Às vezes nos indagamos sobre o porquê de estarmos aqui discutindo (questionando) isso ou aquilo. Creio que todos temos essa indagação, não é?
Há alguns dias tive acesso ao trecho final de um capítulo do livro "Economia e Desenvolvimento do Norte Fluminense - da cana-de-açúcar aos royalties do petróleo", o capítulo foi escrito pelo Professor Roberto Moraes, do IFF - Campos-RJ sobre o Orçamento de seu município e ao final do capítulo ele encerra dizendo:
"É necessário produzir um desenvolvimento que faça inclusão social e tenha ao mesmo tempo sustentabilidade ambiental. Urgente se faz a elaboração de um planejamento de longo prazo com participação consciente e cidadã para a reversão dos baixos indicadores sociais com políticas sustentáveis e não pontuais e populistas. O orçamento como instrumento técnico, porém concreto pode e deve ser o instrumento para os debates, as proposições e a garantia de sua operacionalização. É preciso ter clareza da cidade que se deseja, para que se possa começar a construí-la desde já.
"É necessário produzir um desenvolvimento que faça inclusão social e tenha ao mesmo tempo sustentabilidade ambiental. Urgente se faz a elaboração de um planejamento de longo prazo com participação consciente e cidadã para a reversão dos baixos indicadores sociais com políticas sustentáveis e não pontuais e populistas. O orçamento como instrumento técnico, porém concreto pode e deve ser o instrumento para os debates, as proposições e a garantia de sua operacionalização. É preciso ter clareza da cidade que se deseja, para que se possa começar a construí-la desde já.
È ainda possível e desejável que se pense a cidade na sua concretude, sem ilusões, mas com sonhos e desejos como fez o poeta concretista, maranhense Ferreira Gullar no fragmento “velocidades” do Poema Sujo escrito na década de 70 em seu exílio, com o qual fecha-se esse Boletim:
“ Mas na cidade havia
muita luz,
a vida
fazia rodar o século nas nuvens
sobre nossa varanda ...
... É impossível dizer
em quantas velocidades diferentes
se move uma cidade
a cada instante (sem falar nos mortos
que voam para trás)...
...ou mesmo uma casa
onde a velocidade da cozinha
não é igual à da sala (aparentemente imóvel
nos seus jarros e bibelôs de porcelana)
nem à do quintal
escancarado às ventanias da época
e que dizer das ruas
de tráfego intenso e da circulação do dinheiro
e das mercadorias
desigual segundo o bairro e a classe, e da
rotação do capital
mais lenta nos legumes
mais rápida no setor industrial, e
da rotação do sono
sob a pele,
do sonho
nos cabelos? ...
...O homem está na cidade
como uma coisa está em outra
e a cidade está no homem
que está em outra cidade
mas variados são os modos
como uma coisa
está em outra coisa:...
...
o homem, por exemplo, não está na cidade
como uma árvore está
em qualquer outra
nem como uma árvore
está em qualquer uma de suas folhas
(mesmo rolando longe dela)
O homem não está na cidade
como uma árvore está num livro
quando um vento ali a folheia
a cidade está no homem
mas não da mesma maneira
que um pássaro está numa árvore
não da mesma maneira que um pássaro
(a imagem dele)
está/va na água
e nem da mesma maneira
que o susto do pássaro
está no pássaro que eu escrevo
a cidade está no homem
quase como a árvore voa
no pássaro que a deixa
cada coisa está em outra
de sua própria maneira
e de maneira distinta
de como está em si mesma
a cidade não está no homem
do mesmo modo que em sua
quitandas praças e ruas.”
2 comentários:
O homem ainda tem muito que aprender, principalmente a acabar com a ganância e saber pensar coletivamente. Ainda fica a questão do respeito pelo planeta, dando importância a tudo que está ao nosso redor. Será que teremos um mundo justo de verdade? Abraços e parabéns pelo blog mais uma vez, André Alvim.
Oi André!
Puxa, vc disse tudo, hein?
Obrigada por mais essa participação.
Vamos seguindo, porque eu quero ouvir "A Web Rádio Morro Azul", POR UM MUNDO MELHOR!
Um beijão, André.
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