Uma matéria da Métropole, acesso aqui, cujo título é "Caixa chama servidores para o desfile de 7 de Setembro", da coluna do Ígor Gadelha, aponta que "diretores da Caixa enviaram mensagens convidando funcionários a assistirem ao desfile de 7 de Setembro em Brasília".
É de se esperar, que questionados, afirmarão que trata-se de uma parada cívica.
O fato é que quando as coisas degringolam, não acontecem ao acaso, é uma sucessão de narrativas e práticas antiéticas, ilícitas, ou de outra natureza contrária ao cenário democrático que fazem chegar a esse ponto vexatório. Ou para-se a causa desse estado de coisas, ou o final é o pior possível.
No Rio de Janeiro, o governador, que é candidato à reeleição, andou visitando várias cidades. Viu-se a máquina pública local, em algumas dessas cidades, bastante mobilizada.
Não me venham dizer que foi acaso, ou espontaneamente, por preferência individual. Tanto assim, que houve órgãos ou departamentos que chegaram a levantar faixa com a mensagem "nome do departamento, presente!". Só para ilustrar melhor, é como se os funcionários da Caixa, no caso da matéria, carregassem placas escritas "Caixa, presente!".
O fato é que essa sucessão de fatos e ao longo de certo tempo tem gerado total alienação do cidadão, que se permite participar de ações antiéticas, até mesmo ilícitas, autoritárias e que denotam certo fetiche daqueles que se submetem aos atos.
Sobre fetiche, reporto-me ao conceito de Karl Marx conhecido por "fetiche da mercadoria", em seu livro "O Capital", através de um exemplo emblemático, que ouvi certa vez. Foi apresentado por uma pesquisadora que investigou o trabalho nas fábricas de armas da Taurus. Ela observou que os trabalhadores reclamavam da violência, mas como apenas atuavam numa das etapas da produção da arma, não vislumbravam que o resultado daquele produto poderia ser usado para assassinar um filho seu.
Espero com o sentido de esperançar por dias melhores, que o estado democrático de direito se regenere e que possamos viver momentos melhores. As práticas políticas perniciosas são muito antigas, mas o cidadão precisa avançar!
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