A antiga Praça dos Boêmios, localizada na esquina das ruas Santo Antônio e dos Gabriéis; término na Rua Francisco Procópio, no Centro de Miracema, hoje é denominada Praça José Giudice.
A praça recebeu esse nome pela Lei n. 84, de 16/06/1950:A Câmara Municipal de Miracema decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Artigo 1º. Fica aprovada a nova nomenclatura dos logradouros públicos, nesta cidade.
NOME ATUALPraça dos BoêmiosNOME A VIGORAR
José Giudice
Artigo 2º. Revogam-se as disposições em contrário.Prefeito Municipal
Prefeitura Municipal de Miracema, 16 de junho de 1950.
Ass. Altivo Mendes Linhares
QUEM FOI JOSÉ GIUDICE?
Cel. José Giudice e Dr. Themístocles de Almeida, advogado paduano e deputado. Fonte: Centro Cultural Melchíades Cardoso. José Giudice foi um imigrante italiano, originário da comune de Casaletto Spartano, Província de Salerno, Região de Campania, no Sul da Itália, de onde também se originaram tantos outros imigrantes italianos de Miracema. Fez fortuna em Miracema. O seu armazém era um verdadeiro empório, tinha de tudo que o freguês procurasse. Era representante de casas bancárias, comprador e exportador de café. Financiava os seus fregueses com "prazo de colheita", emprestava o dinheiro e fornecia as mercadorias.
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Casaletto Spartano, região de montanha. Foto da internet. |
Foi um dos incentivadores do Movimento Separatista de nosso Município. Hoje, existe uma praça com o seu nome, antiga Praça dos Boêmios, agora Praça José Giudice, no início da Rua dos Gabriéis, ou Rua do Café. Com a derrocada do café em 1929, quando faliram muitos agricultores e comerciantes, ele também foi à falência.Nesta crônica, vou contar fatos relatados por moradores mais antigos.Um carioca gozador, sabendo da fama do comerciante italiano que dizia sempre que tinha de tudo, resolveu lhe pregar uma peça. Entrou em seu estabelecimento e pediu uma peça para o seu carro importado. Qual não foi a sua surpresa quando o José Giudice voltou do fundo do armazém e trouxe a mercadoria solicitada. O carioca foi para o Hotel Braga, onde estava hospedado, e ficou pensando num meio de tirar um sarro com a cara do José Giudice. Voltou no outro dia e pediu ao José: Quero dois quilos de PODELA. O José, espantado: O que será isto? Se não atender vou perder a fama, e disse - Passa aqui amanhã para pegar, são 30 mil reis. Volta o carioca para o hotel. Onde é que ele vai achar uma mercadoria com este nome de PODELA?Vou dar o troco a esse carioca, pensou José Giudice. Mandou fazer uma feijoada, colocou um pouco de óleo de cróton para desandar, convidou todos os seus empregados e, após a feijoada, mandou que todos fossem ao banheiro. Recolheu todo aquele material com uma pá, colocou no forno por três horas, e, depois de seco, mandou moer e colocou numa lata bem fechada. Chega o carioca com ares de vitória. - Como é que é? Conseguiu a mercadoria? - Está aqui, são 30 mil reis. O carioca pegou um bocado do pó, cheirou uma pitada, encheu uma colher tentando descobrir o que era. "Mas isto é merda!". O José Giudice rindo: "Não, é o pó dela!”José Erasmo Tostes (1931); repassado por Marcelino Alvim Tostes (correio eletrônico: 29/03/2007).Fonte: LOGRADOUROS DE MIRACEMA, VOLUME VIII, Coord.: Luiz Carlos Martins Pinheiro e Ricarda Maria Leal Alvim.
Revista Fon Fon, 1918, ed. 20. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/259063/30190 . Acesso em: 22-abr-2023. |
José Judice casou-se com Carmela Curcio, nascida na mesma Província de Salerno, muito provavelmente no mesmo comune, de onde se originaram muitos membros da família Curcio. Tiveram duas filhas: Aurora e Flora.
Foi um grande comerciante e homem de negócios em Miracema entre o final do século XIX e primeira metade do XX. Tornou-se uma liderança política, tendo participado ativamente de grandes momentos de progresso na cidade. Também foi um líder entre os imigrantes italianos na região.
Segundo notícia do jornal carioca A Noite, de 20-mar-1917, através de sua empresa José Giudice & Cia. foi criada uma sub-agência do Banco do Brasil no distrito de Miracema.
É avô da grande escritora brasileira Maria Alice Giudice Barroso.
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Jornal A Noite, quinta-feira, 28-nov-1918, ed. 02500. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/348970_01/13975. Acesso em: 11-fev-2023. |
Finalmente, criou-se uma agência do Banco do Brasil, em nov-1918.
O jornal A Noite, noticiou numa quinta-feira, dia 17-nov-1932, o falecimento do Coronel José Giudice, ocorrido em 12-nov-1932. Está disponível aqui.
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