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sábado, 5 de março de 2022

"BRUNO DE MARTINO E OS CEM ANOS DA SEMANA DE ARTE MODERNA"

Marcelo Salim de Martino, em sua coluna no jornal Liberdade de Expressão, o jornal cultural de Miracema, do mês de fevereiro de 2022, deu um presente à memória miracemense, ao registrar o centenário da Semana de Arte Moderna e destacar o valor das ideias e da obra do jornalista e escritor miracemense Bruno de Martino, que se identificava com o movimento.

O texto:

Em fevereiro de 1922, era realizado no Teatro Municipal de São Paulo um evento organizado por um grupo de intelectuais e artistas brasileiros, que buscava uma identidade própria e nacionalista: a SEMANA DE ARTE MODERNA.
Esse festival, que contou com a exposição de cerca de cem obras de artistas nacionais e com sessões lítero-musicais, é considerado um divisor de águas para a cultura brasileira exatamente por ter rompido com movimentos e correntes artísticas anteriores como o parnasianismo, o simbolismo e arte acadêmica.
O modernismo brasileiro representou a ruptura com o conservadorismo daquela época. É que nesse período, artistas e intelectuais brasileiros tiveram contato e se influenciaram pelos movimentos vanguardistas europeus como o cubismo, o futurismo e o surrealismo, dentre outros.
Questões de ordem política e social como a industrialização de São Paulo e a consolidação do capitalismo, que gerou diferenças, desigualdades e violência, que tanto incomodavam os artistas também contribuíram para a eclosão desse movimento.
Participaram da Semana nomes consagrados como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Víctor Brecheret, Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Heitor Villa-Lobos e Di Cavalcanti, dentre outros.
Em Miracema, um jornalista e escritor se revelava naqueles que foram considerados os “anos loucos”. Era Bruno de Martino, de espírito combativo, revolucionário e irreverente. Como legado de sua combatividade, deixou publicado centenas de artigos e as seguintes obras: “Brasas” (1926); “Guerra aos Sinos” (1926); “Pedaços de Jornal” (1928) e “Saias de Bronze” (1928).
“Eu também pertenço a este grupo de descontentes, graças aos Graça Aranha, Mario de Andrade, Menotti del Picchia e Henrique de Rezende”, disse Bruno em Modernismo Indígena, publicado em O Malho, de 08/03/1936.
Seus livros, mostram os problemas de um Brasil que não era levado a sério como os direitos dos trabalhadores. Em Guerra aos Sinos, Bruno os defende. É um livro que foi “(...) pensado nas lavouras e feito à sombra dos cafezais virentes, sofrendo o desamparo e a tortura do camponês patrício”, registrou o escritor. Bruno possuía uma crença no trabalho e foi pensando nisso que ele escreveu esse livro, procurando fazer dos trabalhadores um símbolo de nacionalidade em detrimento dos sinos que ele considerava o símbolo da passividade e da miséria.
A respeito de “Brasas”, Osorio Duque Estrada, membro da Academia Brasileira de Letras, assim se manifestou em 03/06/1926: “(...) O sr. De Martino não é (ainda bem...) modernista furioso, como outros, que na sua insânia de destruir o passado, acabaram por se arvorar em apedrejadores de estátuas... (...)”.
Sobre “Saias de Bronze”, manifestou Menotti del Picchia: “Seu grito é um protesto erguido por um peito titânico. Seu estilo é uma chibata cujo cabo é de ouro”.
“Bruno de Martino foi um tipo de homem sem juízo de que a literatura brasileira precisa”, registrou o jornalista e escritor Epaminondas Martins.
O que pode ter aproximado Bruno de Martino dos modernistas, além do rompimento com as estruturas do passado e o seu caráter revolucionário, tenha sido a manifestação de ideias e de discussões sociais, característico do grupo.

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