MIRACEMA: O GRANDE HOTEL BRAGA

 

Jornal A Noite, domingo, 19-maio-1918, ed, 02307. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/348970_01/12832. Acesso em: 11-fev-2023.

A matéria do jornal acima, de 1918, informa que o governo do estado mandou construir uma elegante ponte em Miracema. Anuncia também a breve inauguração do grande Hotel Braga, recentemente construído e de propriedade do Sr. João Schimidt Barbosa.

Hotel Braga, década de1920, divulgada por Tadeu Miracema.

Curiosa essa notícia sobre a inauguração do hotel. Ao que tenho conhecimento o hotel foi construído por obra do italiano Salvador Ciuffo. Tive a oportunidade de fazer uma breve pesquisa nos livros da Câmara de Vereadores de Santo Antônio de Pádua, onde li uma passagem em que o italiano pedia isenção de impostos ao hotel que estava construindo, que denominou de Grande Hotel, isso em 1918.

Jornal A Noite, domingo, 16-jun-1918, ed, 02335. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/348970_01/13001. Acesso em: 11-fev-2023.

Em outra notícia do mesmo jornal, observa-se que a inauguração ocorreu em 15-jun-1918, com a grafia correta do nome do proprietário é João Schmidt Barbosa. O hotel dispunha de 40 quartos e com instalações modernas. A gradiosidade do hotel foi bem destacada.

Depois de conferir com o bisneto de Salvador Ciuffo, Hélcio Granato Menezes foi desvendado o mistério:

O bisavô Salvador Ciuffo era construtor em Miracema. Construía para vender. Construiu o Hotel Braga e a sede da Cia de Luz, Na época CFLNF [Companhia Força e Luz do Norte Fluminense]. Construiu muitas casas em Miracema. As obras tinham água encanada de seu sítio que vem a ser o Vale do Cedro hoje em dia. O engenheiro de suas obras era o Francisco Polly. Assim como a energia elétrica do cine 7, que era de sua propriedade, era gerada pela máquina a vapor de sua usina de beneficiamento de arroz.

Hélcio enviou também um depoimento do saudoso jornalista miracemense José Itamar de Freitas a seguir:

José-Itamar de Freitas a “Logradouros de Miracema”: “Salvador Ciuffo e José Giudice foram dois italianos muito importantes para o desenvolvimento de Miracema. Os DOIS começaram como MASCATES, percorrendo, juntos, vilas, povoados e fazendas do município de Santo Antônio de Pádua (principalmente, terras do distrito do Santo Antônio dos Brotos). E, assim, ficaram ricos. Tornaram-se dois apaixonados por (futura) Miracema. "José" (nome aportuguesado, evidentemente) Giudice, avô da Maria Alice Barroso, grande comerciante. Salvador Ciuffo, fazendeiro, financiador de construção de casas, especialmente, sobrados da Rua "Direita", que mandou copiar e/ou copiou na Itália, quando fez a viagem "dos seus sonhos" para rever sua terra natal (Verona tenho quase que certeza). Salvador era amigo do FRANCISCO POLY (Vol. – FPR), lendário construtor em Miracema. Salvador casou com Verônica, uma morena (creio que ela era descendente de índios de Campos). E teve os seguintes filhos, todos mortos, mas têm descendentes, que eu conheci ou conheço: ... Quem pode dar mais informações é MIRIAN BRUNO, MÃE DA BETH BRUNO (CANTORA), DE NITERÓI. No mais, minha mãe contava que todo sábado os jovens da época freqüentavam as festas no "sítio do Seu Salvador". Salvador era parente dos BRUNOS (Nicolau Bruno).”

Salvador Ciuffo e José Giudice eram oriundos da mesma comune, Casaletto Spartano, Província de Salerno, região de Campania, Sul da Itália. Conforme informado por Hélcio, bisneto do primeiro: "Os italianos de Casalleto em Miracema foram trazidos por Salvador, inclusive meu avô Paschoal Granato que acabou casando com a filha mais velha dele. São eles os Beradi, Colombo, Giudice, Lovisi, Magaldi, Novelino, Rizzo. A irmã e marido Bruno e outro irmão de nome Caetano".

É importante destacar, que esse centenário hotel, graças ao espírito preservacionista miracemense, está de pé e passando por uma grande reforma, que irá embelezar ainda mais o Centro Histórico da Princesinha do Norte Fluminense. Já na parte térrea estão funcionando alguns comércios.

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