O meu espaço de compartilhamento, de arquivamento e tantas outras coisas é o blogue. Não sou leitora de poesias habitualmente, por pura falta de costume, apesar de me emocionar em demasia com várias delas... A dica veio de uma amiga muito querida e compartilho com os leitores vagalumes... no momento poético de hoje.
Poema de Mario Benedetti recitado por André Morais com Prelúdios 3 e 4 de Villa-Lobos Série Poética Eu Lírico
Se cada hora vem com sua morte
se o tempo é um covil de ladrões
os ares já não são tão bons ares
e a vida é nada mais que um alvo móvel
você perguntará por que cantamos
se nossos bravos ficam sem braço
a pátria está morrendo de tristeza
e o coração do homem se fez cacos
antes mesmo de explodir a vergonha
você perguntará por que cantamos
se estamos longe como um horizonte
se lá ficaram as árvores e céu
se cada noite é sempre alguma ausência
e cada despertar um desencontro
você perguntará por que cantamos
cantamos porque o rio esta soando
e quando soa o rio / soa o rio
cantamos porque o cruel não tem nome
embora tenha nome seu destino
cantamos pela infância e porque tudo
e porque algum futuro e porque o povo
cantamos porque os sobreviventes
e nossos mortos querem que cantemos
cantamos porque o grito só não basta
e já não basta o pranto nem a raiva
cantamos porque cremos nessa gente
e porque venceremos a derrota
cantamos porque o sol nos reconhece
e porque o campo cheira a primavera
e porque nesse talo e lá no fruto
cada pergunta tem a sua resposta
cantamos porque chove sobre a terra
e somos militantes desta vida
e porque não podemos nem queremos
deixar que a canção se torne cinzas.
Direção, Iluminação, Montagem e Finalização Audiovisual: André Morais
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