O Brasil é a sexta maior economia do mundo, superando o Reino Unido. Os próprios jornais ingleses fazem essa divulgação. O indicador responsável por esta façanha é o Produto Interno Bruto (PIB) ou a riqueza gerada internamente. É claro que a crise internacional que se iniciou em 2008 exerce um papel fundamental nessa mudança de posição, já que a Europa foi muito afetada.
Entretanto é consenso que mesmo ocupando uma posição de destaque no mundo, somente abaixo dos Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e França, o Brasil precisa evoluir muito até alcançar o padrão europeu de desenvolvimento. Veja que quando o assunto é Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Reino Unido ocupa a 28o posição entre os 187 países analisados, enquanto que o Brasil ocupa a 84o posição. Na avaliação sobre desigualdade, o Brasil passa para 97o posição.
De qualquer forma, a presente avaliação sobre indicadores importantes ajuda a entender melhor o que ocorre na Região Norte Fluminense, especialmente, São João da Barra, com o advento do complexo portuário do Açu. Aliás, há aproximadamente trinta e cinco anos a região vive sob a dependência do petróleo, sem ter efetivamente construído desenvolvimento socioeconômico. O município de Macaé, sede da indústria petrolífera, experimenta um processo de crescimento econômico com exclusão social, violência e empobrecimento do seu povo.
Recentemente, os investimentos do Complexo Portuário do Açu parecem dirigir o município de São João da Barra para a mesma condição de Macaé. Esses processos são complicados e de difícil entendimento para regiões tão despreparadas, seja política, econômica e socialmente. Assim, como o crescimento do país acentua as desigualdades sociais, São João da Barra vai experimentar um forte processo de crescimento econômico, porém não existe garantia de inserção social. Aliás, o quadro é bem pior por aqui, já que o governo é frágil, a mão-de-obra não apresenta qualificação adequada, as empresas não apresentam capacidade para internalizar externalidades positivas e o ambiente é fraco para combater as externalidades negativas.
Uma conseqüência muita clara é que o processo inflacionário, em decorrência dos investimentos exógenos, afeta potencialmente a classe que não se beneficia do crescimento econômico. Nesse caso, verifica-se o paradoxo da formação de riqueza com aprofundamento da pobreza.
Estrategicamente, políticas públicas de fortalecimento das atividades internas deveriam ter sido formuladas para dotar o ambiente local de maior capacidade integrativa ao novo movimento, além de forte investimento e planejamento na educação de base. Dessa forma, poderia se vislumbrar um crescimento econômico com maior equilíbrio, já que o ambiente interno estaria mais fortalecido e, fundamentalmente, mais capacitado para inibir o processo de exclusão. Observa-se que depois de quatro anos da primeira fase de construção das obras do complexo do Açu, parece que esse receituário não foi considerado.
* Economista, Mestre, Doutor e Professor da UENF, em Campos dos Goytacazes-RJ, editor do blogue http://economianortefluminense.blogspot.com
2 comentários:
Amiga Angeline
Não nos enganemos com os números. Veja onde se posiciona o Brasil em qualidade de vida. Uma vergonha.
Não há comparação, exceto em BIB, para se quer ficarmos próximos de England, quanto mais de suoera-lo.
Abraços, saunde e Paz de Cristo.
Luiz Carlos/MPmemória.
Luiz Carlos,
É exatamente esse alerta, que o Prof. Alcimar pretende destacar.
Postar um comentário