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segunda-feira, 5 de junho de 2023

MIRACEMA: DEU NO JORNAL LIBERDADE DE EXPRESSÃO - COLUNA "LÂMPADA DA MEMÓRIA"

 


"TUDO POR MIRACEMA"

Por Marcelo Salim de Martino

O aniversário de nossa cidade, nos da oportunidade de lembrar aos nossos conterrâneos e amigos que aqui residem, o real motivo dessa festa: A EMANCIPAÇÃO POLÍTICA E ADMINISTRATIVA DE MIRACEMA.1936 – 2023. Há oitenta e sete anos Miracema tornava-se uma cidade, graças à determinação, ao altruísmo, ao desprendimento e à força de homens e de mulheres, que movidos por um ideal, conquistaram nosso bem mais precioso – nossa LIBERDADE. 

“Tudo por Miracema”, era a inscrição que as mulheres miracemenses do Comitê Feminino, carregavam gravada no braço direito, bordada em letras verdes, nas suas vestes brancas durante os comoventes e emocionantes desfi les organizados no tempo da Campanha Separatista. Daí a origem das cores de nossa bandeira. 

 Dessas mulheres do Comitê, três tiveram destacada participação: Julieta Damasceno, Graziela Carvalho e Carmen Lemos. Além de subscreverem boletins convocando outras mulheres miracemenses para o movimento, liderarem passeatas pelas ruas do então distrito e participarem de comissões que se dirigiam à sede do governo fl uminense para solicitar a tão almejada emancipação, discursavam dos palanques, da sacada da residência do comerciante Chicralla Salim ou mesmo em cima de caixotes que eram posicionados nas esquinas ou em qualquer outro ponto em que houvesse concentração de gente e pudessem ser ouvidas. 

O testemunho dos que assistiram seus discursos naquela época e os registros documentais existentes não deixam dúvidas sobre a ativa participação da mulher miracemense, num período em que sequer lhes era concedido o direito ao voto nas eleições.

Pois foi assim, discursando ou escrevendo no “Libertas”, periódico fundado por Melchíades Cardoso que traduzia o sentimento da população miracemense daquela época, que as três se revezavam fazendo com que a voz feminina daquele grandioso e próspero distrito fosse ouvida e chegassem as autoridades fluminenses. 

Carmem Lemos professora, poetisa, declamadora e jornalista, sensibilizava a população miracemense com seus emocionantes discursos. Após a emancipação mudou-se para Belo Horizonte, onde tornou-se talentosa escritora.

Em 1934, quando foi realizada uma grande Convenção, nomeou-se por aclamação, o nome de 42 membros para compor uma comissão separatista que se reuniu com o Interventor Federal Com. Ary Parreiras. Anos mais tarde, foi homenageada como a “Miracemense Ausente nº1”, registrando em seu discurso: “(...) No Palácio do Ingá, em Niterói, os separatistas, em grande número, procuraram ganhar as simpatias do governador de então, daquela fi gura respeitável do eminente Comandante Ary Parreiras. A moça desta história, audaz como sempre, sem temer tapetes e cortinas, sem se intimidar com o ambiente luxuoso do Palácio, não se conteve e derramou sua alma entre aquelas quatro paredes, quando deu por si, pareceu-lhe ver lágrima nos olhos de alguns homens, inclusive nos do sr. Ary Parreiras. Que teria acontecido? Aí ela parou de falar. E veio aos seus ouvidos como em sonho, a voz quente do orador que a antecipava, era a voz do saudoso Cônego José Thomaz, lhe dizendo que “Acabava de falar a alma de Miracema”. 

Julieta Damasceno também era professora, poetisa, jornalista e oradora. No Grupo E. Dr. Ferreira da Luz, onde exerceu o magistério, foi a responsável pela criação do Jornal “Luzes Primordiais”, pela instalação das bibliotecas dos professores, do museu escolar e da biblioteca dos alunos. Da audiência em que os separatistas foram recebidos por Ary Parreiras no Ingá, há uma passagem muito interessante de D. Julieta. Num determinado momento em que o governador demonstrou preocupação, D. Julieta se dirigiu a ele fazendo o seguinte apelo em forma de trocadilho: “Ah! Ri, Parreiras! Ah! Ri, Parreiras! 

Graziela Carvalho, irmã do poeta Barroso de Carvalho, também foi professora, poetisa e teatróloga. Foi redatora do jornal “Monte Alegre”, além de ter colaborado com o “Jornal dos Municípios”, editado em Niterói. É autora de muitas peças teatrais e do Credo dos Miracemenses, sempre lido nas manifestações separatistas. 

 Ao relembrar as palavras e obras dessas três miracemenses de valor esperamos reacender o ideal de liberdade que norteou o movimento separatista de Miracema nos inspirando a novas conquistas.


Visite a página do jornal cultural de Miracema: https://andrexoxo.wixsite.com/liberdadedeexpressao

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