O estado do Amazonas era um dos mais preservados da região Norte. O salto no desmatamento nos últimos anos tem várias causas. Uma delas foi o desmonte dos sistemas de fiscalização e multas, e o aparelhamento dos órgãos ambientais (Ibama/ICMBio) no governo passado. Sem repressão, os crimes ambientais escalaram no Brasil de uma forma geral, e no Amazonas em particular. O sul do Estado se transformou no novo eldorado do desmatamento, juntamente com as atividades clandestinas que ocorrem às margens da BR- 319.
Importante dizer que Bolsonaro não inventou a destruição da floresta. Mas foi determinante para que o garimpo ilegal, madeireiras clandestinas, invasores de Terras Indígenas, grileiros, etc., ampliassem seus domínios sem qualquer constrangimento durante seu mandato. São muitas as evidências de que isso não foi acidente, foi projeto de governo. A Justiça Federal do Pará acolheu em agosto denúncia contra o ex-ministro Ricardo Salles e outras 20 pessoas por corrupção passiva, crimes contra a flora e envolvimento com organização criminosa relacionada à exportação ilegal de madeira.
A extensão dos danos contra o meio ambiente levará algum tempo para ser contida, se houver determinação política do atual governo. Até o momento (entre janeiro e setembro) os alertas de desmatamento na Amazônia caíram 49% na comparação com o mesmo período do ano passado. Na contramão desse movimento, os alertas subiram 149% no Cerrado, onde as licenças para o desmate são majoritariamente oferecidas pelos estados.
Nenhum presidente da República até hoje conseguiu implementar com sucesso um projeto de desenvolvimento sustentável na Amazônia (ou no Cerrado) com apoio dos estados e municípios dessas regiões. Este continua sendo o maior desafio a partir de Brasília, mas não me parece que seja tarefa apenas do governo. Fiscalização e multa inibem ações criminosas, mas a sociedade brasileira precisa entender que o desmatamento ilegal compromete a nossa qualidade de vida, a produção de chuva, a resiliência da floresta, além de turbinar a crise climática sem resolver os graves problemas sociais da população local. É preciso fazer mais e melhor. A floresta Amazônica se aproxima do ponto de não retorno. Ainda há tempo de evitar esta catástrofe.
Por André Trigueiro
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