempre tratada de maneira pontual e nunca estratégica. O norte deu um salto com um fato externo que foi a descoberta do petróleo no litoral de Campos e Macaé, e por conta disto, passaram a ter acesso aos recursos dos royalties que trouxeram oportunidades que antes não existia, mas não se pode dizer que foram ações governamentais, foram conseqüências. Todos os planejamentos estaduais, apenas estudam e fazem diagnósticos para esta região, mas as ações e os desdobramentos acabam por se diluir nas promessas de apoio político ao governador, ou ao seu candidato, em troca de uma ponte, um asfaltamento, um posto de saúde ou outros projetos pontuais via o Padem (Programa de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios). As ações mais estratégicas vão ficando para trás e os municípios vão vivendo e fazendo um pouco mais, quando têm bons e sérios gestores, ou menos quando se tem o inverso. O Noroeste tem alguns nichos de atuação em APLs (Arranjos Produtivos Locais) que geram trabalho e renda, mas não transformam suas economias de maneira mais significativa como o desejado, especialmente, pelos mais jovens, que enxergam como única alternativa, o acesso ao emprego nos municípios das outras região cujas economias se mostram mais dinâmicas como é o caso de Macaé com a cadeia produtiva de óleo & gás e agora, as possibilidades do Açu com o porto e as demais atividades em fase de projeto e construção. O fato de estar próximo a Campos e Macaé ajuda, porque, de uma forma ou outra, o dinheiro ganho nestas atividades, nas cidades vizinhas acaba circulando incrementando a construção civil, o comércio, a produção de alimentos e a prestação de outros serviços. Os campi do IFF em Itaperuna, Bom Jesus e dentro em breve, o Pólo de Ensino a Distância em Miracema e a possibilidade de mais um campus em Santo Antônio de Pádua, são e serão cada vez mais, agentes importantes, no debate junto da população, dos poderes públicos e de organizações da sociedade, na busca de programas e projetos que estruturem de forma estratégica e sistêmica, o desenvolvimento da região. O Noroeste tem uma característica que pode ajudar na formatação de um programa que integre mais as cidades com projetos complementares, já que a diferença de porte entre os municípios é menor, apenas Itaperuna é maior, mas não tanto como Campos em relação a Cardoso ou São Fidélis, por exemplo. A construção civil como em grande parte do território nacional está crescendo significativamente na região Noroeste. Isto é perceptível, e isto ajuda a alavancar outras possibilidades na região, sem que isto, signifique deixar de lado algumas vocações naturais ligados à agropecuária e ao turismo. Da onde sairão os alimentos in natura ou industrializados que serão consumidos pelas populações cada vez maiores de Campos e Macaé? Não acredito em planejamento técnico, por isso, vejo que é no debate com a população e suas organizações é que se construirá este caminho, que, preferencialmente deveria ser integrado entre as cidades. O próprio grupo EBX tem uma visão maior da necessidade desta região, próxima ao seu empreendimento, ter uma dinâmica que se agregue em novas perspectivas junto ao interior do estado.
Para ler a entrevista completa clique AQUI.
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