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quinta-feira, 5 de abril de 2018

IHU-UNISINOS: RUDÁ RICCI ANALISA A DECISÃO DO STF SOBRE HABBEAS CORPUS DO EX-PRESIDENTE LULA

1) Qual sua avaliação do julgamento de habeas corpus do ex-presidente Lula pelo STF?
R: Não houve uma surpresa. Vários analistas sugeriam que a votação teria como placar 6 a 5 ou 7 a 3 (sem voto de minerva da Presidente). Também indicavam que o voto de Rosa Weber definiria o resultado final. Havia claro indício que seria concedido o HC por uma margem pequena. Contudo, a pressão dos maiores órgãos de imprensa e a ameaça de generais fez a balança pender para o outro lado. Isto porque, a presidência atual do STF é fortemente impactada pela possibilidade de instabilidade social ou política no Brasil. É conhecida por costumeiramente ouvir lideranças politicas conservadoras para medir a temperatura política às vésperas de algum julgamento relevante.

2) Qual será o impacto político da condenação do ex-presidente Lula?
R: O impacto político será imenso e desastroso. Em perspectiva, é possível perceber que houve, nos dias anteriores, uma escalada da violência política no país, com assassinatos de políticos e lideranças sociais e ataque, com armas de fogo, à caravana de Lula no sul do país. Às vésperas da decisão do STF, as forças de extrema-direita (como o MBL), organizaram manifestações em algumas capitais. Enfim, a ofensiva foi toda da extrema-direita, seja dessas organizações juvenis, seja de milicianos ou de alguns ruralistas. A decisão do STF joga no colo da extrema-direita um gosto de vitória que lhe dará muita energia. E criará grande desolação na militância de base petista, já que a direção partidária não preparou, em nenhum momento, os filiados para retomar a ofensiva política. Ao contrário: jogou todas as fichas no processo eleitoral e, em especial, na candidatura de Lula. Já as forças de centro-direita e direita estão no poder, mas sem popularidade e poder de iniciativa real. Não conseguem controlar os arroubos da ação direta da extrema-direita, que geram este clima de instabilidade num país que se mexicaniza aceleradamente (se aproxima da violência política do México ou da Colômbia). Acredito que ingressaremos num período de trevas, com ameaças constantes (já que as atuais foram vitoriosas) ao governo de plantão. Nosso problema não será a eleição deste ano, mas a governabilidade do eleito.

3) Quais são as perspectivas políticas daqui para frente, considerando o resultado do julgamento?
R: As perspectivas são bem ruins. O clima de chantagem e ameaças e, eventualmente, de ações diretas violentas contra lideranças sociais e políticos de esquerda deve se ampliar ou se consolidar como expediente de forças sociais com pendor fascista. Tais forças estão fora do sistema partidário (ou possuem pouca influência) e do campo institucional. São forças ainda não articuladas nacionalmente, mas que agem com motivações similares: impor sua vontade pela força ou ameaça de desestabilização política. Elas saíram vitoriosas. Evidentemente que as forças governistas ou anti-lulistas tentam diminuir o risco da ação do monstro que alimentaram. Segmentos dessas forças anti-lulistas que não fazem parte das hostes de extrema-direita nem mesmo entenderam o perigo que está posto neste momento. Perceberão em breve. Se não neste ano, com certeza terão uma noção do descontrole político do país em 2019.

Disponível em: <https://www.facebook.com/ruda.ricci/posts/10155757526021843>, em 05abr2018, 22h15. Entrevista concedida à IHU--UNISINOS, disponibilizada no Facebook pelo entrevistado.
http://www.ihu.unisinos.br/

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