Passei anos sendo caçoada por dizer bobice, quando as pessoas diziam que essa palavra não existia, que era bobeira. Depois de muito constrangimento, segui o conselho que a mama sempre deu "consulte o pai dos burros". Fui ao seu encontro!
Na época, após muito uso de um dicionário antigo, da década de 6O, mamãe comprou um novo dicionário, atualíssimo, do Aurélio Buarque de Holanda, através daqueles caras que iam de porta em porta. No passado, caixeiro-vianjante, na década de 8O, apenas viajante. Se fosse hoje, poderia sofrer várias conotações.
Bem, pra minha surpresa, o pai dos pusilânimes informou:
Minha reação foi um misto de alegria e surpresa. Porque de tanto ser constrangida, já tinha me convencido de que a palavra tão usual na minha terrinha era um aberração à língua portuguesa. Desvendado o mistério, me nutri de empoderamento linguístico, reafirmei meu miracemês e segui em frente.
Cada vez que um bobo vinha com piadas, respondia logo solene e serenamente com Buarque de Holanda: nossa, você precisa conversar com o Pai Aurélio!
Nunca mais passei por isso...
Nenhum comentário:
Postar um comentário