"É impossível prever o que será a nova Líbia sem Kadafi. O movimento rebelde não está dominado pelo fundamentalismo islâmico, como temeu o Ocidente, mas seria apressado defini-lo como uma luta pela democracia. A insurreição foi, sim, um salto contra a tirania, sem cogitar o que pode ser colocado no lugar do opressor. A Líbia é um deserto institucional. As quatro décadas de poder de Kadafi, com seus expurgos e decretos estapafúrdios, forjaram um país peculiar. Ali não há Parlamento de fato, partidos políticos, ministérios que funcionem, empresas privadas ou qualquer sinal do que poderia ser chamado de “sociedade civil”. Não existe sequer um Exército formal bem constituído, pois Kadafi, temendo golpes, preferia organizar suas milícias tribais. Há, porém, o petróleo. Muito petróleo. E é isso que move líderes mundiais a mostrar interesse em fazer negócios com o novo governo. Nações que ignoraram o levante popular, como a China e o Brasil, tentam garantir ativos empresariais de investimentos realizados na “era Kadafi”. Americanos e europeus discutem prazos para devolver ao Conselho Nacional de Transição (CNT) os bilionários recursos líbios confiscados durante a guerra civil. Prazos para a normalização da produção de petróleo são estipulados e custos para a reconstrução da infraestrutura começam a ser estimados. Mas, na verdade, ninguém sabe ainda quem ou o que poderá unir as tribos líbias para dar unidade a um novo governo. Em tempos de cachorro louco à solta, as manhãs em Trípoli são incertas."
Um comentário:
Amiga Angeline
Nos parece uma boa apreciação do assunto.
Abraços, saúde e Paz de Cristo.
Luiz Carlos/MPmemória.
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