Miúdos de porco, vaca e aves. O tripeiro foi uma figura típica do espaço carioca do século XIX e de boa parte do XX. Circulava pela cidade com sua carrocinha, deixando um rastro de sangue que, com o tempo, tornou-se inaceitável — bem como as demais condições pouco higiênicas desse tipo de comércio. Em 1960, novas legislações fizeram com que as carroças se sofisticassem e fossem seladas. Mas não teve jeito: os tripeiros foram aos poucos deixando de existir.
O leiteiro e o padeiro dispensam apresentações. Mas o amolador de facas, por sua vez, tinha um traço singular no rol de ofícios oferecidos a domicílio: a música. Tornado instrumento improvisado, o atrito da faca na pedra de amolar, de modo ritmado, reproduzia hinos de clubes, modinhas e marchinhas, anunciando a passagem do amolador pela rua.
O lambe-lambe foi outra figura a integrar a paisagem carioca. Suas câmeras em formato de caixote, revestidas de couro ou madeira e com as laterais tornadas mostruário de fotos, permaneciam a postos em praças e bulevares, para registrar poses de família ou cenas de turistas em cartões-postais. O motivo de seu desaparecimento dos espaços públicos é evidente: foram solapados pela tecnologia. Até hoje, porém, alguns ofícios antigos perduram pelas ruas do Rio, ainda que de forma mais tímida, como é o caso dos empalhadores de cadeira e das kombis que circulam pelo subúrbio oferecendo produtos como ovos, pães e pamonha.
Fonte: Rio de Janeiro de Outrora
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