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terça-feira, 27 de julho de 2021

ANTÔNIO ZAVATÁRIO, MIRACEMENSE TALENTOSO, QUE VIVEU EM ALTO JEQUITIBÁ-MG

Soldado de madeira com os formandos de 1939 do Ginásio Evangélico de Alto Jequitibá. Antônio Zavatário recebendo Título de Honra ao Mérito do Colégio Evangélico. Fonte: Página do Facebook "Memórias de Antônio Zavatário".

A
ntônio Zavatário, filho de Júlio Zavatário, imigrante da região de Gênova, Itália e de mãe portuguesa, Aguida de Lupe Ferreira de Mattos, nasceu a 20-ago-1909 em Miracema-RJ. Casou-se com Nadyr Boëchat Zavatário em 19-jun-1934, sendo ela filha de Eugênio Ermelindo Boëchat e Júlia Stutz Boëchat, descendentes de imigrantes suíços da região de Miécourt, no “Canton du Jura”. Foi professora de trabalhos manuais no Colégio Evangélico de Alto Jequitibá durante vários anos. Tiveram 4 filhos: Aloysio Zavatário, Leila Zavatário Barros, Walter Zavatário e Antônio Zavatário Júnior.

Antônio Zavatário passou sua infância trabalhando com um tio que era fabricante de móveis, onde aprendeu a arte de empalhar cadeiras. Saiu de casa aos 12 anos de idade e veio para Carangola-MG, onde trabalhou em jardinagem em um hotel.

Ouviu falar sobre as novas plantações de café em Caparaó, para onde se dirigiu, mas acabou trabalhando nas minas extrativas de malacacheta.

Certo dia ficou conhecendo o Sr. Manoel Simas e logo ficaram amigos. Foi quando o Sr. Manoel lhe deu serviço na sua alfaiataria, em Alto Jequitibá e depois conseguiu que ele trabalhasse como auxiliar, na carpintaria do Colégio Evangélico, juntamente com o Sr. Anízio Vasconcellos, onde consertavam as carteiras, fabricavam móveis e esculpiam obras maravilhosas em madeira.

Pouco tempo depois, Antônio Zavatário estava trabalhando por conta própria, produzindo belíssimas obras de arte. Fabricou um violino e um bandolim, além de móveis encomendados por várias famílias e muitas peças esculpidas em madeira, como o “V” da Vitória, um soldado de madeira, empunhando a Bandeira Nacional, em tamanho natural, com fotografias dos Bacharéis de 1938, cujo modelo e detalhes faciais foram feitos do seu próprio rosto, por meio de um espelho colocado em sua bancada de serviços, para esculpir em tamanho natural. Estas e várias outras peças de 1938 e 1941 estão expostas no Museu do Colégio Evangélico, em Alto Jequitibá.

Zavatário fez também um outro soldado de madeira, semelhante ao primeiro, datado de 1940, encomendado pela comunidade de Manhumirim-MG e ofertado ao então Presidente Getúlio Vargas, por ocasião de seu aniversário, trazendo engastadas em relevo 21 estrelas, representando todos os Interventores Federais e, no pedestal, os retratos do Presidente da República e de todos os Ministros. Essa obra ficou exposta por muitos anos no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Segundo informações, a mesma foi transferida para o Palácio do Catete, no Rio de Janeiro.

Além de suas ferramentas que ele mesmo fabricava, tais como plainas, formões, martelos, chaves-de-fenda, as mais diversas máquinas, construiu também duas charretes, utilizando peças e rodas de um Ford antigo, tendo uma sido encomendada pela família Sathler, de Lajinha-MG e a outra para o Capitão Carlos Heringer, de Alto Jequitibá-MG.

A partir de 1939 construiu todas as peças, máquinas diversas, dentre elas duas máquinas para fotos 3X4 instantâneas, refletores, ampliadores, copiadoras e dispositivos utilizados no “Foto Zavatário”, em Alto Jequitibá, onde exerceu sua nova profissão que desenvolveu a partir de algumas instruções e manuais de fotografia, adquiridos do então fotógrafo e amigo Humberto Carraro.

Antônio Zavatário era autodidata e tendo feito um curso de eletrônica por correspondência, quando sua esposa lia as lições e as respondia, passou a consertar toda espécie de aparelho elétrico e eletrônico da época e como a energia elétrica era muito fraca na região, fabricou centenas de pequenos “transformadores de força”, cujas caixas eram por ele também fabricadas em madeira.

Na década de 60 produziu quadros do Parque Nacional do Caparaó, pintados a óleo em películas fotográficas, envernizados e colocados em molduras claras de “tambu” que ele mesmo fabricava em uma máquina por ele inventada e que funcionava paralelamente aos serviços de foto. Nessa época grande foi a produção de fotografias em “preto-e-branco”, além dos slides coloridos e os “monóculos” muito procurados, tendo colaborado sobremaneira com doações e exposições diversas de seus quadros, apresentações das filmagens realizadas na Serra do Caparaó, tendo em vista a grande campanha que se fazia para a criação do Parque Nacional do Caparaó, liderado pelo Dr. Ronald Gripp, o que veio a concretizar-se em 1961.

A partir de 1972 fabricou cinco belos e sonoros violinos completos, inclusive os arcos e as caixas forradas de curvin e feltro verde, utilizando madeiras de pinho, faio e caviúna, tendo presenteado com os mesmos, seus filhos Aloysio, Leila, Walter, Antônio Zavatário Júnior e seu neto Júlio Werner Zavatário.

Em 1987 foi agraciado com o Diploma de Honra ao Mérito como Artesão, pelo Colégio Evangélico de Alto Jequitibá, “pelas belíssimas obras de arte por ele executadas”.

E assim viveu como marceneiro, escultor, fotógrafo, técnico em eletrônica e inventor até o fim de sua vida.

Faleceu em 23/05/1989, em Alto Jequitibá-MG.

Imagem e biografia da página "Memórias deAntônio Zavatário", no Facebook.
Contribuição e pesquisa de Francis Silva Nunes.

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