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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

MIRACEMA: CENTENÁRIO DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE MIRACEMA - HISTÓRIA

Década de 1920

HISTÓRICO DO COLÉGIO

Por Professora Kelly Rigues

A colonização do território de Miracema é atribuída aos esforços de D. Ermelinda Rodrigues Pereira, primeira proprietária das terras que constituem o distrito-sede do município. Segundo a tradição, por volta de 1846 ela mandou erigir, no local onde atualmente existe a praça que leva seu nome, uma capela dedicada ao culto de Santo Antônio.

D. Ermelinda doou 25 alqueires de terra, dos 2.000 que possuía, para a formação da futura freguesia de Santo Antônio, posteriormente Santo Antônio dos Brotos, a fim de que essa propriedade fosse transformada em bens de uma paróquia a ser erguida por seu filho seminarista Manuel, quando se ordenasse padre. Deve-se a mudança de nome ao fato de um dos sólidos esteios da capela ter brotado, o que a população atribuiu a um milagre, acrescentando ao nome do padroeiro Santo Antônio a designação ''dos brotos".

O crescimento da povoação motivou, em 1880, a criação do distrito policial de Santo Antônio dos Brotos. Em 1881, foi criado o distrito de paz e, em 1883, atendendo à solicitação da comunidade por meio da câmara de Pádua, o governo provincial resolveu mudar a denominação para Miracema.

A 8 de março de 1881, foi instalada a primeira escola no distrito de Miracema, denominado na época de Ginásio de Miracema. A primeira diretora foi Ana Bonsucesso e essa conquista para o distrito foi tamanha que mereceu manchete no jornal “Correio de Pádua”, anunciando o ensino primário. A referida matéria focava seus estatutos em dez itens. O período letivo ia de 24 de janeiro a 24 de dezembro, sem período de férias. O último item se referia ao oferecimento de trabalho com agulha, só para as moças. A escola era frequentada por ambos os sexos.

No mesmo período, estava sendo construída a ligação ferroviária entre Miracema e São Fidélis, pelo braço escravo, obra de Joaquim Araújo Padilha que fundou uma companhia ferroviária com subvenção de quase todos os fazendeiros e sitiantes de Miracema, Pádua e Itaocara, visando transportar a produção de café para São Fidélis, a cidade mais importante do Noroeste Fluminense.

Assim, desde os seus primórdios até o fim do século XIX, Miracema contou com intensa vida econômica e social, verificando-se grande surto progressista na época em que suas lavouras de café, arroz, milho e feijão abarrotavam os mercados, aos quais chegavam em lombos de burros, via São Fidélis e, a partir de 1883, pelo ramal da estrada de ferro Santo Antônio de Pádua.

Algumas décadas depois, em 1921, José Paulino Alves Junior instalou o Instituto Afrânio Peixoto, com verba pública e matriculava alunos pobres como retribuição da ajuda governamental. Nos idos de 1922, o Instituto foi absorvido pelo Ginásio de Miracema (Gymnasio de Miracema), logo após ser adquirido pelo ilustre educador Alberto Lontra. O seu trabalho só seria reconhecido muitos anos depois que os seus alunos passaram a brilhar no cenário estadual e federal. O seu busto foi inaugurado quarenta anos após uma iniciativa do Rotary Club de Miracema, sob a presidência de Edson Monteiro de Barros. Enquanto diretor, Alberto Lontra ficou marcado na história do Colégio, assim como seu excelente quadro de professores, que prepara os alunos para as escolas superiores de todo Brasil. Já nessa época, o colégio possuía completos laboratórios de Física, Química e Biologia e, já em 1924, introduziu carteiras individuais, do tipo americana, que dificilmente eram encontradas em estabelecimentos escolares do governo.

Durante o recesso escolar era promovido o curso de férias com o objetivo de preparar alunos para o curso de admissão. O colégio funcionava no sistema de internato, semi-internato e externato mistos. Em 30/11/1924, foi fundado o Grêmio Lítero Esportivo Ruy Barbosa tendo como seu primeiro presidente o Dr. Theophilo Junqueira. Em 1929, foi criada e anexada ao Ginásio de Miracema pela Lei nº 2298 de 07/01 a Escola Normal de Miracema (a terceira criada no Estado).

Em 1936, através do presidente da Campanha Separatista, Ventura Lopes, que era ligado ao governador Manoel Duarte, conseguiu junto ao presidente da República Getúlio Vargas e o ministro da educação Gustavo Capanema, em 04 de maio, conceder inspeção permanente ao Curso Fundamental no estabelecimento de ensino.

Na década de 40, já denominado Colégio Miracemense, foi adquirido pelo Dr. Sylvio de Campos Freire, que também foi seu Diretor até 1961. Uma de suas maiores contribuições foi a construção de dois pavimentos para o auditório em terreno cedido pelo Cel. Armando Monteiro Ribeiro da Silva. Nessa mesma época oferecia os cursos Clássico, Científico, Comercial Básico, Técnico em Contabilidade e Datilografia.



Posteriormente, o colégio foi adquirido pelo professor Eli Combat, passou a ser dirigido pelo Sr. Rubem Pereira, uma vez que o proprietário possuía outro estabelecimento escolar em Duque de Caxias.

Em 23/09/1973, foi criada a Associação Cultural e Educacional de Miracema – ACEM, com o objetivo de manter o Colégio em atividade, já que o proprietário não demonstrava mais interesse em manter o tradicional Colégio Miracemense.

Durante este período, foram criados o Centro Cívico José Pereira Neto e o Clube de Saúde Dr. Luiz Paulo Pinto Moreira. Em 1975, registrou-se 1.928 alunos matriculados, representando o recorde desde a fundação do Colégio.

A ACEM permaneceu em atividade até 1987, época em que o Colégio Miracemense foi arrematado em leilão pelo Governo do Estado, passando a denominar-se Colégio Estadual de Miracema, criado pelo Decreto nº 9.977, de 28/05/1987.

O Colégio rendeu frutos como Maurício José Correia que terminou sua vida como presidente do Supremo Tribunal Federal, depois de ser Ministro da Justiça e Senador da República. “Se cheguei onde cheguei, credito grande parte aos sólidos conceitos morais e conhecimentos formais que recebi dos professores, diretores, funcionários e à amizade dos muitos companheiros com os quais tive a oportunidade de conviver nessa instituição de ensino” – palavras de Maurício em carta encaminhada à ex-diretora Kátia Simen.

Outro aluno que se destacou foi José Danir Siqueira do Nascimento, que começou a discursar em campanhas para a rainha dos estudantes, depois formou-se em Direito, tornando-se advogado, presidente da OAB/ RJ e membro do Conselho Federal da OAB. Marcus Faver atuou como advogado e professor no Município de Miracema, onde exerceu o cargo de vereador, Juiz do Tribunal de Alçada Cível, e posteriormente promovido ao cargo de Desembargador. Exerceu a Presidência do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro no biênio 2001/2002; presidiu o Tribunal de Justiça Eleitoral na gestão 2003/2005 e foi membro do Conselho Nacional de Justiça no biênio 2005/2007.

Essas são apenas algumas das personalidades que passaram pelos bancos escolares do então Colégio Miracemense e brilharam em sua vida profissional, ganhando destaque no cenário nacional.

A instituição, ao longo dos anos, acompanhando o progresso dos tempos, passou por mudanças. Do nome original Gymnasio de Miracema, passou a Colégio Miracemense, Colégio Estadual de Miracema e, por fim, recebeu a denominação Instituto de Educação de Miracema, que permanece até os dias atuais. Em 2 de janeiro de 1995, foi tombado através do Decreto Municipal nº 249, como patrimônio histórico de Miracema.

Disponível originalmente em: https://sites.google.com/site/profkellyrigues/home/historico-do-colegio . Acesso em: 07-fev-2022. Enviado ao blogue pela professora Diana Amaral.

Um comentário:

Unknown disse...

Dr Silvio igual protagonista do livro Amor em tempo do colera

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