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quinta-feira, 27 de junho de 2024

MIRACEMA: FALECEU O ADVOGADO, MEMORIALISTA E MEMBRO DA AML MAURÍCIO DUARTE MONTEIRO


Dr. Maurício Duarte Monteiro, octogenário (creio que nasceu em 1940), faleceu hoje no Hospital de Miracema. Foi quem organizou e datilografou um dos poucos livros sobre a história de Miracema, que conta parte da história da cidade, uma autobiografia de Altivo Mendes Linhares. Após contribuir com o registro da autobiografia, organizou o livro que foi editado após a morte do biografado, sob o título "Altivo Linhares: Memórias de um Líder da Velha Província", que merece uma reedição.

Mais tarde, através de originais do jornal "A Matta", jornal impresso em pano, com o apoio do prefeito de Palma -MG, Dr. Maurício escreveu uma pequena biografia, porém valiosa, do Coronel Firmo de Araújo Pereira, citado inclusive em dissertação de Mestrado de uma palmense fora do Brasil.

Monteiro, sempre com seu cigarro, companheiro inseparável, um dia me disse que o cinzeiro é um depósito de angústias. Poetisou em seguida com uma bela poesia, que sabia de cor, que muito me marcou, mas não guardei a autoria. Falava da fragilidade e existência humanas.

Eu me lembro dos papos com o papai, pois era um sujeito que sempre frequentou nossa casa, sobretudo quando éramos pequenos e morávamos na Rua Direita. Papai e Maurício, além de colegas de profissão, eram contemporâneos e viveram em grupos de amigos juntos, viajaram juntos e têm muitas aventuras em comum. Maurício sempre comentou que a primeira mesa da OAB Miracema foi cedida pelo eminente jurista miracemense José Danir Siqueira.

Foi presidente da subseção da OABMiracema por mais de um mandato, quando havia no antigo fórum, uma sala dedicada à Ordem, era a primeira sala, do térreo, à esquerda de quem entrava. A secretária da OABMiracema era a Aninha. Sonhava o Dr. Maurício com uma sede própria, o que não se concretizou no seu mandato, mas certamente é fruto de sua luta incansável.

Como assessor jurídico do Jornal Dois Estados, atuou na defesa da liberdade de expressão e escreveu inúmeros artigos para o jornal. Muitos de cunho histórico, contando memórias suas. Enfrentou imbróglios e questões polêmicas na cidade e região  através do JDE.

São muitas histórias para contar, antes de entrarem para a Faculdade de Direito, na UFF, em Niterói, papai e Maurício já eram amigos, ali viveram grande aprendizado, tiveram professores de renome e viveram momentos marcantes.

No último café que tomei com os dois na casa do meu pai, conversamos bastante, houve discordância sobre a política Nacional, mas nada grave. Recebi depois em Niterói um exemplar da nova edição da grandiosa obra de Heitor de Bustamante e também "Um Nome para Matar" de Maria Alice Barroso, porque disse a ele que perdi o meu exemplar autografado. Uma grande gentileza, que era de sua prática, ao distribuir jornais na casa dos amigos.  Não pude agradecer diretamente mas enviei minha gratidão por várias pessoas.

Como mostra a imagem que ilustra essa postagem, recentemente Maurício tornou-se membro da Academia Miracemense de Letras.

Gostaria de destacar, também de aproveitar o momento para deixar um apelo à OABMiracema. Maurício era o advogado que enfrentava as questões públicas. A OAB tem um importante papel na sociedade e sobretudo local. Não vejo a subseção se preocupar com essas questões diretamente. Muitas vezes o que falta à sociedade é apoio jurídico.

Maurício Monteiro foi o único advogado que combateu a arbitrariedade dos vereadores miracemenses e do Executivo, que aumentaram seus subsídios em percentuais abusivos - 30 a 50%. Nenhum outro foi capaz de entrar nessa luta, em defesa da democracia e da moralidade pública. 

Que o Maurício descanse em paz! "Você tá entendendo?" Creio que sim.

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