O Estadão divulgou no Twitter um link onde mostra que há 100 anos Dilermando de Assis foi absolvido pelo júri por ter matado em legítima defesa o escritor Euclides da Cunha, no dia 15 de agosto de 1909. Para quem não sabe, Dilermando era o amante da mulher de Euclides, este foi até a casa de Dilermando "para matar ou morrer" e acabou morrendo. A própria matéria diz que Dilermando era bom atirador.
Nos comentários, o professor de Ética e Filosofia da USP, professor Renato Janine Ribeiro, questionou o fato de usarem a palavra assassino para Dilermando, quando deveriam ter utilizado a palavra matador, visto que agiu em legítima defesa e é fato consumado. O jornal respondeu e citou um belíssimo artigo do professor, que foi utilizado pelos jornalistas para confeccionar a matéria em pauta.
Fui até o artigo, cujo título é "A insuportável liberdade do amor", citado no comentário, de autoria do professor Janine Ribeiro, quando me deparei com algo que merece a apreciação de nossos leitores. Vejam, publicado no Estadão em 21-nov-2009:
Não é a classe social, a formação cultural ou a abertura de espírito que capacitam alguém a lidar com o ser desejado
Renato Janine Ribeiro*
Euclides da Cunha foi um de nossos maiores intelectuais, por sua coragem de pensar. Quando soube da revolta de Canudos, atribuiu-a aos monarquistas. No sertão da Bahia, percebeu que estava errado. Sua coragem de rever o erro valoriza sua obra-prima, Os Sertões. Mas não teve essa grandeza em sua vida pessoal. Casou-se com a filha de um líder republicano. O casamento, porém, não foi feliz. Ele não deu à jovem Ana o amor que ela queria. Ela se envolveu com o tenente Dilermando de Assis. Sabe-se o final da história. Em agosto de 1909, Ana deixa o marido pela última vez. Euclides invade a casa de Dilermando, gritando que vem matar ou morrer. É morto. Dilermando é absolvido.Por que evocar essa história - que mostra como um grande intelectual foi tão infeliz em sua vida amorosa - quando o assunto da semana é o pai que se matou com o filho pequeno, ao não suportar o fim do casamento? Porque não é a classe social, a formação cultural ou a abertura de espírito para a ciência que capacitam alguém a lidar com o que é difícil no amor, em especial a rejeição.
LEIA O ARTIGO NA ÍNTEGRA NA PÁGINA DO ESTADÃO
Quem tiver interesse na história de Euclides da Cunha e sua mulher leia o livro, cuja capa ilustra essa postagem, intitulado "Ana de Assis - História de um Trágico Amor". Li esse livro quando tinha 16 anos e nunca me esqueci.
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