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quinta-feira, 18 de novembro de 2021

DO LIBERDADE DE EXPRESSÃO: FIAÇÃO E TECELAGEM SÃO MARTINO

O blogueiro Ademir Tadeu, mais conhecido como Tadeu Miracema, acabou de postar na sua página do Facebook a matéria do jornal Liberdade de Expressão, edição 233, de jun-2019, da autoria de Marcelo Salim de Martino, que a seguir transcrevemos:


FIAÇÃO E TECELAGEM SÃO MARTINO

Por Marcelo Salim de Martino

Pesquisador e historiador 




A “Catedral do Trabalho de Miracema”, como se referia Melchíades Cardoso ao maior empreendimento industrial montado em Miracema durante o século XX, foi fundada pelo imigrante italiano Francisco Antônio Bruno de Martino, em 1906. Em 1908, apenas dois anos após a sua fundação, foi premiada com medalha de ouro na Exposição do Centenário da Abertura dos Portos às Nações Amigas. Francisco faleceu dez anos depois e a então Fábrica de Tecidos São Martino foi vendida ao seu irmão e sócio Miguel Bruno de Martino. Em 1922, nova medalha de ouro foi conquistada. Desta vez, pela participação na Exposição Industrial de 1922, realizada para celebrar o Centenário da Independência do Brasil.
Até 1925, a Fábrica possuía apenas o setor de tecelagem. A partir dessa época, foi introduzida a fiação, com máquinas importadas da Inglaterra, passando assim, a se denominar Fiação e Tecelagem São Martino Ltda.
Com a morte de Miguel Bruno de Martino, em março de 1931, a Fábrica foi vendida em leilão juntamente com seus bens a fim de cobrir o empréstimo feito para aquisição do maquinário importado diretamente de Manchester. Foi adquirida por um grupo de empresários miracemenses liderados pelo benemérito Chicralla Amim, posteriormente adquirida pelo também empreendedor libanês Efren Assed Kik.
A Fábrica impulsionou a vida social e a economia da cidade por muitos anos. Empregava centenas de operários, possuía um número significativo de teares que produziam milhares de metros de tecido por mês. Incentivou a fundação da Sociedade Operária, possuía time de futebol, bloco carnavalesco, participava de todas as manifestações cívicas da comunidade e realizava, no dia 1º de maio, por ocasião do Dia do Trabalho, uma missa em ação de graças e uma passeata pelas ruas da cidade para celebrar o Dia do Trabalhador.
O seu fechamento, em 1985, foi motivado pela falta de matéria prima. Na década de 90, seus proprietários fizeram uma nova tentativa de reativá-la, retornando com o setor de fiação, produzindo fios para as grandes tecelagens paulistas. Desta vez, prestes a completar seu centenário, teve suas atividades definitivamente encerradas, uma vez que não estava com suas instalações e equipamentos preparados para as mudanças tecnológicas implantadas pelo setor têxtil nacional.
Quem a conheceu em seu apogeu não se esquece do movimento frenético de seus teares, espuladeiras, filatórios e de seu apito às seis, às onze e às dezoito horas, anunciando a entrada dos operários, o horário do almoço e o encerramento da jornada diária de trabalho duro que tanto dignificou inúmeras famílias de nossa cidade. Como testemunho de um passado próspero e ainda presente na memória de muitos miracemenses, restou o pórtico central de sua fachada, atualmente, aguardando decisão judicial que prevê a recomposição da mesma, conforme estudo técnico realizado pelo INEPAC, atendendo demanda da comunidade local.

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