Quando Napoleão invadiu Portugal no final de 1807 - cumprindo ameaça feita várias vezes-, estava selando nosso destino. O jogo dúbio português chegava ao fim. O imperador francês exigia o cumprimento do bloqueio comercial à Inglaterra, o que não era fácil para os portugueses, devido à sua dependência comercial dos ingleses. A difícil decisão do então príncipe regente D. João de aceitar a escolta da marinha inglesa até o Brasil transformou a vida na colônia e revelou o grande estrategista que foi D. João VI. Enquanto caía a coroa espanhola e, em conseqüência, suas colônias americanas, a monarquia portuguesa mantinha-se de pé, e assim seria até a Proclamação da República em 1889. Mas não seria de graça. A Inglaterra, em pleno desenvolvimento de sua Revolução Industrial, necessitava de mercados para seus produtos e sua parte no acordo era o privilégio comercial, concretizado com a “Abertura dos Portos” em 1810 - em que a Inglaterra poderia comercializar diretamente com o Brasil, e com baixa tarifa alfandegária. Iniciava-se a influência inglesa no Brasil, que duraria até o século XX. O Brasil ainda foi elevado a Reino Unido em 1815, junto a Portugal e Algarves. Mas a mudança que alteraria nosso status em 1822 teve início com o movimento liberal das cortes portuguesas em 1820 - que idealizava uma monarquia constitucional, com poderes limitados-, que exigia a volta de D. João VI a Portugal, o que acabou acontecendo em 1821. Não satisfeita, as cortes passaram a exigir também a volta do príncipe regente do Brasil D. Pedro, ambicionando o retorno da condição existente antes da invasão napoleônica: o Brasil como colônia. O último ato antes da declaração de nossa independência foi o “Dia do Fico” em janeiro de 1822, em que D. Pedro resiste a pressão para voltar, o que provocaria a ira dos portugueses e a crise que levaria ao “Grito da Independência”. Esse ato marca o rompimento político-administrativo com Portugal e insere o novo país no concerto das nações. Mas há de se ressaltar que em momento algum se questionou a estrutura sócio-econômica então vigente.
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