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sábado, 11 de junho de 2011

NA CORDA BAMBA


A luta dos bombeiros por melhores salários tem sido emblemática com relação às questões salariais, às diferenças sociais, ao elitismo gritante no nosso estado. Muitos afirmam que é uma luta política, concordo. Como não ser política quando se trata de uma categoria tão importante e significativa na vida das pessoas? O povo acredita pelo menos nessa categoria... É política no sentido 'lato' da palavra e também nobre.
Da mesma forma, os professores estão há anos reivindicando condições dignas de vida. Desde que me entendo por gente essa demanda existe, mas houve momentos em que os reclames se amenizaram com políticas de governo que priorizavam a educação, a exemplo do governo do saudoso Leonel Brizola. À época, ainda bastante jovem, mas filha de professora e aluna da escola pública, como sempre fui, lembro-me que até as merendas melhoraram. Isso não me esqueço jamais.
As mudanças ocorridas que mantiveram a escola secundária (hoje tem outro nome) sob a responsabilidade do governo estadual e a básica sob a responsabilidade dos governos municipais, parecem ter melhorado para alguns mestres que atuam nos municípios, mas não ocorreu o mesmo com os professores estaduais.
Segundo informações divulgadas no sítio da UPPES (União dos Professores Públicos do Estado Sindicato): "No mês de maio, o número de professores da rede estadual que se afastaram por exonerações à pedido superou o de aposentadorias". Segundo a presidenta do sindicato, essa informação não é surpreendente, "não é possível, em vista da complexidade do trabalho, um professor receber de piso R$ 610. Por mais vocacionado que seja, o professor precisa sobreviver com dignidade. Não é de hoje que falamos isso mas ainda não conseguimos sensibilizar os governantes.”
"Este ano, até o mês de maio 3.222 professores da rede estadual de educação deixaram as salas de aula; este número representa 1.315 professores a mais do que o mesmo período de 2010." O estado do Rio de Janeiro é o segundo estado do país em receita, imaginem os demais?
É por essas e outras, que quando ouço alguém dizer que os bombeiros, serve também para os professores, sabiam das condições de trabalho e deveriam mudar de profissão, sinto indigestão. Li outro dia um comentário desse e fiquei pasma. Isso mostra o quão elitista e o quão diferente socialmente é a sociedade fluminense.
Se hoje convivemos com cotas nas universidades, agora também em concursos públicos, é porque não temos educação básica digna e capaz de fazer valer os direitos sociais da população brasileira. Muito melhor seria investir nesse nível do que ficar distribuindo cotas. Estas para mim representam um 'cala boca', discriminatório, que demonstra a má vontade e a incapacidade dos governos de fazerem o feijão com arroz. E diante da conjuntura, melhor as cotas do que nada.
Como diz o senador Cristóvam Buarque, deveria haver uma lei que obrigasse os políticos a colocarem seus filhos nas escolas públicas, somente assim teríamos a educação como prioridade nesse país.
O sítio da UPPES também informa que foi apresentado documento reivindicando o piso emergencial de R$ 1.073 para o magistério público estadual, como forma de o governador Sérgio Cabral cumprir a promessa de recuperação salarial a partir de 1997, feitas ainda na campanha eleitoral, em seu primeiro mandato.
Com tudo isso, o sentimento que fica é o de que o nosso governador está na corda bamba. Será que ele está treinado para isso?

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