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terça-feira, 16 de junho de 2009

E POR FALAR EM "DIA DOS NAMORADOS...

A jovem que morreu de amor



Marcelo Salim de Martino



Em 1932, a miracemense Maria José Moreira, bela, saudável, na plenitude dos seus 23 anos, era noiva do também miracemense Milton Sodré. Sentiam um pelo outro uma profunda paixão, mas não haviam se casado ainda porque o rapaz, preocupado em oferecer-lhe uma vida melhor, procurava primeiro estabelecer-se financeiramente.

De repente, no mês de outubro daquele ano, o noivo teve uma súbita hemorragia e com este mal permaneceu por dezoito dias, vindo a falecer no dia 18 do mesmo mês. Do primeiro ao último dia, a moça permaneceu a seu lado com incansável zelo.

Acompanhando o enterro, várias pessoas carregavam braçadas de lírios brancos e Maria José balbuciou uma única frase – “Lá se vão as flores do meu casamento”. Pois lírios brancos eram justamente as flores por ela escolhidas para a ornamentação da Igreja em seu casamento.

A partir deste dia entrou em profunda depressão e pediu ao seu pai que lhe permitisse usar luto, pedido este que lhe foi carinhosamente atendido, tal era o sofrimento que lhe era visto no rosto. Após a missa de sétimo dia, a convite de parentes que queriam aliviar a sua angústia, foi levada para a Fazenda Saudade. No terceiro dia em que lá se encontrava não conseguiu mais nem mesmo levantar-se.

Sua dor era mais profunda a cada dia. Transferida para Miracema, foi formada uma junta médica para que se fizesse um diagnóstico da sua doença e o resultado foi chamado de “traumatismo moral”, o que hoje nós talvez chamaríamos de traumatismo psíquico.

Tudo foi feito, mas ela não suportou o sofrimento e faleceu no dia 05/11/1932, dezessete dias após a morte do noivo.

Este fato abalou a cidade que, comovida, chorou a morte da jovem que morreu de amor.

História triste para o “Dia dos Namorados”? Não. As histórias de amor que se perpetuam no tempo, a maioria não tem um final feliz. O que as transformam em eternas é a mensagem que elas nos deixam, é a lembrança do amor verdadeiro, do amor lealdade.

E numa época em que valores se destroem, em que o amor se mescla a outros sentimentos, queremos com esta história mostrar que o amor é força, é o único caminho capaz de preencher nossas mentes com emoções simples, talvez, mas sadias.

Vamos amar....

*Esta história nos foi contada pelas Srtas. Analita e Diná Moreira, já falecidas, irmãs de Maria José, a noiva de nossa história. Mais tarde, a família num gesto simbólico, montou um álbum fotográfico, tendo as imagens o rosto dos noivos já falecidos com roupas recortadas de revistas.

**Foi publicada na Coluna Página Cultural, de Marcelo Salim de Martino, do Jornal Página Um nº 1, Ano I, de 12 de junho de 1995, criado e dirigido por nosso saudoso e irreverente Marcelino de Alvim Tostes.


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