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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Perdemos a oposição no Brasil


Não é possível mais esconder: perdemos qualquer estrutura partidária oposicionista no Brasil. Não que todos sejam situacionistas ou apoiem o lulismo. Mas os partidos não conseguem catalisar o que há de contrário ao governismo federal.
São vários motivos. Um deles é a forte concentração orçamentária na União, que obriga grande parte dos entes federativos a perder sua identidade e força política. Ser da coalizão governista aumenta a chance de entrar na fila por um bom convênio.
Há, nesta mesma direção, o grande atrativo dos recursos provindos do BNDES, que aumenta a margem de risco das empresas que se aventuram a apoiar as intenções oposicionistas.
Também não pode ser negado que o sistema partidário brasileiro é frágil e pouco representativo. E aí já podemos avançar sobre os problemas específicos dos partidos de oposição. Sem partidos inseridos no cotidiano nacional, há pouco protagonismo social. Explico: os partidos parecem fechados nos seus velhos esquemas de contrapeso, de chantagens, pressões, trancamento de pautas parlamentares e composições. Fecham-se em si mesmos, se alimentando deste sistema que se auto-promove. Assim, acabam por gerar um pêndulo que se bifurca entre as eleições e os jogos palacianos. Os jogos palacianos têm nos parlamentares seus protagonistas, quase sempre avalistas de ministros ou que chantageiam diariamente os governos. O índice de produtividade dos parlamentares brasileiros (tal como demonstra análises da Transparência Brasil) é baixíssimo, ou seja, não ultrapassam os factoides e jogos de cena que preparam terreno para as eleições (como nomes de ruas e definição de dias comemorativos). Os laços de lealdade abundam e não mantém qualquer relação com o mundo real dos eleitores.
Em época de eleição, os marketeiros entram em cena. E é neste momento que a falta de ritmo de jogo fica explícito. Muitos não conseguem entabular um sorriso convincente. As falas ficam entre o grosseiro e banal e o barroco. As pautas são mais que óbvias. Porque ser medíocre é o menos arriscado. Obviamente que os candidatos menos experientes estão mais próximos dos eleitores (um paradoxo aparente) que os já eleitos e, portanto, é daí que nascem as inovações, como os tiriricas de plantão. Porque a experiência parlamentar pasteuriza, distancia da rua.
E é exatamente este veneno que matou a oposição brasileira. Ela é absolutamente parlamentar. Não possui lideranças reais das ruas. Não possui vínculos com o cotidiano real da vida social. E procura desesperadamente manter intimidades com a grande imprensa de maneira a assegurar seus quinze minutos de fama.
O problema da oposição é a clausura parlamentar.

Por Rudá Ricci. Blogue: http://rudaricci.blogspot.com

Um comentário:

Luiz Carlos Martins Pinheiro disse...

Amiga Angeline

Esta situação, ao nosso ver, ainda é fruto da Ditadura Militar, que destruiu prpositalmente toda a estrutura política até ela construida duras penas, desde 1946.

Embora nossa orgalização legal não fosse nada muito melhor que temos hoje, mas haviam partidos expressivos representativos de certos ideias com léderes de primeira grandeza.

Ao cabo da ditatura tivemos que refazer tudo a partir dos escombros por ela deixados, no que não temos sido muito felizes.

No governo ministros que pouco ou nada representam em termos de lideraça nacional e não poucos caidos recentemente responsáveis por potentes quadrlhas de corrupção.

No Congresso, principalmente no Senado, representantes respeitáveis por sua sapiência e dedicação às suas obrigações, mas nenhuma expressiva liderança nacional.

Nosso Congresso submisso ao poder executivo, está dividido entre uma situação numerosíssima que só muito raramente diverge das ordens do excecutivo e uma oposição que se bate quase inutilmente para tal modifcar, por falta de número.

Por vezes lhe deixam até espernear a vontade, sabendo-se que o rolo compressor passará sem a menor consideração.

Não se tem mais lideres como antigamente, com se ter oposição. Por exemplo, ao tempo de JK o governo tinha uma maioria consciente, com importantes lideraça, mas uma oposição de lideranças que lhe dava dores de cabeça noite e dia, com a fúria de um Carlos Lacerda.

Abraços, saúde e Paz de Cristo.
Liz Carlos/MPmemória.

Abraços, saúde e Paz de Cristo.
Luiz Carlos/MPmemória.

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