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sábado, 23 de fevereiro de 2013

Breve entrevista sobre eleições 2014


Abaixo, reproduzo a breve entrevista solicitada pela jornalista Andrea Dominguez, correspondente no Brasil do jornal Notícias de Colômbia:

1. Qual é o principal desafio de Dilma para se reeleger em 2014? 
R: São dois desafios: manter a base aliada unida ao redor de sua candidatura (em especial, PSB e PDT) e sustentar o nível de consumo familiar (principal fator de popularidade do lulismo). 

2. A potencial candidatura de Eduardo Campos tem a capacidade de ferir gravemente as intenções do PT nessa campanha? 
R: Eu acredito que é mais prejudicial, em termos eleitorais, à candidatura de Aécio Neves que à de Dilma. Explico: Aécio é, ainda, uma liderança mineira, que não consegue penetrar no nordeste. E ninguém se elege Presidente sem o nordeste. Dilma tem alta popularidade no nordeste em função das políticas de fomento ao consumo e transferência de renda. É a região que recebeu mais recursos do BNDES nos últimos anos, por exemplo, além de concentrar o bolsa família. Aécio tenta atrair Eduardo Campos justamente em função desta situação. Na pesquisa Datafolha do final do ano passado, a penúria do senador mineiro é claramente revelada, ficando em terceiro lugar, ou quarto, em todos cenários de projeção de votos para Presidente. No caso de Dilma a candidatura de Campos parece ruim para a governabilidade. Só teria problema eleitoral se Campos fosse vice de Aécio, o que parece totalmente descartado pelo PSB. Contudo, se Eduardo Campos sai como candidato a Presidente, diminui espaços de Aécio e Dilma (embora ela mantenha vantagem eleitoral sobre Aécio) no nordeste e obrigará o governo federal a abrir mais espaço para o PMDB. Perceba que numa vitória de Dilma, a recomposição com o PSB será mais difícil, principalmente em função da ocupação do espaço que hoje os socialistas têm no governo federal. 

3. Qual a importância que Lula terá neste processo? 

R: Dilma não tem cognição política. Ela é gerente, mas péssima política. Lula é o artífice dos acordos políticos, seja com partidos da base aliada (PMDB, PSB, PDT, entre outros), seja com forças políticas importantes (igreja católica e evangélicos). Também é o dirigente maior do PT. Em outras palavras, é ele que costura acordos. Também é quem define a estratégia eleitoral e alianças. Veja o caso da engenharia política que está montando: procura lançar a candidatura de Michel Temer ao governo de São Paulo e, assim, abrir espaço para compor com Eduardo Campos na chapa com Dilma. Mataria dois coelhos com uma cajadada (atrairia o PSB no país todo para a reeleição e criaria uma chapa muito competitiva para derrubar o PSDB do governo paulista). Este é e continuará sendo o principal papel de Lula no processo eleitoral. Também terá papéis secundários: uma espécie de "memória" das diferenças entre governos tucanos e lulistas e, quando necessário, sairá em defesa de Dilma, atacando adversários, o que poupará a candidata 
petista.

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