De cara, diria que se trata de assunto interno do partido.
Mas ocorre que a direção resolveu deixar público, escancarado, como uma
notícia. Neste caso, deixa de ser uma sinalização para público interno, mesmo
que, no frigir dos ovos, seja a velha mania de dirigentes utilizarem a grande
imprensa para conversar com sua base.
A questão é que a "ação entre amigos" adota um tom patrimonialista.
Explico. Vários dirigentes e parlamentares do PT que foram julgados e
condenados pelo STF tiveram condenação por ação individual. Assim, nem partido,
nem filiados foram julgados. A sigal continua funcionando normalmente. Ora, por
qual motivo, então, se passa a rifa para ajudar os condenados? A única resposta
é solidariedade. Neste caso, a direção do partido estaria assumindo que não
concordou, em nenhuma hipótese de condenação do STF. Mas, se é assim, por qual
motivo se expôs tão pouco? Por que recuou à uma nota raquítica de crítica ao
STF?
É aí que o uso do dinheiro dos filiados como contribuição para pagar uma dívida
pessoal com a sociedade brasileira (julgada por Poder independente) resvala na
noção dos filiados como patrimônio da direção partidária.
Algo muito distinto da contribuição facultada a quem tinha convicção pessoal
para ajudar a deputada Luiza Erundina a pagar uma condenação por divulgar a
greve de funcionários das empresas de ônibus. Não houve ordem unida, mas
engajamento individual à causa. E, no caso de Erundina, havia convicção
ideológica de que ela havia feito o certo. Não me parece que esta convicção seja
algo generalizado no PT.
Enfim, a forma como uma direção se relaciona com seus filiados deve indicar
como percebe as relações políticas na sociedade e o método de tomada de
decisão.
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