A saída para o gargalo cinematográfico existente no Estado do Rio é o reconhecimento dos cineclubes e a construção de novas salas de cinema. O tema foi debatido, nesta quarta-feira (05/10), pelo presidente da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), deputado Robson Leite (PT), durante audiência pública no Palácio Tiradentes. “A expansão da sétima arte não depende apenas da criação de novas salas para o circuito comercial. O Rio conta também com muitos cineclubes, sem fins lucrativos, que possuem um grande público. Cerca de 4 mil pessoas já frequentam estes espaços em todo o estado. Espaços esses que, se possuíssem incentivos, poderiam ser uma alternativa para um maior acesso da população ao cinema”, lembrou o parlamentar.
Leite garantiu que a comissão realizará uma nova audiência para discutir, especificamente, a situação destes cineclubes e de seus produtores. Para o presidente do colegiado, o efetivo desenvolvimento do audiovisual fluminense não está apenas no aumento das produções, mas também na diminuição dos preços de ingressos, na melhoria do sistema de transportes para um maior acesso às salas de exibição e em mais circulação de informação sobre filmes e cinemas. “Os incentivos devem estar equilibrados em todos os setores do processo, proporcionando a inclusão daqueles que ainda não tem acesso às salas de cinema”, completou.
Segundo a superintendente de audiovisual da Secretaria de Estado de Cultura, Julia Levy, a Secretaria realiza, há três anos, o Prêmio Adicional de Renda (PAR-RJ) e o Prêmio de Estímulo à Exibição do Cinema (Peec-RJ), que condecoram os cinemas que expõem mais obras brasileiras independentes em sua programação. Para o diretor do Cine Santa, cinema ganhador destes prêmios, Adil Tiscatti, os incentivos recebidos através dos prêmios “garantiram a sobrevivência” do único cinema do bairro de Santa Teresa.
“Com o dinheiro recebido, pude comprar melhores equipamentos para minha sala, o que resultou em uma maior atração de público. Hoje, o Cine Santa possui cerca de dez mil moradores em uma rede de cadastrados, que garante a sustentabilidade da sala, uma grande vitória graças aos fomentos do Estado”, afirmou Tiscatti.
O produtor executivo do Ponto Cine de Guadalupe, Adailton Medeiros, contou que o primeiro cinema deste bairro da zona Norte foi um dos pioneiros a receber verbas através de prêmios. “O Ponto Cine já exibiu 235 produções nacionais, sempre cobrando o preço de ingresso mais barato do Brasil: R$ 4, e mais de 100 mil pessoas já assistiram a um longa-metragem em uma de suas 73 poltronas. O reconhecimento público se reflete nos sucessivos Prêmios Adicionais de Renda que já ganhamos”, ressaltou.
Presente ao encontro, o diretor-presidente da Rio Filmes, Sérgio Sá Leitão, mostrou que o parque exibidor de filmes no Brasil só inclui 400 de seus cerca de cinco mil municípios e é menor do que o de países da América Latina, como a Argentina e o México. A Rio Filmes, empresa da Prefeitura do Rio que é vinculada à Secretaria Municipal de Cultura, atua nas áreas de distribuição, estímulo à formação de público e fomento à produção audiovisual. Segundo Sá Leitão, a prefeitura pretende estimular também a expansão do mercado exibidor, que hoje se tornou uma das grandes barreiras no acesso ao cinema.
“O Brasil tem 2.500 salas de cinema centralizadas em 900 pontos, principalmente nas cidades do Rio e de São Paulo. Hoje, a expansão do parque exibidor de filmes está diretamente ligada à expansão dos shopping centers, já que os grandes complexos de salas estão concentradas neles. Nossa intenção é promover não só o desenvolvimento da indústria audiovisual, mas também a inclusão social”, acrescentou. Sá Leitão afirmou, ainda, que o Governo federal investe, por ano, cerca de R$ 200 milhões na área cinematográfica, sendo 80% destinados ao setor de produção.
(texto de Cynthia Obiler - Ascom Alerj)
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