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segunda-feira, 20 de julho de 2020

ENTREVISTA COM O SECRETÁRIO DE SAÚDE DE SÃO JOSÉ DE UBÁ

O blogue entrevistou o secretário de Saúde do município de São José de Ubá, no Noroeste fluminense, que é um município jovem e com uma população de 7.171 pessoas, segundo dados estimados pelo IBGE (2019).

O município é conhecido como "terra do tomate", por ser um grande produtor de tomate. Recentemente, os produtores agrícolas do município têm investido também na laranja, sendo a citricultura uma forma de diversificação da produção, dada a grande oscilação de preços do tomate.

A infraestrutura de saúde da região Noroeste fluminense tem alta dependência do município de Itaperuna, sobretudo ao Hospital São José do Avaí. No entanto, com a crise da pandemia, o município buscou caminhos para garantir assistência à população.


Esse boletim é rigorosamente divulgado diariamente, pela manhã, por volta das 10h.


ENTREVISTA 

BLOG O VAGALUME: A Pandemia de Coronavírus tem sido um grande desafio de gestão pública em todo o mundo, sobretudo no Brasil, que simultaneamente, convive com crise sanitária e econômica e uma grave crise política. Quais as principais dificuldades que o interior do RJ tem enfrentado nesse sentido?


MARCELO POEYS: A Pandemia pegou a todos de surpresa, o Mundo parou por conta disso, e com isso as ações a serem tomadas foram gradativamente implementadas de acordo com aquelas experiências exitosas, que foram dando certo em cidades pelo mundo, como exemplos a serem seguidos.
No Brasil, o que vejo enquanto gestor de Saúde, é que faltou um planejamento nacional de ações  e diretrizes para ser publicado /  implementado e seguido de forma uniforme por todos os Estados e Municípios.  Infelizmente, tal protocolo não aconteceu, deixando o Governo Federal a critério de cada Estado e Município decidirem quais ações implementar, e isso acabou se tornando mais um problema a ser enfrentado pelos governantes, gestores, profissionais de saúde e principalmente pela população e usuários do sistema único de saúde, pois cada Estado/Cidade decidiu implementar ações diferentes.

Além das dificuldades acima mencionadas, nós do Interior do RJ enfrentamos problemas maiores, tendo em vista a falta de recursos financeiros e principalmente de leitos (enfermaria e CTI) que já era um problema pré-existente e que com o advento da COVID-19 só agravou, pois ao invés de criarem novos leitos exclusivos para COVID, pegaram parte dos leitos que estavam habilitados (já existentes) e “reservaram” exclusivamente para internações de pacientes com CORONAVÍRUS, ou seja, a dificuldade que tínhamos para conseguir vaga para pacientes acometidos por outras comorbidades, principalmente de CTI, pioraram ainda mais, pois a quantidade antes insuficiente para atender à demanda, com o advento da COVID-19, essa quantidade ficou menor ainda.
Em relação à Pandemia, o boletim epidemiológico divulgado hoje informa que o município tem um total de 205 casos notificados, sendo: 107 confirmados, 13 suspeitos, 14 internações, 10 ativos, 4 mortes, 85 descartados e 93 curados.

BLOG O VAGALUME: A região Noroeste fluminense tem registrado uma taxa de letalidade (número de mortes sobre o número de casos confirmados) pouco superior a 2%, no entanto, alguns municípios apresentam essa taxa muito elevada. Os 3 municípios com taxa de letalidade mais elevada na região são Miracema (6,3%), Itaocara (6%) e São José de Ubá (5,5%), dados do dia 13-jun-2020. O que justifica e explica essa situação?

MARCELO POEYS: Como dito anteriormente, cada Estado / Município criou seu próprio protocolo, e em nosso Município (São José de Ubá) implementamos o protocolo de colher exames de TODOS os pacientes, que apresentassem qualquer um dos sintomas, e que procurassem atendimento em nossa Rede Pública, ou seja, não temos subnotificações, nossas estatísticas são reais com base nos atendimentos e exames realizados, com total transparência, ratificada em Boletins liberados diariamente desde o início da Pandemia, logo, verifica-se que o registro de óbitos no Município comparado aos demais, encontra-se dentro de uma normalidade estatística, tendo por base o número de habitantes.

BLOG O VAGALUME: Como gestor de saúde do município de SJU, quais as ações que foram necessárias para enfrentar a pandemia? E qual a sua avaliação sobre os resultados até agora? E as expectativas quanto ao futuro?

MARCELO POEYS: No início da Pandemia, após verificar o número de leitos que os hospitais de referência (Bom Jesus e Itaperuna) iriam disponibilizar para pacientes de COVID-19, bem como verificar que a entrada em referidos hospitais seriam feitas somente via Central de Regulação Estadual, e que não seriam permitidas internações via convênio, tomando por base a estrutura que possuímos (apenas um Pronto Atendimento Médico com uma Sala de Estabilização com um único leito) tomamos a iniciativa de montar uma estrutura auxiliar que pudesse nos oferecer segurança para atendimento e estabilização dos pacientes, oferecendo total acolhimento de forma humanizada aos usuários.
Hoje temos uma estrutura exclusiva para COVID-19, de aproximadamente 170m² montada, que funciona 24h por dia, anexa ao nosso Pronto Atendimento, com um Consultório Médico, uma Sala para Exames, um ambiente com quatro leitos de repouso com respiradores, e mais uma Sala Vermelha com cinco leitos de CTI completos para a estabilização de pacientes graves até que a vaga em hospital de referência seja liberada, bem como, ambulância UTI Móvel exclusiva. Em separado temos refeitório, dormitório, banheiro para os profissionais de saúde e pacientes, de forma a evitar que tenham contato com os profissionais e pacientes que trabalham no plantão de nosso Pronto Atendimento.
Além disso, desde o início implementamos uma Barreira Sanitária na entrada da Cidade, Campanha de Conscientização da População sobre a prevenção orientando a lavagem de mãos, higiene, uso de álcool em gel, máscaras, distanciamento social, etc, assim como o isolamento social e quarentena, essa após testagem positiva do paciente, para fazer isolamento vertical (de toda a Família) por 14 dias conforme orientação da Organização Mundial de Saúde – OMS e adotamos um protocolo municipal de quarentena por mais 07 dias, ou seja, um total de 21 dias de quarentena e isolamento total. A grande dificuldade foi a conscientização e adesão da população às medidas adotadas, pois no início, muitos acreditavam que seria uma coisa distante a possibilidade da chegada da COVID-19 em nosso Município, porém hoje, a realidade é outra, e a população tem aderido de forma mais tranquila e consciente.
Enquanto gestores públicos, temos feito nossa parte com total aval do Prefeito Marcionílio Botelho Moreira, a quem aproveito a oportunidade para agradecer a confiança depositada, que não tem medido esforços para, dentro do possível, oferecer uma tranquilidade à população e familiares de pacientes, oferecendo suporte e estrutura para o atendimento com total acolhimento e humanização.
O Futuro à Deus pertence, mas confiamos NELE para que ilumine os cientistas de todo mundo para que se descubram a vacina eficiente para a cura e prevenção dessa doença que veio para mudar a nossa rotina e nos adequar ao “novo normal” em que vivemos.

O blogue parabeniza o município pelas ações tomadas para o enfrentamento da pandemia de Coronavírus!

Um comentário:

Anônimo disse...

S José de Ubá é um município que está avançando. O prefeito tem atuado muito bem para garantir atendimento a todos. Obrigado! Prefeito e secretário, obrigado.

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