Aproximadamente 25% dos municípios brasileiros são afetados por desastres relacionados às chuvas a cada ano. Somos culpados por uma enorme parcela dos desastres que assistimos frequentemente nos noticiários, fenômenos avassaladores passaram a acontecer nas cidades. Segundo a Agência da FAPESP(Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo) a cada ano, em períodos de chuvas mais intensas, repetem-se pelo Brasil as cenas de tragédias provocadas por enchentes e deslizamentos de terra. Esses desastres periódicos são, muitas vezes, indevidamente atribuídos apenas à intensidade dos fenômenos naturais. No entanto, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), um grupo de especialistas no tema adota uma perspectiva mais crítica: “os desastres são recorrentes no país por falta de uma cultura de prevenção”. A prevenção talvez seja uma realidade para muitas pessoas, mas pode-se tornar utopia nos momentos da verdade. É preciso buscar soluções necessárias e adequadas para que as ações não inviabilizem os resultados. Devemos diminuir a vulnerabilidade para termos uma vida mais segura. Para tanto, toda e qualquer medida de prevenção deve estar comprometida dentro de contextos técnicos, sociais, econômicos e culturais para não alcançarmos dissabores futuros.
Progresso é sinônimo de impermeabilização?
A impermeabilidade dos solos é uma grande vilã do ambiente urbano, pois não permite que as águas sejam absorvidas pela terra, o que promove as enchentes. Os terrenos antes cobertos por mata, hoje são impermeabilizados por asfalto, calçadas e construções. Os desastres naturais vêm intensificando os prejuízos nas cidades devido ao mau planejamento urbano.
Com o passar do tempo aumenta-se a demanda para se melhorar a qualidade de vida da população da área urbana em conformidade à modernização e construção dos equipamentos urbanos que, juntamente com uma explosão demográfica desordenada da população agravaram-se os problemas ambientais devido a má ocupação e uso irregular do solo.
Segundo Masato (2006) dentre os principais fatores que contribuem para desencadear os desastres nas áreas urbanas destacam-se: a impermeabilização do solo, o adensamento das construções, a conservação de calor e a poluição do ar.
O concreto e o asfalto têm maior capacidade de absorção de calor e impermeabilizam o solo fazendo com que a água evapore rapidamente e não possibilite o resfriamento e a umidificação do ar. Uma das formas de mitigar esses efeitos é a criação e manutenção de áreas verdes nos centros urbanos, o que irá contribuir para remoção dos poluentes no ar, reduzir a temperatura, diminuir a poluição sonora, proteger o solo da radiação solar, aumentar a qualidade relativa do ar, ou seja, plantar árvores é dar melhor qualidade de vida perante o “achismo” de que impermeabilizar é progredir.
Arborização Urbana
Segundo Coltro (2007) as árvores nas cidades proporcionam benefícios de ordem ecológica (clima e poluição) biológica (saúde física) e psicológica (saúde mental), aumenta a satisfação de seus habitantes, o valor das propriedades e proporciona um estímulo a sensibilidade humana.
Alguém já percebeu como é tratada a arborização do nosso município? Ou se é tratada de forma correta? O que se tem feito para aumentar a diversidade biológica das espécies? Qual critério técnico é usado para a manutenção e poda?
No município de Miracema há 2537 indivíduos arbóreos (nas calçadas) existe um déficit de cobertura vegetal (hoje há 0,09 árvores por habitante e deveria ser de pelo menos duas árvores para cada habitante e/ou 12 metros quadrados de cobertura verde para cada habitante).
Há problemas de diversidade de espécies, número alto de espécies exóticas, árvores que prejudicam o calçamento, número elevado de árvores que recebem podas sem critério técnico (podas drásticas). A poda drástica é a retirada de um número elevado de folhas e galhos, com isto há uma diminuição dos benefícios naturais que as árvores proporcionam, como por exemplo: uma árvore frondosa, com sua copa com poucas intervenções pode chegar a umedecer o ar com 380 litros de água por dia. Uma árvore frondosa como a Sibipiruna ou uma Tipuana tem um efeito refrescante equivalente a cinco aparelhos de ar condicionado ligados vinte horas por dia. Portanto, podar drasticamente é diminuir drasticamente estes benefícios. Há práticas de caiação e pintura no tronco das árvores, fato este desaconselhado, pois além de prejudicar a árvore, pois existem organismos que vivem no caule que ajudam na defesa é antiestético.
Devem-se estabelecer estratégias para se obter uma melhor arborização, pois uma das soluções para mitigar os efeitos adversos do então “progresso” é mal tratada e não se tem a atenção devida.
Às vezes as soluções para os problemas estão a nossa frente, sob nossas cabeças e em cima das calçadas e relutamos em enxergar. É preciso investir em qualidade ambiental, seja em forma de arborização, reflorestamento de áreas de preservação permanente (topo de morro, mata ciliar, corredores ecológicos) ou criação de unidades de conservação. È fazer política Ambiental.
Um bom modelo de política ambiental respeita a premissa do Desenvolvimento Sustentável que é capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações.
Pode-se fazer política ambiental redirecionando recursos: as casas populares propostas em topo de morros (o que agrava os problemas ambientais) conforme foi descrito nestes links: MIRACEMA: PROPOSTA MORADIA VIVA II e MIRACEMA: PROPOSTA MORADIA VIVA, poderia ser ecologicamente mais justo com a construção de agrovilas (casas em áreas rurais) mitigando o efeito do êxodo rural, poderia colocar o asfalto a interligar municípios promovendo o escoamento de produtos agroindustriais, orgânicos das propriedades rurais, como por exemplo: o asfaltamento da rodovia que dá acesso a São José de Ubá/Paraíso do Tobias. As construções públicas e populares poderiam ter princípios de ecologia com aproveitamento das águas pluviais. Tudo poderia ser como deveria, mas infelizmente, não é...
Por
Márith Eiras Scot
(Biólogo)
Membro da ONG AMINATUR e do FÓRUM AGENDA 21 DE MIRACEMA-RJ
*comentário a respeito do asfalto em Miracema, conforme proposto no blog O Vagalume . "Participem deste comentário"
** “Precisamos quebrar paradigmas. Paradigmas podem ser valiosos e até salvar vidas quando usados adequadamente. Mas podem se tornar perigosos se os tomarmos como verdades absolutas, sem aceitarmos qualquer possibilidade de mudança, e deixarmos que eles filtrem às novas informações as mudanças que acontecem no decorrer da vida”. James C. Hunte
Progresso é sinônimo de impermeabilização?
A impermeabilidade dos solos é uma grande vilã do ambiente urbano, pois não permite que as águas sejam absorvidas pela terra, o que promove as enchentes. Os terrenos antes cobertos por mata, hoje são impermeabilizados por asfalto, calçadas e construções. Os desastres naturais vêm intensificando os prejuízos nas cidades devido ao mau planejamento urbano.
Com o passar do tempo aumenta-se a demanda para se melhorar a qualidade de vida da população da área urbana em conformidade à modernização e construção dos equipamentos urbanos que, juntamente com uma explosão demográfica desordenada da população agravaram-se os problemas ambientais devido a má ocupação e uso irregular do solo.
Segundo Masato (2006) dentre os principais fatores que contribuem para desencadear os desastres nas áreas urbanas destacam-se: a impermeabilização do solo, o adensamento das construções, a conservação de calor e a poluição do ar.
O concreto e o asfalto têm maior capacidade de absorção de calor e impermeabilizam o solo fazendo com que a água evapore rapidamente e não possibilite o resfriamento e a umidificação do ar. Uma das formas de mitigar esses efeitos é a criação e manutenção de áreas verdes nos centros urbanos, o que irá contribuir para remoção dos poluentes no ar, reduzir a temperatura, diminuir a poluição sonora, proteger o solo da radiação solar, aumentar a qualidade relativa do ar, ou seja, plantar árvores é dar melhor qualidade de vida perante o “achismo” de que impermeabilizar é progredir.
Arborização Urbana
Segundo Coltro (2007) as árvores nas cidades proporcionam benefícios de ordem ecológica (clima e poluição) biológica (saúde física) e psicológica (saúde mental), aumenta a satisfação de seus habitantes, o valor das propriedades e proporciona um estímulo a sensibilidade humana.
Alguém já percebeu como é tratada a arborização do nosso município? Ou se é tratada de forma correta? O que se tem feito para aumentar a diversidade biológica das espécies? Qual critério técnico é usado para a manutenção e poda?
No município de Miracema há 2537 indivíduos arbóreos (nas calçadas) existe um déficit de cobertura vegetal (hoje há 0,09 árvores por habitante e deveria ser de pelo menos duas árvores para cada habitante e/ou 12 metros quadrados de cobertura verde para cada habitante).
Há problemas de diversidade de espécies, número alto de espécies exóticas, árvores que prejudicam o calçamento, número elevado de árvores que recebem podas sem critério técnico (podas drásticas). A poda drástica é a retirada de um número elevado de folhas e galhos, com isto há uma diminuição dos benefícios naturais que as árvores proporcionam, como por exemplo: uma árvore frondosa, com sua copa com poucas intervenções pode chegar a umedecer o ar com 380 litros de água por dia. Uma árvore frondosa como a Sibipiruna ou uma Tipuana tem um efeito refrescante equivalente a cinco aparelhos de ar condicionado ligados vinte horas por dia. Portanto, podar drasticamente é diminuir drasticamente estes benefícios. Há práticas de caiação e pintura no tronco das árvores, fato este desaconselhado, pois além de prejudicar a árvore, pois existem organismos que vivem no caule que ajudam na defesa é antiestético.
Devem-se estabelecer estratégias para se obter uma melhor arborização, pois uma das soluções para mitigar os efeitos adversos do então “progresso” é mal tratada e não se tem a atenção devida.
Às vezes as soluções para os problemas estão a nossa frente, sob nossas cabeças e em cima das calçadas e relutamos em enxergar. É preciso investir em qualidade ambiental, seja em forma de arborização, reflorestamento de áreas de preservação permanente (topo de morro, mata ciliar, corredores ecológicos) ou criação de unidades de conservação. È fazer política Ambiental.
Um bom modelo de política ambiental respeita a premissa do Desenvolvimento Sustentável que é capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações.
Pode-se fazer política ambiental redirecionando recursos: as casas populares propostas em topo de morros (o que agrava os problemas ambientais) conforme foi descrito nestes links: MIRACEMA: PROPOSTA MORADIA VIVA II e MIRACEMA: PROPOSTA MORADIA VIVA, poderia ser ecologicamente mais justo com a construção de agrovilas (casas em áreas rurais) mitigando o efeito do êxodo rural, poderia colocar o asfalto a interligar municípios promovendo o escoamento de produtos agroindustriais, orgânicos das propriedades rurais, como por exemplo: o asfaltamento da rodovia que dá acesso a São José de Ubá/Paraíso do Tobias. As construções públicas e populares poderiam ter princípios de ecologia com aproveitamento das águas pluviais. Tudo poderia ser como deveria, mas infelizmente, não é...
Por
Márith Eiras Scot
(Biólogo)
Membro da ONG AMINATUR e do FÓRUM AGENDA 21 DE MIRACEMA-RJ
*comentário a respeito do asfalto em Miracema, conforme proposto no blog O Vagalume . "Participem deste comentário"
** “Precisamos quebrar paradigmas. Paradigmas podem ser valiosos e até salvar vidas quando usados adequadamente. Mas podem se tornar perigosos se os tomarmos como verdades absolutas, sem aceitarmos qualquer possibilidade de mudança, e deixarmos que eles filtrem às novas informações as mudanças que acontecem no decorrer da vida”. James C. Hunte
8 comentários:
Ahe Marith. Pode ser candidato a vereador...
Brincadeira.
Tem muita coisa que deve ser lida e assimilada pelos poderes públicos nesse seu texto.
Não é "proibir" o asfaltamento, mas sim escolher melhor onde colocá-lo.
Não é podar as árvores o máximo para ficar sem podar o máximo de tempo.
Gostaria muito que as praças em Miracema fossem mais arborizadas - com as árvores corretas - e mais floridas - só tem grama, quando tem, flores são poucas, o que falta para tê-las?
No bairro Vale do Cedro tem uma praça muito bonita, mas a falta de árvores torna quase impossível um papo no final de tarde, uma brincadeira de criança. Sem dizer que o asfaltamento das ruas está certo ou errado, porque quando projetaram a tal praça não deixaram mais espaço para árvores. Depois querem criticar a impermeabilização da cidade???
Incoerente, não?!
E pra constar agora são 2536 árvores, na Rua Santo Antônio, atrás da Prefeitura, cortaram uma esses dias.
Parabéns pelo artigo.
Espero que como colega de Agenda 21 possamos mudar esse cenário.
Complementando o post anterior.
Os prédios públicos deveria ser exemplos de proteção ecológica mas não o são, pelo contrário, quantas e quantas barbaridades vemos por aí.
Lâmpadas acesas sem nescessidade, desperdício de papel, etc.
Além de anti-ecológico é anti-econômico, com simples medidas como apagar luzes desnecessárias gerariam uma grande economia aos cofres públicos e à Terra.
E por falar em praças, precisamos ficar atentos porque as arborizadas praças Salim Damian e Getúlio Vargas poderiam estar melhor... A Getúlio Vargas merece toda a atenção em virtude das intenções de reforma e construção de nova rodoviária.
A exemplo do CVT DA FAETEC q ocupará parte de nosso ótimo recinto de exposições, agora querem construir rodoviária nova num lugar inadequado.
Acabo de passar na Tijuca, bairro do RJ, interessante observar que todas as transversais ou boa parte delas, no trecho q passei são de paralelepípedos...
Sobre as árvores, o Hélcio relatou muito bem em seu blog que as árvores esse ano só receberam poda na Av.Dep Luiz Fernando Linhares. No resto ... não houve poda. E algumas foram mesmo decepadas, ao invés de podadas... vide as defrente ao fórum antigo.
Essa questão do asfaltamento é mesmo muito séria. O Governo do Estado antes de ter feito esse derrame de asfalto pelas cidades do interior, deveria ter analisado um pouco melhor a questão ambiental e ter procurado respeitar mais as acarcterísticas de cada cidade. Deviam realizar estudos e orientar melhor as prefeituras.
Quem é mais incoerente? O governo que plantou poucas árvores na Praça do Vale do Cedro ou o que permite ou permitiu que uma árvore, que pelo que parece, está inserida na área de proteção estadual, fosse cortada na rua Santo Antonio, como denunciou aqui nesse blog o Kvari?
Será mesmo que foram plantadas somente aquelas árvores no Vale do Cedro, ou será que um número igual ou superior foram arrancadas por vândalos ou morreram mesmo e não foram repostas como deveria?
Há bem pouco tempo, passamos a ter uma melhor visão do que é "Meio Ambiente e mesmo "qualidade de vida". Porém, se quisermos ter um mundo melhor, precisamos ser menos imediatistas, menos consumistas e, principalmente, mais cuidadosos com a natureza, esta imprescindível à sobrevivência do planeta. Sendo esta, verdade incontestável, temos que mudar hábitos e atitudes, naturalmente.
A propósito, no caso de construções que tenham relevante significado no Meio Ambiente e que estariam em curso no momento, entendemos que precisa haver uma prévia consulta com pessoa abalizada, como o Marith, por exemplo, antes mesmo de realizá-las.
Construções de significado estariam em andamento, como: o segundo cemitério da cidade, conjunto de casas populares, a implantação do novo sistema de tratamento do lixo e asfaltamento de ruas do município. Todos precisam de cuidados prévios e que são essenciais. Todos podem, se não forem feitos adotando-se os cuidados necessários, causar graves danos ao Meio Ambiente.
Pessoas como o Marith são aptas a serem consultadas sobre esses novos empreendimentos. Precisamos de especialista, que possa emitir pareceres técnicos, para esses casos. Normas técnicas e Leis próprias precisam ser seguidas à risca, a fim de se evitar, adiante, importantes "impactos ao meio ambiente".
Sendo o Marith integrante da Agenda 21 local (da qual tb faço parte), pediremos que ele nos aponte as diretrizes que devem ser tomadas nesse sentido e estas devem ser encaminhadas ao Poder Público, oportunamente.
E esperamos que esse possa dar a devida atenção às orientações que saiam desta Agenda 21, pois que é assunto da maior importância, com certeza.
Celeste A. S. Deziderio - integrante da Agenda 21 local e da Ong AMINATUR-Amigos da Natureza.
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