15 de Novembro: Professor de história da Uerj analisa os fatos por trás da data com lições sobre a Proclamação da República
Lições sobre a Proclamação da República, onde um personagem em estado febril, ao ser conduzido a um evento político para protestar contra o gabinete do primeiro-ministro grita: "Viva o Imperador", mas acaba sendo envolvido pela maçonaria, igreja católica e fazendeiros escravagistas em um golpe oportunista que derruba a Monarquia Brasileira que contava com o respeito e admiraçao de todo o mundo
RIO DE JANEIRO [ ABN NEWS ] — Uma República concebida e produzida sem que o povo fosse consultado. Esta é a opinião do professor Orlando de Barros sobre um dos momentos mais marcantes da história brasileira: a Proclamação da República, ocorrida em 15 de novembro de 1889. A comemoração da data, na próxima segunda-feira, é um convite para voltar no tempo e tirar lições para os dias atuais.
Como destaca o professor, que desde 1965 leciona na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), toda história tem várias versões, e cabe ao historiador analisá-las com critério. Segundo Barros, os livros escolares não estão incorretos ao divulgar os fatos, porém, há sempre algo mais a ser acrescentado, complementado.
- Minha versão da proclamação é a seguinte: ela se deve a uma infinidade de fatores, embora tenha sido deflagrada de modo imediato pelos militares, ou seja, tenha sido rigorosamente um golpe militar. De qualquer forma, a visão da Proclamação da República no Brasil sempre foi excludente em relação ao povo. A República foi concebida e produzida sem que o povo fosse consultado – analisa.
Relembrando a célebre frase do político Aristides Lobo que disse que “o povo assistiu a tudo bestializado”, ou seja, apático, sem tomar partido dos acontecimentos, o professor afirma que, ao contrário do plebiscito que aconteceu recentemente no Brasil para definir se o país voltaria a ter uma monarquia, continuaria no sistema presidencialista ou iria para um modelo parlamentarista, na época da proclamação não houve consulta popular.
- Foi um movimento produzido por elites, intelectuais, militares, grandes proprietários, e políticos, e não um movimento popular. Alguns segmentos populares, na verdade, queriam a monarquia. Os ex-escravos, por exemplo, estavam com a monarquia, com a princesa Isabel. Eles eram gratos pela abolição da escravidão e temiam que a República significasse a volta a ela – conta.
Na opinião de Barros, que é decano do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, professor aposentado do Colégio Pedro II e ex-professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), nos dias de hoje o povo não “assiste a tudo bestializado”, mas, na verdade, as forças que procuram condicionar a obediência, a conformidade, continuam presentes, elas nunca deixaram de existir. Só que em alguns momentos estão mais fortes e em outros, menos.
- A Proclamação da República abre a garrafa, e os diabinhos escapam. É o caso, por exemplo, do início da organização dos trabalhadores. A primeira feição da organização dos trabalhadores foi o anarquismo. Era uma época em que se enfrentava a polícia, o poder constituído. É claro que o povo e seus representantes saem sempre derrotados, mas sempre há uma pequena parcela da elite interessada no destino do povo. Getúlio começava seus discursos com “trabalhadores do Brasil”. O povo já queria que isso tivesse sido dito desde a proclamação – finaliza.
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FONTE: Agência Brasileira de Notícias - ABN
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