O EQUÍVOCO SOBRE A PRIMEIRA DOSE CONTRA COVID 19

Ouve-se com frequência as pessoas dizerem que "foram vacinadas", quando tomaram apenas a primeira dose. A maioria das vacinas contra COVID 19 que estão sendo distribuídas no Brasil são administradas em duas doses, exceto a vacina da Johnson & Johnson, que é em dose única. O processo de imunização completa, com geração de anticorpos, só é considerado bom/ótimo após 14 dias da segunda dose, ou da dose única.

Parece clara essa informação, que tem sido dita com frequência na televisão, por especialistas, até mesmo pelos profissionais de saúde nos postos de vacinação. Pelo menos foi assim onde tomei minhas duas doses.

O que é mais preocupante, nesse momento, é quando um empresário, ou um gestor público, para justificar o retorno do trabalhador ou servidor público ao trabalho presencial, afirma que estão todos vacinados, quando a grande maioria apenas tomou a primeira dose. Por outro lado, há muitos que estão em home office, ou em trabalho remoto, em suas residências, por conta de comorbidades ou por ainda não terem se vacinado por completo. 

Acabo de ler uma matéria no jornal A Seguir: Niterói por Niterói, de autoria da Livia Figueiredo, intitulada "'Todas as vacinas protegem contra a Delta', afirma especialista", bastante esclarecedora sobre o assunto, sobretudo num momento em que o estado do Rio de Janeiro é considerado o epicentro no Brasil da nova cepa, Delta. Variante indiana que tem deixado estrago por onde passa, inclusive, em países com maior proporção da população vacinada que o Brasil.

A matéria apresenta uma entrevista com a neurocientista e coordenadora da Rede Análise Covid-19, Mellanie Fontes Dutra. Destaco um trecho onde a especialista trata do tema.

A Seguir: Niterói: Qual a eficácia da primeira dose das vacinas em relação à Delta? E o quanto isso muda com a segunda dose?

Mellanie Dutra: Varia de acordo com o imunizante. No geral, sabemos que a variante Delta traz um impacto nos valores de estudos de efetividade, e esses estudos destacam a importância de tomar as duas doses (quando o regime é de duas doses) para uma proteção mais completa e ampla. Todas as vacinas seguem protegendo contra essa variante, independente da tecnologia pela qual foram produzidas. Vacinas de uma dose, como a vacina da Janssen, também geram uma proteção importante quanto à variante, e sabemos que o tempo é um fator importante para irmos desenvolvendo respostas mais robustas e com maior afinidade pelo antígeno (alvo da resposta).

Muito se fala sobre a importância da imunização completa. Poderia falar sobre os riscos de uma pessoa que não tem a imunização completa?

Com a imunização completa, temos níveis maiores de anticorpos, células de defesa, gerando uma proteção maior. Com apenas uma dose, considerando variantes que possam ter algum escape parcial da resposta imunológica, as pessoas com regime parcial podem ter uma proteção menor em relação àquelas que completaram o regime. Por isso, é relevante tomar o regime completo do imunizante e seguir com todos os cuidados durante e após esse processo, enquanto a transmissão for elevada.

Qual a diferença dos sintomas de uma pessoa com imunização completa daquela que não recebeu nenhuma dose?

Com uma proteção completa, a pessoa terá mais elementos imunológicos disponíveis e produzidos para gerar uma proteção maior. Mesmo que uma variante eventualmente consiga ter um escape parcial, as defesas ainda serão capazes de neutralizar a infecção, porque desenvolvemos uma resposta robusta e específica contra o agente infeccioso. Por isso é importante, também, tomar o regime completo, para garantir uma proteção maior e reduzir os riscos de uma infecção e/ou ter a doença mais séria caso infectado pelo vírus.

Assim, o blogue procura trazer aos leitores vagalumes esse alerta. A matéria merece ser lida, porque trata da nova cepa e dos cuidados que precisam ser tomados. 

Quando se trata da vida humana, transparência e responsabilidade são imprescindíveis.